A PSA foi talvez o grupo construtor que mais se empenhou na preparação dos seus motores face às novas normas de emissões Euro 6.2d – que entrarão em vigor daqui a dois anos – e que, paralelamente, melhor antecipou o novo método de aferição de consumos WTLP (World harmonized Light vehicle Test Procedure), em detrimento do anterior NEDC (New European Driving Cycle).
O novo 1.5 BlueHDi de 130 CV é o cavalo de batalha da Peugeot para o 5008, uma unidade que se estreou no 308 e que será a base da oferta Diesel para os próximos anos de diversas gamas. Relativamente ao 1.6 BlueHDi que substitui, o benefício está, primariamente, nos 10 CV extra e na modernidade, além da menor cubicagem – que tem sempre reflexos no PVP. A par disso, este novo 4 cilindros turbodiesel veio cobrir outra oferta motriz que deixa de existir: o 2.0 BlueHDi de 150 CV, disponível no lançamento do 5008. O nosso melhor termo de comparação é com este último – não tivemos oportunidade de conduzir o 1.6 de 120 CV –, e não podemos dizer que ficámos a perder. Há um óbvio ‘prejuízo’ no rendimento face aos 150 CV e 370 N.m do 2 litros, mas ganha-se na linearidade – o pico de binário é atingido mais cedo –, ao passo que os consumos são ligeiramente mais comedidos. Obtivemos uma média final de 6,7 l/100 km contra 7,2 litros do ensaio anterior.
Espírito crossover
Em ambos casos, marcava presença a caixa manual de seis velocidades – há a alternativa da versão automática EAT8, de oito relações –, e para quem gosta de conduzir e controlar o carro à sua maneira, esta é a melhor opção. A resposta ao acelerador pode não ser tão explosiva quanto era com o 2.0 HDi, mas a energia a baixo regime chega e sobra, quer para as deslocações em cidade e arredores, quer em viagem, pelo menos com quatro adultos a bordo. Ora, um dos atributos especiais deste 5008 é precisamente a lotação para sete ocupantes e, quando assim é, há momentos em que sentimos que um punhado mais de cavalos seria bem-vindo. Isto acontece mais em situações em que nos queremos ‘despachar’ no meio do trânsito e aplicamos carga total de acelerador, mas nunca sentindo que este 1.5 BlueHDi tenha algo de ‘anémico’.
O Peugeot 5008 nasceu como monovolume, mas esta segunda geração acabou por inclinar-se mais para o conceito crossover. Há que destacar que a marca gaulesa não aposta, em nenhuma das versões da gama, na tração integral. Todas possuem tração dianteira, evidenciando a preferência pelo asfalto. No entanto, isso não quer dizer que este modelo esteja inapto a circular por estradões não pavimentados. Pelo contrário, mérito de uma maior altura ao solo e de estar equipado com o sistema Advanced Grip Control (com Hill Descent Control), que é de série nesta versão Crossway, e que na essência é um complemento do controlo de tração para otimizar a aderência em superfícies menos aderentes. Tudo isto para realçar a sua versatilidade de utilização em complemento às qualidades familiares que evidencia enquanto monovolume – com todo o espaço e modularidade daí resultantes.
Para um automóvel do seu porte, o 5008 mexe-se com uma agilidade surpreendente. Se o tamanho do volante é incómodo para manobras e exige habituação, por outro lado é a ‘ferramenta’ ideal para explorar as capacidades deste chassis em percursos sinuosos. A forma acutilante como o 5008 se inscreve em curva e a subsequente consistência em apoio parecem impróprias para um automóvel deste género. O bom tato dos comandos e a solidez geral transmitem segurança e conforto, complementados pela boa filtragem em pisos degradados. Agrada a fluência com que tudo se desenrola, sem solavancos – contributo também do binómio motor/caixa –, o que confirma uma construção cuidada, bem ao nível do que estamos habituados a encontrar num qualquer modelo de marca premium. Após dias de utilização, deixou saudades, tanto na vertente familiar como companheiro de estrada, inclusive em ambientes urbanos.Onde está o ganho?
Além dos benefícios já evidenciados, esta versão Crossway tem uma atitude mais off road – espelhado nos acabamentos e na própria sigla – à parte de usufruir de uma dotação standard mais rica que os Active e Allure, com equipamentos apenas disponíveis no GT Line e no topo-de-gama GT. Exemplos disso são o já referido Advanced Grip Control (com jantes em liga de 18” Los Angeles), os faróis Full LED, o teto Black Diamond, o acesso e arranque mãos-livres e os bancos revestidos em couro e Alcantara, e tudo por um preço aceitável: €39.470. Já em comparação com o antigo 2.0 BlueHDI (na versão GT Line) o diferencial está na ordem dos 3000 euros…
FICHA TÉCNICA
PEUGEOT 5008 CROSSWAY 1.5 BLUEHDI
Tipo de motor – Diesel, 4 cilindros em linha, turbo
Cilindrada – 1.499 cm3
Potência máxima – 130 CV às 3500 rpm
Velocidade máxima – 190 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h – 11,8 s
Preço base – 39.470€
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