Nissan Qashqai 1.3 DIG-T Tekna: o motor da transição

16/04/2019

Numa altura em que se verifica um progressivo abandono das motorizações Diesel – sobretudo nos modelos mais acessíveis –, também o campeão de vendas Qashqai reforça a sua posição com uma nova motorização a gasolina.

Seja por histeria geopolítica contra o Diesel ou por influência de lobbies, seja por custos inerentes à produção/adaptação às normas de emissões ou porque as pessoas finalmente aprenderam a fazer conta à utilização do seu automóvel, a verdade é que as vendas de veículos a gasolina estão em clara retoma face ao cenário que imperou, na Europa e em Portugal, nos últimos 20 anos. O quadro fiscal tem naturalmente o seu peso neste cenário – apertando o cerco ao gasóleo e beneficiando cada vez mais as propostas gasolina/híbridos –, a que se junta a irrefutável evolução que os motores a gasolina têm verificado nos últimos cinco anos.

Para esta fase de transição – em que os Diesel ainda marcam presença nos segmentos mais baixos –, a Nissan reforça a oferta Qashqai com uma competente motorização a gasolina de última geração. Trata-se do novo bloco de 1332 cm3, turbo, de quatro cilindros, desenvolvido em conjunto pela Aliança (Renault-Nissan-Mitsubishi) e a Daimler, e que irá animar diversos modelos destes quatro construtores. Mas será que, numa altura em que as unidades Diesel ainda não foram totalmente votadas ao ostracismo, esta é a solução para o SUV nipónico manter o domínio que tem registado nos mercados europeu e português?

Tecnicamente avançado

Esta nova unidade vem tomar o lugar, simultaneamente, do 1.2 e 1.6, que debitavam, respetivamente, 115 e 163 CV. Na sua versão menos potente, o 1.3 DIG-T chega aos 140 CV, tendo também um segundo patamar com 160 CV, que além da caixa manual de 6 velocidades pode ainda receber uma nova de dupla embraiagem (DCT) de 7 velocidades. Entre as tecnologias que integra, a marca nipónica destaca o revestimento especial das paredes dos cilindros para redução do atrito e otimização do calor, a elevada pressão de injeção direta de gasolina e a distribuição variável (admissão e escape), tornando a resposta mais vigorosa desde os regimes mais baixos e simultaneamente mais linear. Como resultado, este quatro cilindros traz a promessa de consumos controlados, e beneficia ainda da adoção de um filtro de partículas (FAP) de última geração para um mais eficaz controlo das emissões poluentes.

Na versão de 160 CV com caixa manual, este Qashqai 1.3 DIG-T surpreende pelo prazer que proporciona, seja numa mera utilização citadina ou tenhamos nós pressa de chegar mais cedo. Apesar de ‘despertar’ melhor a partir das 1500 rpm, a energia que demonstra na zona baixa do conta-rotações propicia boas médias, permitindo para isso rolar em mudanças mais altas. O adequado escalonamento da caixa permite explorar bem a zona de trabalho preferencial deste DIG-T, que se situa entre as 2000 e as 3500 rpm, graças a uma curva plana de binário máximo neste intervalo de regimes.

Acima das 3500 rpm o vigor demonstrado até dá ao Qashqai um ar espevitado, não se ressentindo demasiado quando são quatro os ocupantes, o que confirma a sua vocação claramente familiar.

No entanto, e apesar da vitalidade quando solicitado em carga total, foi a linearidade de resposta que mais nos cativou nesta motorização. Como é natural, os consumos ressentem-se com as utilizações abusivas, e não é difícil atingir registos na ordem dos 10 litros com pé pesado. Mas com uma postura mais recatada e típica do consumidor-alvo deste modelo, médias na casa dos 7,5 litros são uma expectativa real face aos 5,7 l/100 km declarados.

Se há clara vantagem na substituição deste 1.3 DIG-T sobre os seus antecessores – mais potência e binário, melhores consumos, maior eficiência e menores custos de utilização –, o que dizer sobre ser esta a única opção quando a Nissan deixar de oferecer motorizações Diesel no Qashqai? Bem, ficarão a perder apenas aqueles que que necessitam de fazer muitos quilómetros anuais…

FICHA TÉCNICA

Motor: Gasolina, quatro cilindros, injeção direta, turbo
Cilindrada: 1332 cm3
Potência: 160 CV/5500 rpm
Binário máximo: 260 N.m/2000-3500 rpm
Tração: Dianteira
Caixa: Manual, de 6 velocidades
Aceleração (0-100 km/h): 8,9 segundos
Velocidade máxima: 200 km/h
Consumo médio: 5,7 l/100 km
Emissões de CO2: 130 g/km
Peso: 1510 kg
Preço base da versão Tekna: 32.800€

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