Mazda CX-3 1.8 SKYACTIV-D: o Diesel ainda é o que era

10/03/2019

Fomos testar o Mazda CX-3 1.8 SKYACTIV-D, uma das duas novas motorizações disponibilizadas no início do ano. Está tudo igual… só que melhor.

Começo por uma confissão, para deixar tudo em pratos limpos: não conhecia o Mazda CX-3. Sei que foi lançado em 2015 – sei agora, porque li o comunicado oficial – e que se transformou desde logo numa espécie de bestseller da marca, tendo representado quase 50 por cento das vendas do construtor durante um alargado período, mas não o conhecia, repito. Inadmissível, dirão alguns. Concordo em absoluto. Um jornalista é suposto saber ou fingir que sabe tudo, mas como não sou um jornalista especializado em automóveis – agora não – posso dar-me ao luxo de passar ao lado da febre das novidades, como aqueles adeptos de futebol que vão perdendo a capacidade e, sobretudo, a paciência para reconhecer todos os jogadores da sua própria equipa.

O leitor, sempre atento, por certo que há muito conhecia e admirava o CX-3, tal como as novidades que a marca apresentou no início de 2019, quer em termos de design, quer em termos de motorizações – um 2.0 litros a gasolina com 121 cv e o 1.8 SKYACTIV-D, com 115 cavalos. Mas primeiro o design. Aqueles que gostam ou esperariam mudanças drásticas terão ficado desiludidos. É uma espécie «evolução da continuidade», expressão tantas vezes utilizada pelos especialistas da velha guarda. A grelha dianteira foi atualizada, há combinações LED nas óticas traseiras, novas jantes de liga leve de alumínio e, novidade das novidades, a cor Soul Red Crystal, exclusiva da marca. Uma opção que, admita-se, conquista de imediato. Já os vidros escurecidos emprestam um ar algo tunning – heresia, heresia –, mas isso é uma questão de gosto, já se sabe.

A bordo também foram feitos retoques cirúrgicos, “em linha com filosofia estética japonesa que cria a beleza através da eliminação de tudo o que é excessivo. A consola central desenhada com travão de estacionamento eletrónico e espaço de arrumação multiusos no apoio de braços central, melhora o conforto e reduz o cansaço”. Tudo feito, garante a marca, de forma a possibilitar uma evolução significativa da performance de condução na perspetiva da total otimização do veículo centrada no ser humano, adotando os mais recentes desenvolvimentos na nova geração da Arquitectura-SKYACTIV da Mazda.

Conversa fiada? Não inventei nada, retirei do press-realease. Porquê? Porque é verdade. Assim que nos sentamos percebe-se que o ambiente a bordo e, sobretudo, o prazer de condução, é mesmo uma das mais valias do ‘novo’ CX-3. Algo que se confirma na hora de acelerar, afinal debaixo do capot estão 115 cavalos, reais, bem alimentados, capaz de emprestar um dinamismo surpreendente desde regimes inferiores, não estivesse o binário máximo disponível às 1.600 rpm. Um veículo dinâmico, confortável, que empresta uma confiança que nem sempre se tem neste típico de veículos. Adorna pouco, não tem tendência sobreviradora, reage bem a diversos pisos e tem boa insonorização. Uma condução envolvente, orgânica, em grande parte resultado de “uma nova afinação do sistema de suspensão, pneus de nova geração e a utilização de uretano com maiores propriedades de amortecimento na construção dos bancos dianteiros”. Comportamento que se mantém quase irrepreensível seja em autoestrada, seja em estradas mais sinuosas – e foram muitos os quilómetros percorridos, mais de 800. Os consumos são equilibrados, desde que não se tenha o pé pesado – mea culpa, mea culpa.

Não há defeitos? Terá, certamente, e talvez uma opinião (mais) especializada possa encontrá-los, mas desta feita sobrepôs-se o encanto de descobrir um novo modelo. A ignorância, às vezes – só às vezes – pode ser um bom combustível.

Preços e gama

Em Portugal a gama Mazda CX-3 2019 compõe-se dos habituais níveis de equipamento Evolve e Excellence, com características e conteúdos distintos, onde novidade é a edição especial Advance. Dependendo das versões, o modelo pode ver-se complementado por um sistema de tração integral –iAWD e caixa automática SKYACTIV-Drive, em conjunto ou separadamente. Os preços iniciam-se nos 27.032 euros para as variantes com motor SKYACTIV-D 1.8 e nos 29.358 euros para as unidades equipadas com o bloco SKYACTIV-G 2.0 – versões sem pintura metalizada.

Nota: Por sorte e acaso, levantei e ensaiei outro modelo da marca logo de seguida – Mazda6 2.0 SKYACTIV-G 145 cv. Mais cavalos, mas menos encanto. Porquê? Fica para depois.

Ficha técnica
Motor: SKYACTIV-D 1.8 / 4 cilindros em linha / 1.759 cm3
Potência máxima (cv/rpm): 115/4.000
Binário máximo (Nm/rpm): 270/1.600-2.600
Transmissão:Tração dianteira; Caixa manual de 6 velocidades; Suspensão (fr./tr.): Independente, McPherson; Barra de torsão;
Dimensões: Comprimento/Largura/Altura (mm): 4.275/1.765/1.535; Distância entre eixos (mm): 2.570; Peso (kg): 1.243; Capacidade da bagageira (l): 350; Depósito de combustível (l): 48; Pneus (fr./tr.): 215/50 R18
Performance: Aceleração de 0-100 km/h (s) 9,9; velocidade máxima (km/h) 184; Consumo: Urbano/Extraurbano/Combinado (l/100 km): 5,2/4,4/5,2; Emissões de CO2 (g/km) 157;
PREÇO – versão ensaiada: 28.039 euros

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