O novo Clio vai cumprindo a sua promessa de se manter como um dos modelos mais importantes da Renault, apresentando-se com escolhas para todos os gostos. Até mesmo Diesel, com recurso ao já conhecido 1.5 Blue dCi, motor que tem conhecido sucessivas atualizações e que, na sua versão de 115 CV, oferece o melhor de dois mundos: prestações e poupança de utilização.

É certo que a variante Diesel do novo Clio não será a mais vendida e, dentro da oferta a gasóleo, muito menos esta versão com 115 CV (há outra de 85 CV). Mas a marca gaulesa não castrou a gama do seu popular utilitário e deixou ao critério dos clientes a sua decisão de querer um veículo a gasolina, gasóleo, GPL ou, muito em breve, híbrido (o E-Tech chega no verão).

Com recurso à nova plataforma CMF-B, que permite já a eletrificação, mas também uma multiplicidade de mecânicas, o novo Clio começa por ser bem-sucedido naquilo que é o primeiro olhar. Desenho apelativo, sem revolucionar, mas prosseguindo a ideia lançada pelo anterior modelo, evoluindo portanto em relação a esse. Maior revolução no interior, no qual o Clio deu um enorme passo em frente em todos os sentidos – quer na qualidade percebida dos materiais, quer na tecnologia. Além dos materiais macios em mais locais por onde passa a mão, o Clio exiba acabamentos mais cuidados, como os pormenores cromados nos comandos dos vidros elétricos, num detalhe de classe e que o coloca, quase de rajada, num patamar de referência entre os seus pares.

Além dessa virtude, o novo Clio também merece apreciação positiva na habitabilidade, ainda que com reparos, sobretudo atrás, onde o espaço do banco ao tejadilho não progrediu por aí além, mantendo-se algo limitado. Já a margem para a colocação das pernas dos ocupantes traseiros é adequada. Ainda no que diz respeito à funcionalidade, sobressai a capacidade da bagageira, com 366 litros, um valor muito bom, mesmo que até seja inferior à volumetria oferecida pelas versões a gasolina (391 litros).

Na consola central, destaque para o centro de comando de funcionalidades que é o ecrã tátil de 9.3 polegadas, associado ao sistema Easy Link, bastante evoluído e de funcionamento intuitivo, naquele que é um dos trunfos da nova arquitetura da Renault para esta geração de automóveis. Os comandos do ar condicionado são ainda independentes, o que é uma nota bem-vinda numa era em que se tenta ‘atirar’ tudo para o ecrã tátil.

Evolução continuada

O motor turbodiesel utilizado pela Renault neste novo Clio dispensa grandes apresentações. Trata-se de unidade com enorme longevidade, mas que tem vindo a ser aprimorada ao longo dos anos, numa procura contínua por maior eficiência ambiental e de consumos. Cumpre com as novas normas de emissões e dispõe de tratamento de NOx graças a sistema SCR (redução catalítica seletiva).

Mas, na condução o ponto mais importante desta motorização é a sua energia e elasticidade, proporcionando uma condução bastante desenvolta logo desde baixos regimes e com os 260 Nm de binário a concederem-lhe uma capacidade de resposta muito eficaz quando o objetivo é ganhar ritmo fora da cidade. Aliás, esta mecânica merece grandes elogios pela competência nas suas prestações, como atestam os xx segundos que demora a acelerar dos zero aos 100 km/h, mas também pela economia demonstrada em condução quotidiana.

Ao cabo de 100 quilómetros de ensaio, com o modo ECO do sistema Multi-Sense ativado, mas em condução regrada (dentro dos limites de velocidade), obtivemos uma média impressionante de 4,4 l/100 km! Ora, com um depósito de 42 litros e este consumo, será possível ao Clio de 115 CV Diesel chegar perto dos 1000 quilómetros de autonomia.

A caixa de seis velocidades tem escalonamento curto nas primeiras quatro relações, sendo as duas seguintes mais ‘largas’ por uma questão de consumos. O seu manuseamento é preciso, mas o pedal da embraiagem é algo duro.

O sistema Multi-Sense, opcional por 200€, permite optar entre modos de condução personalizado ‘My Sense’, o mais desportivo ‘Sport’ e o ecológico ‘ECO’, com diferenças muito relativas entre elas.

Avaliação igualmente positiva para a eficácia do chassis, sobressaindo pela grande estabilidade em curva, com equilíbrio notório proporcionado pela direção e pelas ligações ao solo, não obstante as jantes de 17 polegadas que ajudam na vertente dinâmica sem roubar conforto. Sobretudo, perpassa uma noção de segurança que o atira, inclusive, para uma comparação com o seu ‘irmão’ maior, o Mégane. Neste âmbito, importa também mencionar o bom nível de insonorização alcançado a bordo do novo Clio, sendo praticamente negligenciável a sonoridade da mecânica Diesel.

Em termos de equipamento, a versão ensaiada era a RS Line, que dota o modelo gaulês de outros detalhes mais desportivos, quer na vertente estética, quer na dotação de equipamento (sensores de chuva e de luminosidade, bancos desportivos, alerta de excesso de velocidade com reconhecimento dos sinais de trânsito, ar condicionado automático e estofos em tecido RS Line, entre outros), saindo valorizando em todos os aspetos. O custo é, porém, mais elevado, na ordem dos 25.165€, deixando em aberto a hipótese de optar por um nível de equipamento mais ‘amigo da carteira’. Entre os extras, há pintura metalizada (450€), jantes de 17 polegadas (500€), o Pack BOSE com câmara de visão 360 (1200€) ou sistema Multi-Sense (200€), itens que elevam o custo final já para perto dos 30 mil euros…

VEREDICTO

A gama do novo Clio é uma das mais ricas em termos de opções, apenas acompanhada pelo rival Peugeot 208 em termos de motores (embora à opção elétrica da marca do leão, a Renault contraponha com a híbrida E-Tech), mas o que mais sobressai em todos os Clio é a enorme evolução em termos qualitativos gerais. A solidez de rolamento e de construção, acompanhadas pelo bom nível dos materiais utilizados fazem do Clio um modelo muito aprazível, mais ainda quando aliado ao frugal e competente motor 1.5 Blue dCi, um elemento ainda popular na gama e cujas evoluções o deixam mais eficaz e poupado. Aliás, esta noção é muito importante no caso do Clio, com consumo muito baixo em associação a boas prestações, que até conseguem acompanhar o nível desportivo do visual R.S. Line.

Este não é o mais acessível, mas confere outra veleidade em termos de imagem e de equipamento, valendo a pena pela diferenciação. Se dúvidas houvesse, este é mesmo o melhor Clio de sempre e, como não poderia deixar de ser, um dos carros a bater no segmento dos utilitários, por sinal, o mais popular em Portugal.

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