Kia Sportage 1.6 CRDi 7DCT MHEV GT Line: Diesel na luta para reduzir emissões

No grande ‘jogo’ da luta contra as emissões, atendendo à proximidade das novas regras antipoluição da União Europeia, a Kia joga cartada forte com a adoção de sistemas eletrificados de 48 volts para o Sportage Diesel, sendo também alvo de um facelift bastante ligeiro.

Os arautos da desgraça apressaram-se a clamar a morte dos motores Diesel, com algumas marcas a reforçarem essa ideia, mas outros construtores preferem manter a sua confiança em tecnologia que, ao fim e ao cabo, pode ser importante no cumprimento das metas de emissões de CO2 bastante restritas que serão impostas na União Europeia já a 1 de janeiro de 2020 (média da gama de 95 g/km de CO2 por fabricante).

Lançada em 2015, a atual geração do Sportage revelou-se um grande sucesso, graças a desenho muito bem conseguido e acertada combinação de espaço e versatilidade que tem sido comuns aos novos modelos da Kia nos últimos anos. Um progresso evidente que as vendas também têm confirmado.

Em grande destaque está, pois, o motor turbodiesel 1.6 CRDi de 136 CV de potência e 320 Nm de binário, que se associa a um pequeno motor/gerador elétrico MHSG (Mild-Hybrid Starter Generator) que substitui o alternador convencional numa missão de poupança que ronda os 15% nas emissões e os 4% nos consumos. Mas é um sistema que não transforma fundamentalmente as prestações do Sportage, que se mantém muito rápido a reagir desde baixos regimes, proporcionando por isso condução muito despachada, associando-se a caixa automática de sete velocidades que faz bom aproveitamento do binário disponível, não obstante alguma indecisão ocasional.

Competente na aceleração e nas respostas, acaba por ser mais interessante de explorar em regimes baixos e médios, apontando por isso a ritmos mais suaves. O motor 1.6 Diesel faz-se ouvir sobretudo a frio, mesmo que não seja intrusivo.

Em termos de eficiência, o motor elétrico permite que o motor de combustão se desligue a velocidades inferiores a 30 km/h, o que é importante na redução dos consumos em situações de engarrafamentos. Porém, embora a marca lhe conceda o nome ‘híbrido’, o MHSG apenas permite auxiliar o motor 1.6 turbodiesel nas fases de arranque ou retomas, não havendo espaço a movimentação unicamente em modo elétrico. Um dos efeitos notórios na condução sente-se nas fases de desaceleração, havendo redução efetiva da velocidade por efeito da regeneração de energia para a bateria de 0.44 kWh, que está situada sob o piso da bagageira. Doutra forma, quase passaria despercebido.

Mas outro dos seus proveitos está nos consumos: face à média homologada de 5,8 l/100 km, o Sportage facilmente centra o seu consumo na casa dos seis litros, como no nosso ensaio, que terminou com 6,6 l/100 km.

O comportamento do Sportage também aponta para uma condução mais relaxada, com um amortecimento orientado para o conforto, ainda que proporcione boas competências dinâmicas em tiradas mais rápidas. A direção peca por não ser comunicativa, oferecendo um tato mais artificial.

Visual melhorado

A marca aproveitou ainda para atualizar o desenho do Sportage. Conta agora com novas óticas Full LED, novos para-choques, nova grelha dianteira e opções de jantes de 17 ou 19 polegadas, entre outros detalhes. As versões de topo, GT Line, como a ensaiada, recebem ainda acabamentos exteriores exclusivos que reforçam toda a estética desportiva, como por exemplo as luzes DRL tipo ‘Ice Cube’, agora integradas nos grupos óticos.

No interior, a Kia dedicou o seu esforço para tornar este modelo mais desportivo, com um novo sistema de infoentretenimento com ecrã de 8.0 polegadas “frameless”. Com um ambiente sóbrio a bordo, está bem construído e recorre a materiais mistos, com revestimento macio ao toque na parte superior e plástico rijo na zona inferior.

Com boa lista de equipamento, o preço de 36.240€ pode ser outro aliciante nesta configuração GT Line, estando já incluído o desconto da marca no valor de 4750€.

VEREDICTO

O Sportage está mais atual e reforça a sua componente tecnológica e ecológica, graças à adição de um pequeno módulo elétrico para a mecânica Diesel, que é usualmente a combinação na qual se torna mais complicado observar grandes ganhos – atendendo ao facto de o Diesel ser já uma solução frugal. Porém, na grande luta contra as emissões, qualquer ajuda é bem-vinda e o motor é espevitado q.b. na sua utilização quotidiana, mesmo que a atuação do ‘mild-hybrid’ não seja muito evidente. O Sportage oferece bons desempenhos, sem entusiasmar, e aptidões familiares bastante adequadas, disponibilizando-se como um automóvel bastante completo num mercado que está cada vez mais repleto de opções do género e no qual nem sempre é fácil ganhar destaque.