Duas maneiras distintas de observar a sigla GLC: de um lado, a vertente mais económica e eficiente na forma do GLC 350e 4Matic; do outro, o extremista AMG GLC 43 Coupé 4Matic. Em ambos os casos, estão garantidas ótimas respostas e requinte ‘Premium’, indo ao encontro de dois tipos de condutores distintos: os poupados e os ‘despachados’. Bruno Mateus representa os primeiros e Pedro Junceiro os segundos nesta prova peculiar.

Não falamos de escolhas Diesel de propósito. Preferimos ir aos dois extremos dos motores Mercedes a gasolina: um híbrido plug-in e um mais excitante AMG. Começamos pelo GLC 350e 4Matic, que causa logo boa impressão assim que o pomos a rodar na estrada, com a bateria totalmente carregada.

Neste primeiro percurso de 20 km – de Sintra às portas de Lisboa via IC19 –, nem sequer ouvimos o motor 2.0 a gasolina com 211 CV a trabalhar (ainda que este também seja silencioso). Foi um percurso que aproveitou a 100% o motor elétrico de 116 CV. É boa esta sensação de poupança. Acontece que para fazer o percurso de regresso, seria preciso carregar a bateria deste SUV compacto, que tem autonomia para 34 km e pode chegar aos 135 km/h de velocidade máxima.

Se mudarmos de cenário e mergulharmos no trânsito da capital, este híbrido confirma a sua vocação poupada e revela-se fácil de conduzir, bastante ágil em qualquer manobra e confortável graças à suspensão pneumática Air Body Control. É especialmente para quem passa a maior parte do tempo nestes percursos que o GLC 350e 4Matic, com 292 CV de potência combinada, se torna uma opção mais apetecível do que as versões Diesel – ainda que quase 2500 euros mais cara.

Este SUV com transmissão integral permanente e caixa automática de 7 velocidades acelera dos 0 aos 100 km/h em apenas 5,9 segundos e atinge os 235 km/h de velocidade máxima. Responde bem à aceleração, mas claro que os consumos sobem quando se pisa o acelerador com mais força – rondando uma média de 6 litros/100 km neste ensaio. A ideia é, lá está, usar o motor elétrico ao máximo e carregar bastantes vezes a bateria se quisermos fazer consumos de 2,7 litros/100 km como anuncia a marca. Para facilitar, o condutor tem acesso a gráficos que mostram o funcionamento de ambos os motores em tempo real – que, de resto, é habitual em carros híbridos.

Por dentro, este é um carro requintado, com acabamentos Premium e uma posição de condução elevada que combina com passeios fora de estrada, para aproveitar a tração às quatro rodas. O facto de ser um híbrido não prejudica o espaço interior, onde cabem cinco ocupantes com todo o conforto, mas nota-se na bagageira, com capacidade para 395 litros.

O lado bruto

Porém, se do híbrido estamos falados, há outra variante, mais extrema. Estando os SUV na moda, não é de estranhar que as marcas comecem também a lançar vertentes desportivas neste formato que, à partida, parece tão pouco adaptável a quem gosta de andar depressa. Contudo, apercebendo-se do autêntico filão de sucesso que esta junção pode proporcionar, a Mercedes-AMG (braço desportivo da marca alemã) aplicou o seu ‘tratamento’ ao GLC Coupé para aquela que é uma interpretação mais radical.

Num bom equilíbrio entre discrição e exuberância, o design deste GLC Coupé AMG 43 coloca em destaque os pontos fortes deste SUV, nomeadamente, a imponência no asfalto que é sublimada pelas jantes de 21 polegadas e pela silhueta muito fluida. Mas é ao volante que se revela o seu carácter mais impulsivo, graças ao motor V6 de 3.0 litros com 367 CV de potência e 520 Nm de binário, que lhe permite acelerar dos 0 aos 100 km/h em balísticos 4,9 segundos, mostrando veia de ‘sprinter’ com fôlego inesgotável e vozeirão bem audível.

Embora tenha tração integral 4Matic, a preferência na entrega da potência é dada ao eixo traseiro (55/45) para comportamento mais excitante, o que alcança graças à conjunção da suspensão adaptativa (Air Body Control), direção super-precisa e caixa de nove velocidades de atuação sem mácula, tanto em andamento rápido, como em rondas ‘domingueiras’.

Com modos de condução que ‘mexem’ com diversos aspetos – desde a resposta do motor e da caixa ao amortecimento –, este AMG GLC Coupé está à vontade essencialmente no asfalto, já que as jantes de grandes dimensões e a menor altura ao solo não aconselham a aventuras tradicionalmente associadas aos SUV (cada vez menos…). Mas lá que entusiasma… E pode fazê-lo com a família, já que tem espaço para cinco ocupantes, mesmo que atrás a largura aconselhe apenas dois adultos.

Mas há uma contrapartida para toda essa ‘fome’ de velocidade, que surge na forma dos consumos (8,4 l/100 km oficialmente, 12,3 l/100 km no teste): o pé pesado leva-nos mais vezes à bomba de combustível, mas não é algo que esteja presente na nossa mente quando pressionamos o acelerador. Para isso, temos o GLC 350e.

Por fim, o preço: a marca propõe este modelo a partir dos 87.550 euros, a que se juntam os extras, que facilmente colocam a fasquia acima dos 100.000 euros. Já o mais ecológico GLC 350 e 4Matic tem um custo (base) de 59.990 euros.

Bruno Contreiras Mateus e Pedro Junceiro

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