Mercedes E All Terrain: Por bons caminhos

11/12/2017

A Mercedes não para de surpreender, atrevendo-se em terrenos que nunca antes pisara. Agora aventura-se num domínio onde a concorrência já há muito dá cartas – as carrinhas all road, um nicho entre as berlinas e os SUV – com a nova classe E All Terrain, que o Motor24 ensaiou na sua versão 220d. E o mínimo que se pode dizer é que a estrelinha continua a brilhar para a marca alemã.

Sendo certo que poucos serão os clientes a meter esta bela carrinha (denominada E 220 d 4MATIC All-Terrain) por caminhos pouco recomendáveis, a verdade é que ela está dotada de um modo de condução apropriadamente denominado… All Terrain (ativo ate aos 35 km/h), que eleva a altura ao solo até aos 15,6 cm e otimiza o controlo de tração. Dá para estradões em relativo bom estado ou terrenos moderadamente enlameados.
Esteticamente, esta E distingue-se bem das suas irmãs menos aventureiras. Primeiro pela altura ao solo, depois pelos alargamentos em plástico negro dos guarda-lamas e pelas proteções à frente e atrás. Gostos não se discutem mas nós gostamos, embora a cor azul da nossa unidade não nos pareça ser a mais apelativa.

Mecânica eficaz
O motor, de dois litros de cilindrada e 190 cv, com um binário de 400 Nm entre as 1600 e as 2800 rpm, não tem o mínimo problema em lidar com os 1 900 quilos da All Terrain, bem auxiliado pela caixa automática 9 G-Tronic, cuja suavidade e perfeito escalonamento não nos cansamos de elogiar. E o acréscimo de peso em relação às versões normais de tração traseira (cerca de 200 quilos) praticamente não se nota ao volante
A haver criticas à motorização, elas dizem respeito à insonorização quando aceleramos, quando o motor Diesel se torna mais audível. Mas tudo entra na ordem quando rolamos em velocidade de cruzeiro, que é quando melhor se aprecia esta grande (4,95 metros de comprimento) carrinha, e do capot pouco mais sai que um murmúrio.
Poderá haver quem critique o temperamento mais “pacato” deste novo motor da Mercedes, que veio substituir o anterior 2.1, mas a verdade é que a marca disponibiliza mecânicas mais potentes a gasolina para quem gosta de ser o pai de família/piloto. Dito isto, também gostamos (e muito!) de motores apimentados, mas este 2.0 não desilude na All-Terrain.
Aliás, nem dos consumos nos podemos queixar, pois a All-Terrain consegue rodar – no modo Efficient – com médias no computador de bordo a rondar os 5,6 l/100km em autoestrada. Na cidade podemos somar mais dois litros, um valor nada escandaloso para o muito que esta carrinha oferece.

Serenidade
Também não espanta o conforto, que continua sublime, seja pelo chassis, pelas suspensões AirMatic de série, pelas dimensões das jantes (de 19 ou 20 polegadas) ou pelos bancos.
O comportamento não coloca desafio algum ao condutor. Nota-se o acréscimo de peso, mas se já a E “normal” não era um exemplo de agilidade, mas antes de segurança, não havia motivo para a All-Terrain ser diferente.
Apesar de avessos aos adjetivos, que os fabricantes não param de nos surpreender na busca da perfeição e a concorrência não “dorme”, não conseguimos ficar indiferentes à qualidade dos materiais utilizados na All-Terrain do ensaio, com aplicações de madeira ajustadas ao milímetro e a consola central em piano lacado preto.
Um interior luxuoso, onde se destaca o painel de bordo, com dois enormes monitores, que mais parecem um só. Em frente ao condutor surgem as informações normais, ao lado o monitor do infoentretenimento.
A bordo viaja-se bem a quatro, mas o quinto passageiro, além de dispor de um banco menos espaçoso, ainda vai ter de haver-se com o grande túnel de transmissão.
A bagageira, com 640 litros de capacidade (podendo chegar aos 1820 litros com os bancos rebatidos) tem formas bastante regulares, permitindo aproveitar bem o espaço.
A unidade ensaiada, cedida pela Soc. Comercial C. Santos, somava 4 430 euros em extras (“pouco” quando falamos de uma marca premium) o que totalizava 76.540 euros, dos quais 23.110 revertem integralmente para os cofres do Estado.

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