Os crossover de segmento C são uma fatia importante das vendas, e sendo a Renault a incontestável líder do mercado, tinha no Renault Kadjar uma proposta “incompleta”. Isto porque a gama era reduzida, devido à questão das portagens, o que também o fez chegar praticamente dois anos mais tarde ao nosso país, em relação aos nossos “vizinhos” europeus.

A verdade é que com a alteração das regras, o Kadjar passa a ter uma nova vida, com uma gama de motores completa (não apenas o diesel), aproveitando o restyling de meia-idade para se projetar e relançar como uma proposta efetivamente atraente.

Essa atração deve começar logo pelo exterior, e aí a Renault fez o trabalho de casa e dotou o Kajar com uma “frente de família”, com um restyling muito ao estilo do que fez ao Captur, dotando-o de uma nova grelha de maiores dimensões e faróis que podem ser em LED, com a sua típica assinatura em “C”. Para além disso, tanto a dianteira como a traseira contam com novos para-choques, que lhe dão um ar mais robusto e atlético. Ainda na traseira, destaque para os renovados farolins que contam igualmente com tecnologia LED.

Novidade para nós são as jantes, já que na sua “primeira vida” o Kadjar em Portugal só estava disponível com umas jantes de 17’’, que não o ajudavam muito no capítulo da estética. Agora, podem ir dessa dimensão até umas generosas 19 polegadas, como nesta unidade. Para revestir a carroçaria existem três novas cores, passando para um total de nove disponíveis.

O interior recebeu novos revestimentos e padrões, mas não revolucionou. Não é tão moderno como o Mégane ou o Scénic (modelos com os quais divide as vendas), mas é confortável e bem organizado nos comandos, contando ainda com vários espaços de arrumação, fator muito importante neste tipo de automóvel de utilização familiar. A posição de condução é elevada, mas confortável, apresentando uma boa visibilidade.

Quanto aos passageiros traseiros, o espaço está dentro da média dos seus concorrentes, não havendo “batalhas” por espaço, conseguem por isso viajar três passageiros nessa segunda fila, que conta com elementos de conforto como é o caso das duas entradas USB, assim como ventilação dedicada. A bagageira é de 472 litros de capacidade, o que também não sendo a referência, é um bom valor.

Passando para a condução, este Kadjar estreia o novo motor TCe de 140 CV, uma das duas propostas gasolina disponíveis (também disponível com 160cv). Aliada a uma caixa manual de seis velocidades, tenta ser uma alternativa ao motor Diesel, que por enquanto é apenas defendido pelo BluedCi de 115 CV, que no mesmo nível de equipamento Intense é cerca de 3500€ mais dispendioso.

Portanto, devemos poupar esses 3500€?

Tudo vai depender muito do que vamos percorrer anualmente, mas este Kadjar com este motor gasolina de 140 CV cumpre perfeitamente com as expectativas iniciais, conseguindo que este bloco impulsione os 1442 kg deste crossover sem problemas e com agilidade, tendo em conta as suas dimensões.

Este 1.3 TCe apresenta um binário máximo de 240 Nm, um pouco menos do que o Diesel, mas que está disponível a uma gama de rotações igualmente baixa, o que o faz desenvencilhar bem em ultrapassagens ou recuperações. Em performances propriamente ditas, no cronómetro o gasolina de 140 CV demora menos tempo a chegar aos 100 km/h que o Diesel (10,4s vs 11,7s), e chega a uma velocidade de ponta superior (203 km/h vs 189 km/h).

A outra vantagem está na suavidade de utilização, sendo mais suave e acusticamente menos intrusivo no habitáculo (ainda que o Kadjar esteja bem insonorizado). A suspensão traseira é agora “normal”, ou seja, com barra de torção, ao contrário da independente usada anteriormente em Portugal, de forma a homologação. Mesmo com este “downgrade”, o Renault Kadjar não saiu a perder.

Atenção, não é o crossover deste segmento mais entusiasmante de conduzir, mas também não o quer ser. Opta antes por uma boa dose de conforto e comportamento neutro, sem grandes sobressaltos, podendo ainda assim curvar um pouco mais rápido com segurança, capítulo em que as novas jantes e pneus dão uma ajuda…

No que toca aos consumos, se pegarmos nos valores anunciados, a diferença é de 1,6 l/100km face ao Diesel de entrada, mas na realidade este Kadjar com motor a gasolina fez uma média melhor do que estávamos à espera. Não fez o anunciado (5,9), mas no final o computador de bordo acusava um consumo de 6,5 l/100km, feito em percurso misto.

VEREDICTO

Concluindo, o Renault Kadjar chega assim a um lugar que já deveria ser seu, sendo mais competitivo e finalmente com trunfos para dar, como um gama completa que se junta a um interior confortável e espaçoso. O motor a gasolina compensará bastante para quem fizer um menor número de quilómetros, não se importando de pagar mais quando for à bomba, mas anular essa diferença na aquisição e manutenção. A diferença de consumo não é muita, já a de aquisição face ao Diesel…

Texto e fotos: Rodrigo Hernandez

Características Renault Kadjar 1.3 TCe 140 Intens
Motor Gasolina, 1.333 cc, 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo, intercooler
Potência 140 CV às 5000 rpm
Binário 240 Nm às 1600 rpm
Transmissão Dianteira, caixa manual de seis velocidades
0-100 km/h 10,4s
Velocidade máxima 203 km/h
Consumo (anunciado/medido) 5,9 l/100 km (6,5 l/100 km)
Emissões CO2 134 g/km (WLTP combinado)
Comp./Larg./Alt./Entre eixos 4489 mm/1836 mm/1607 mm/2646 mm
Peso 1442 kg
Suspensão (Fr/Tr) Independente McPherson/barra de torsão
Mala 472/1478 litros
Pneus 255/45 R19
Preço Preço: 29.883€

 

MAIS: Equipamento; Preço da versão gasolina; Conforto a bordo; Motor Capaz.

Menos: Botão tátil de volume; Alguns materiais; Posição do comando do cruise-control.

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.