Novo Opel Insignia: Posso entrar no clube Premium?

10/08/2017

Pouco tempo depois de ser comprada pelo Grupo PSA (Peugeot-Citroen), liderado pelo português Carlos Tavares, a Opel lançou aquele que é provavelmente o seu melhor automóvel dos últimos anos — o novo Opel Insignia.

Os últimos anos da indústria automóvel têm sido marcados por algumas tendências que mudaram o quadro geoestratégico e a correlação de forças entre as marcas de automóveis. Uma delas é o facto de alguns dos principais construtores europeus terem feito um esforço para crescer para outros territórios de caça, longe da sua zona de conforto.

As marcas ditas Premium, sobretudo as alemãs, começaram a estender as suas “garras” para o terreno das marcas ditas generalistas, oferecendo produtos mais acessíveis com motores mais pequenos e económicos a que se juntou o apelo do logótipo, enquanto as marcas generalistas estenderam a sua ambição e a sua gama de produtos a territórios que eram feudo absoluto das marcas ditas Premium, mas aí sem o apelo da logótipo.

É tudo uma questão de posicionamento e o posicionamento só se consegue, primeiro com produto, e segundo com percepção do público e ambas as coisas levam tempo e dinheiro, e já agora alguma inspiração.

A verdade é que foi mais fácil a marcas como Audi, BMW e mesmo a Mercedes, entrar no território de caça das generalistas do que o inverso. A Opel fez um esforço para se posicionar no xadrez dos “wannabe Premium”, puxando sempre dos galões da “tecnologia alemã” que é um reportório de violino de que já nenhuma outra marca alemã se socorre, até porque hoje em dia, marcas como a Hyundai ou a Kia já são mais alemãs que coreanas.

Mas a verdade é que o investimento em tecnologia e sofisticação feito na anterior geração do Insignia, o topo-de-gama da marca, acabou por dar os seus frutos, sem no entanto lhe ter dado livre trânsito para o restrito clube dos Premium.

O esforço feito nesse posicionamento fez, na minha opinião, a marca perder um pouco do foco naquilo que é a sua quintessência histórica, a produção de bons e acessíveis carros familiares, robustos e mecanicamente fiáveis — ou seja, Corsas, Astras e carrinhas. Daqueles carros em que as pessoas mais racionais confiam.

O investimento em tecnologia e sofisticação feito na anterior geração do Insignia acabou por dar os seus frutos

A Opel quis jogar em todos os tabuleiros, acompanhando as tendências, primeiro dos monovolumes e agora dos SUV`s, o que faz sentido, sendo uma marca generalista, mas ao fazê-lo sem rasgo no design nem nada que verdadeiramente a notabilizasse, acabou por não se diferenciar positivamente da concorrência em nenhum dos segmentos em que concorre.

Exemplo disso são os novos Crossland, adaptações de produtos PSA, que são uma resposta tardia à necessidade de ter uma gama SUV para ser competitivo no mercado europeu.

Mais do que resultados deficitários da Opel, julgo que foi a falta de uma visão estratégica para o futuro da marca que levou a a General Motors a libertar-se dela e a vendê-la à PSA. Os franceses apostam em ganhar volume de produção, partilha de tecnologia, quotas de mercado e sobretudo capacidade negocial com os grandes fornecedores de componentes.

Falta saber qual é a visão estratégica de Carlos Tavares para o futuro da Opel, mas não deixa de ser irónico que a passagem de testemunho é feita no momento em que a Opel lança no mercado aquele que é o seu melhor produto dos últimos anos, ou pelo menos aquele que tem qualidades diferenciadoras que lhe caucionam a ambição de se tornar a referência do seu segmento.

Estou a falar do novo Insignia, que encarna na perfeição o espírito do seu tempo: Design elegante e diferenciador, conteúdo tecnológico state of the art, refinamento mecânico e puro prazer de condução.

Na mouche!

Relação preço-qualidade imbatível

Disponível nas versões Grand Sport (berlina) e Sports Tourer (carrinha) o novo Insignia passa para o topo da lista do seu segmento (familiares médios) no que respeita à relação preço/qualidade, oferecendo um nível de desempenho dinâmico em estrada e um pacote tecnológico que faz sombra às propostas homólogas das chamadas marcas Premium.

A Opel consegue assim posicionar o seu novo Insignia no xadrez das opções de carros de frota para empresas, fator determinante para o sucesso comercial de um modelo desta gama em Portugal. É também por isso um carro a entrar nas contas de quem pretende um familiar espaçoso, moderno, bem equipado e divertido de conduzir.

Na gama há motores a Diesel e gasolina, com potências que vão dos 110 aos 170 Cv, que dão prioridade à economia de utilização e à moderação dos consumos, sacrificando por vezes as prestações. Para conhecer o novo Insignia testámos a versão berlina equipada com o motor 1.6 Diesel de 136 Cv conjugado com a nova caixa manual de seis velocidades (na gama há também a opção de uma nova caixa automática de oito velocidades, além da tradicional automática de seis).

Em estrada, o novo Insignia está mais refinado e eficaz, graças ao excelente trabalho feito pelos engenheiros no chassis e na suspensão. Sem penalizar o conforto, o Insignia é um automóvel sensitivo e que oferece aquela coisa intangível chamada prazer de condução. A direção é precisa e comunicativa, a caixa rápida e de fácil engrenagem, os travões progressivos e potentes.

Em estrada, o novo Insignia está mais refinado e eficaz, graças ao excelente trabalho feito pelos engenheiros no chassis e na suspensão

Entre as tecnologias que melhoram o comportamento dinâmico do Insignia está a nova geração do sistema de controlo adaptativo do chassis (Flexride) que adequa a resposta do carro ao tipo de piso ou condução que se quer imprimir. Conjugado com isto, uma função de tração integral inteligente com vetorização de binário, que basicamente atribui a cada roda a potência necessária para abordar uma curva com a máxima eficácia, sem perdas de aderência. A maior distância entre eixos e a redução do peso em relação ao anterior Insignia trazem também benefícios para a condução, tornando o Insignia mais ágil e ao mesmo tempo mais estável, uma combinação nem sempre fácil de atingir.

Este conjunto de predicados permite conduzir o Insignia quase como um desportivo (houvesse motor para isso), abordando um encadeado de curvas de montanha com precisão, segurança e uma sensação de controlo absoluto. Pena é que este motor de 136 Cv esteja mais talhado para a racionalidade económica do que para o prazer de condução, mostrando-se competente, mas incapaz de dar a este chassis o fulgor que ele merece. Para isso teríamos de optar pelo 2.0 Diesel de 170 Cv ou para o novo motor a gasolina 1.5 Turbo de 140 Cv, que acredito podem dar melhor conta do recado para quem quer andar mais depressinha.

Serve de consolação o facto de que a média em ciclo combinado não tenha excedido os 6 l/100 km sem que eu andasse propriamente em modo Tia Rosário (a minha tia que é campeã dos consumos da minha família, mas que nunca guiou um carro acima dos 100 km/h).

Em auto-estrada o novo Insignia é um excelente “cruzador”, com grande conforto de rolamento, estabilidade direcional à prova de ventania e um conforto estático acima da média, com particular destaque para a grande envolvência dos bancos, para a qualidade geral dos materiais e de montagem e para o espaço disponível para os ocupantes, quer em altura ao teto, quer em largura.

A bagageira da versão Grand Sport é também bastante generosa oferecendo versatilidade e boa capacidade de carga que vai dos 490 aos 1450 litros (aumentando na versão Sports Tourer para os 560-1644 litros, ou seja mais 130 litros do que a anterior geração do Insignia).

Com um bom sistema de som e umas músicas do Rolling Stones a dar o tom, apetece fazer quilómetros ao volante deste Insignia, aproveitando para dar um cinco estrelas aos sistemas de iluminação, quer interiores (belo painel de instrumentos), quer exterior.

A Opel melhorou o que já era muito bom, o seu sistema de “holofotes” IntelliLux, composto por farós de matriz LED com 32 segmentos e que varrem o negrume de uma auto-estrada deserta e têm um alcance de 400 metros.

Tecnologia state of the art

Em matéria de equipamentos destaque ainda para os seguintes sistemas e gadgets: head up display, câmara de estacionamento de 360º, alerta traseiro de aproximação de tráfego, sistema de manutenção de faixa com correção automática da direção, programador de velocidade adaptativo com travagem automática de emergência.

Evidentemente que a Opel não iria descurar a conectividade e integração de tecnologia no seu porta-estandarte e dotou o Insignia de uma versão mais evoluída do sistema de infoentretenimento IntelliLink, compatível com Apple Car Play e Android Auto. Há também o serviço de assistência OnStar da Opel, que permite, por exemplo reservar hotéis ou procurar lugares de estacionamento.

Aqueles pequenos detalhes que elevam a experiência de viagem a um patamar Premium, o tal clube restrito onde a Opel pode agora entrar sem ter de gritar ao porteiro que é uma marca alemã

Já na lista de pequenos luxos, os clientes da Opel podem optar por bancos aquecidos com função de massagens (incluindo atrás), volante aquecido ou pelo teto de abrir panorâmicos; Ou seja, aqueles pequenos e caros detalhes que elevam a experiência de viagem a um patamar verdadeiramente Premium, o tal clube restrito onde a Opel pode agora entrar sem ter de gritar ao porteiro que é uma marca alemã.

Os preços iniciam-se nos 28 mil euros, o que é um preço de combate para tudo o que o novo Insignia tem para oferecer. Se quer bom value for money, o Insignia é uma opção a considerar.

FICHA TÉCNICA

Opel Insignia Grand Sport 1.6 Turbo D

Motor – 4 cilindros em linha, turbodiesel

Cilindrada (cm3) 1598

Potência máxima (cv/rpm) – 136/3500-4000

Binário máximo (Nm/rpm) – 320/2000-2250

Tracção – dianteira

Tipo Transmissão – caixa manual de 6 velocidades.

Dimensões e pesos (mm) – Comp./largura/altura 4897 / 2093 / 1455

Peso (kg) – 1503

Capacidade da bagageira (l) – 490-1450

Aceleração 0-100 km/h (s) 10,5

Velocidade máxima (km/h) 211

Consumo misto anunciado (l/100 km) 4,3

Emissões de CO2 (g/km) 114

Preço €33 780

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