Surgiu e rapidamente se tornou líder de mercado com as suas linhas agressivas, maior versatilidade, personalização abundante e maior altura ao solo. O Captur tornou-se incontornável como alvo a abater pelos rivais e a segunda geração deixa-os numa posição complicada. Isto porque o modelo lançado em janeiro pela Renault melhorou em praticamente todos os aspetos.

O primeiro dos pontos relevantes é o do espaço a bordo. O Captur de nova geração está 11 cm mais comprido, beneficiando a habitabilidade e a capacidade de arrumação, com a Renault a apontar 536 litros de capacidade de bagageira, com os bancos traseiros adiantados 16 cm (fazendo-o como um todo), embora tal roube espaço aos passageiros nesses mesmos lugares. Com os bancos mais recuados, dispõe de 445 litros, ainda assim, um volume impressionante atendendo a que mede apenas 4227 mm de comprimento (2639 mm de distância entre eixos).

O espaço a bordo é, assim, argumento positivo, tendo amplitude mais do que satisfatória em todas as direções – espaço para as pernas (com o banco na sua posição mais recuada) e em altura, parecendo-nos também oferecer largura q.b. para um terceiro passageiro em viagens curtas. Ainda no interior, há 27 litros para espaços de arrumação, isto no caso de estar dotado com a gaveta no lado do passageiro que serve de porta-luvas.

Depois, há todo um conceito de qualidade interior que é demonstrado pelo Captur, seja pela aplicação de muitos materiais macios – nas portas, tablier ou consola central –, seja pela aplicação de detalhes em cromado, por exemplo nos interruptores dos vidros elétricos. Pormenores que contam. Na consola central, o grande ecrã tátil de 9.3 polegadas concentra todas as funcionalidades do sistema de infoentretenimento Easy Link, mas também os ajustes do veiculo, como o Multi-Sense (modos de condução), auxiliares de condução e de segurança ou conectividade com o telemóvel. Resiste a climatização, ainda com comandos físicos, em decisão bem-vinda.

No caso da versão com caixa automática (EDC7), há ainda uma particularidade positiva no aproveitamento do espaço abaixo do comando da caixa, criando-se um outro ponto de arrumação de objetos. Neste capitulo, o Captur é modelo bem conseguido. Porém, esse detalhe da caixa também tornará evidente uma circunstância algo irritante – controlada eletronicamente (‘shift-by-wire’), não tem resistência mecânica, tornando difícil ‘acertar’ com a mudança desejada em manobras que se pretendem rápidas, já que, por exemplo, para engrenar a marcha-atrás, é preciso estar mesmo parado e com o pé bem em cima do travão… O painel de instrumentos de 7″ é elemento funcional bem-vindo, estando reservado para mais tarde um novo painel de 10.2″. Em qualquer dos casos, a sua apresentação varia consoante o modo de condução.

Destaque na condução

O Captur também melhorou no capítulo da condução, dispondo de motores eficientes e de novo chassis, mercê de recurso à plataforma CMF-B, que havia sido estreada no Clio de nova geração, com o qual partilha muitos dos seus componentes. Dessa forma, permite-se a dispor de estratégia de eletrificação com o Captur E-Tense que será apresentado posteriormente.

Com motor a gasolina 1.3 TCe de 130 CV associado a caixa automática de sete velocidades (dupla embraiagem), o Captur facilmente ganha pontos pela energia de condução desde baixos regimes, merecendo destaque a gestão eficiente do binário pela caixa (mesmo que, ocasionalmente, se mostre um pouco indecisa). Progressivo e reativo, o bloco 1.3 TCe oferece desenvoltura e competência para todas as situações, parecendo até mais potente do que o anunciado.

Os modos de condução do Multi-Sense (opcional por 200€) permitem alterar alguns parâmetros do veículo, como a direção ou a entrega da potência, sendo no modo ‘ECO’ aquele que melhor eficiência exibe e no ‘Sport’ aquele que é mais dinâmico. Todavia, as diferenças não alteram profundamente o carácter do Captur.

Às suas boas prestações alia-se um bom acerto dinâmico, mesmo que as jantes de 18 polegadas roubem algum conforto, notando-se relativa secura do amortecimento em mau piso. Por outro lado, revela contenção nos movimentos da carroçaria, proporcionando confiança ao condutor. Se no topo da lista de prioridades estiver o conforto, há opções que são ligeiramente melhores. A posição de condução é elevada, permitindo boa visibilidade em redor do veículo, mas poderá não agradar a todos.

O consumo centra-se com facilidade na casa dos seis litros por cada 100 quilómetros, como demonstra a nossa média de 6,8 l/100 km, obtida em 100 quilómetros sempre a velocidade legal e com condução progressiva, mas com modo ‘ECO’ sempre ativado.

Repleto de equipamento (ecrã central de 9.3”, faróis LED, câmaras de estacionamento 360º e serviços conectados, entre outros), o Captur no nível Exclusive conta com um preço de 25.797€, mesmo que existam naturalmente níveis de equipamento mais acessíveis para o Captur com motor 1.0 TCe de 100 CV com caixa manual. Na versão ensaiada, ainda com opcionais como o sistema Easy Link de 9.3″ com sistema de som Premium da Bose (1200€), o Pack Vision 360º Parking com Multi-Sense e câmara 360º (1080€), jantes de 18″ (500€) ou pintura metalizada (650€), o custo chega aos 28.997€.

VEREDICTO

Sem ser polarizador de opiniões, o Captur de nova geração procura consolidar o sucesso do SUV lançado em 2014. Para tal, a Renault recorreu a uma fórmula simples de evolução dos pontos fortes e correção daqueles que eram apelidados de pontos menos interessantes – nomeadamente o espaço interior e a bagageira. Não sem os seus riscos – quando se lidera um mercado tão importante como o dos SUV compactos, não arriscar nalgumas áreas pode ser tão arriscado como ousar em áreas como a estética.

Ora, importa responder à questão que dá corpo ao título deste ensaio? Será o novo Captur o melhor face aos seus concorrentes? Forte em praticamente todas as áreas, o SUV da Renault é facilmente observável como uma das referências, se não mesmo a referência, mesmo que outros SUV semelhantes tenham argumentos muito fortes, nomeadamente o Peugeot 2008 de nova geração, capaz de batalhar ‘mano a mano’ com este Captur, ou o novo Nissan Juke, que tem como ponto menos interessante o facto de ter um único motor na gama por enquanto. Mas, talvez o Renault esteja um pouco mais à frente.

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