Prossegue a toque de caixa a renovação da gama de automóveis compactos da Mercedes-Benz, que continua a ser de fundamental importância para o crescimento das vendas da marca alemã nos últimos anos. Começou com o novo Classe A, passou para o até aqui inédito A Limousine e estende-se agora com a nova geração do CLA Coupé (ainda falta chegar a variante shooting brake e os ‘fogosos’ AMG 35 e 45). Foi precisamente essa berlina estilizada que tivemos à disposição para ensaio, brandindo a filosofia de estilo mais recente da Mercedes-Benz.
É comum ouvirmos as marcas falarem sobre os seus conceitos e filosofias estéticas que alicerçam todos os novos produtos vnidouros. No caso da Mercedes-Benz, a reunião da equipa de design que definiu o termo a aplicar para a nova linha estética da marca deve ter sido interessante, já que a expressão final para definir a imagem dos novos carros da marca foi ‘Sensual Purity’, qualquer coisa que pode ser traduzida à letra como ‘Pureza Sensual’. Mas, se não sabemos como se chegou a esse resultado, sabemos, por outro lado, que a marca acertou em cheio com a imagem dos seus mais recentes veículos e um dos melhores exemplos – talvez o melhor, arriscamos mesmo – é o CLA Coupé de nova geração.
Maior em todos os sentidos, o CLA Coupé não deve ser confundido com o A Limousine, modelo que assume um perfil mais convencional no que a berlinas diz respeito, uma vez que o CLA Coupé diferencia-se pelo facto de ter uma imagem aerodinâmica mais cuidada, com muito do seu trabalho de design a ser levado a cabo com o intuito de torná-lo mais eficaz nesse capítulo. Além disso, reflete uma imagem coupé ‘ficcionada’, já que mantém a carroçaria de quatro portas – vidros sem moldura – para uma ilusão desportiva que dá uma aparência robusta e muito feliz num modelo que pretende não só parecer, mas também ser mais dinâmico do que os demais A e A Limousine.
Na dianteira, o destaque vai para a forma afilada como o capot se encontra com a grelha, com os faróis estilizados a ladeá-la numa aparência ao jeito de tubarão, enquanto a linha de tejadilho curva e curta, em conformidade com a secção traseira suave e de linhas muito aerodinâmicas, fornecem uma imagem desportiva.
A distância entre eixos é de 2729 mm, permitindo melhorar a habitabilidade, sobretudo no espaço para as pernas atrás, mas sem que seja impressionante, até porque a linha de tejadilho baixa não é convidativa para adultos muito altos. Mas, no demais, uma proposta muito aceitável, que permite ter equilíbrio entre funcionalidade e estilo, sendo que, quem quiser um pouco de espaço poderá recorrer ao Limousine, mais convencional. Por outro lado, a bagageira perdeu 10 litros face ao modelo de geração anterior, para 460 litros, ainda assim um volume muito positivo.
Nota, ainda, para todo o conceito de qualidade a bordo, além de construção sem falhas, com integração muito bem feita entre todos os painéis do habitáculo. Permanece, ainda assim, alguma falta de luminosidade interior, fruto da linha de cintura muito elevada.
A nível do chassis, este CLA também aposta numa postura mais desportiva, com a inclusão de uma suspensão conforto rebaixada em 15 mm que oferece maior firmeza a custo de algum conforto, mas que permite obter um maior controlo da carroçaria em curva. A suspensão traseira multi-link e o aumento das vias à frente (63 mm) e atrás (55 mm) também são pontos de destaque. A suspensão conta com amortecedores e molas específicas, assim como barras estabilizadoras também únicas para este modelo, diferenciando-se dos Classe A compacto e berlina.
Na prática, o CLA Coupé traduz uma vontade de ser mais dinâmico em percursos sinuosos, brandindo então uma postura mais arrojada que permite ao condutor curvar de forma confiante e, ao mesmo tempo, com uma enorme sensação de agilidade. O facto de a direção oferecer maior precisão dá ao condutor uma sensação de controlo e eficácia mais apurada do que sucede no Classe A compacto, com o chassis a ser preciosa ajuda em toadas mais aguerridas. As ligeiras mudanças nas vias trataram de apurar o seu comportamento, tirando partido também de maior rigidez estrutural. Com suspensão independente de série, o eixo traseiro segue, cumpridor, o rumo delineado pelas rodas da frente, o que se traduz em condução muito satisfatória quando é preciso acelerar o ritmo em estradas com curva e contracurvas.
O amortecimento é notoriamente mais firme – seco por vezes nalguns tipos de piso estragado – mas não prejudica em demasia o conforto, o que resulta interessante até porque a unidade equipada montava jantes de 19 polegadas. Obviamente, uma escolha pela nova suspensão conforto ou pneus de menor diâmetro irão ajudar a ganhar conforto, mas nesta configuração já nos pareceu bastante sólido em termos gerais. Os travões, com discos ventilados e perfurados, cortesia do pack AMG, permitem eficácia de travagem potente e, também, resistente à fadiga.
Gasolina ao poder
A gama do CLA tem nas versões a gasolina uma renovada confiança, tirando partido do novo motor 1.3 de 163 CV para a variante CLA 200 aliada à caixa de dupla embraiagem com sete velocidades (7G-DCT). Uma combinação que exibe intensidade muito satisfatória numa ampla variedade de situações de condução, começando desde logo pelo isolamento acústico bem conseguido do habitáculo e pela suavidade com que o motor funciona, praticamente sem vibrações. Um elogio que se estende, aliás, a todos os modelos onde estes motores de nova geração são usados.
Com os 163 CV de potência, o CLA 200 mostra apetências desportivas quando a isso é instigado, com energia e subidas de regimes plenas de intensidade até um patamar em redor das 4500 rpm. Aliás, este é um motor que tem na elasticidade uma ‘arma’, também graças aos 250 Nm de binário presentes logo em redor das 1620 rpm e que são bem geridos (mesmo que com algumas hesitações bastante raras) pela já referida caixa de dupla embraiagem com patilhas atrás do volante para comando sequencial.
O facto de ser um motor ‘cheio’ tanto em baixos como em altos regimes faz dele um cúmplice para toadas mais desportivas, mas jogando com o comando Dynamic Select é possível economizar com o modo ECO e potencial de ‘roda livre’, ou seja, com motor e caixa desacoplados. Isso ajuda a explicar os 6,6 l/100 km de média obtida no nosso ensaio, não muito distante dos 5,3 l/100 km anunciados em ciclo misto WLTP.
Seja como for, o modo Comfort (por defeito) é já bem adequado para um misto de condução desportiva com eficiente. Entre os pequenos defeitos, nota para aquele que, no afã das manobras, nem sempre permite engrenar a marcha-atrás com prontidão devido ao já usual esquema de seleção de transmissão na haste do lado direito atrás do volante.
No lado do equipamento, o CLA Coupé vai ‘à guerra’ com alguns dos melhores argumentos da sua classe, nomeadamente o sistema MBUX de infoentretenimento, que combina dois ecrãs de 10.25″ para um aspeto ‘widescreen’ da instrumentação e ecrã central (tátil), que recorre à mais recente arquitetura tecnológica com ativação por voz, além de acerto pelo comando rotativo central entre os dois bancos. De resto, ecrãs amplamente personalizáveis, cor ambiente e bancos desportivos são itens também muito apreciados.
Preços e gama
O preço para a versão de entrada no universo CLA a gasolina é de 40.259€ (38.000€ na versão com caixa manual), sendo de notar que a lista de opcionais acresce valor ao carro e à fatura final. De série, conta com cruise control, direção assistida paramétrica, MBUX com ecrãs de 7″, câmara de marcha atrás e o Dynamic Select, entre outros sistemas.
É fazer as contas…
VEREDICTO
Um dos pontos fortes deste novo CLA é o modo ágil e mais dinâmico com que se entrega ao condutor, sendo efetivamente distinto do Classe A na sua abordagem. Mesmo que os pontos de contacto sejam muitos e evidentes, o CLA Coupé é realmente dirigido àqueles que depositam na vertente da condução um papel mais importante no processo de escolha, preenchendo com eficácia os pressupostos com que foi concebido.
O motor tem um funcionamento suave e já permite prestações condizentes com o aspeto mais desportivo do CLA, mesmo que não o transforme num ‘puro-sangue’ de elevadas prestações. Porém, é na composição global dos fatores que reside a sua força, sendo preciso a curvar, confortável q.b. (ainda que as jantes sejam penalizadoras) e também funcional.
| Características | Mercedes-Benz CLA 200 Auto |
|---|---|
| Motor | Gasolina, 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo, intercooler, 1332 cc |
| Potência | 163 CV às 5500 rpm |
| Binário | 250 Nm às 1620 rpm |
| Transmissão | Dianteira, caixa automática de sete velocidades com modo sequencial |
| 0-100 km/h | 8,2 s |
| Velocidade máxima | 229 km/h |
| Consumo anunciado (medido) | 5,3 l/100 km (6,6 l/100 km) |
| Emissões CO2 | 135 g/km |
| Comp./Larg./Alt./Entre eixos | 4688 mm/1830 mm/1439 mm/2729 mm |
| Peso | 1400 kg |
| Suspensão (Fr/Tr) | Independente McPherson/independente |
| Mala | 460 litros |
| Pneus | 205/60 R16 (ensaiado: 225/40 R19) |
| Preço (ensaiado) | Preço: 40.259€ (51.886€) |
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