Renault Mégane E-Tech Eletric: futuro e passado podem ter o mesmo nome

13/09/2021

Primeiro Mégane 100% elétrico chegará ao mercado, onde continua à venda a sua versão mais tradicional, em março do próximo ano. Plataforma CMF-EV e autonomia de 470 km são principais trunfos.

Quando chegar ao mercado europeu, em março de 2022, o novo Mégane E-Tech Eletric encontrará, ainda “viva” a quarta geração do Mégane, com versões movidas a combustão interna e híbridas. Olharão um para o outro e não se reconhecerão. Nada têm em comum. O primeiro é o futuro elétrico que o Grupo Renault começou a preparar há 10 anos. O segundo, em breve, será passado.

Na sua estreia mundial, no Salão Automóvel IAA Mobility 2021, em Munique, o Mégane E-Tech Eletric foi o protagonista. No evento, os jornalistas tiveram a oportunidade de fazer pequenas entrevistas aos responsáveis da marca, caso de Laurents Van den Acker, responsável do departamento de Design do Grupo Renault, que não se furtou a responder a uma pergunta simples. Será o cliente do tradicional Mégane o mesmo do Mégane E-Tech Eletric? “Não completamente, embora essa fosse a ideia. O objetivo é que este seja o único carro da família. Até agora, muitos veículos elétricos (VE) têm sido o segundo ou mesmo o terceiro. Ou então são muito caros. Queremos democratizar a nova tecnologia e a inovação dos VE. Estamos a fazer o Renault 5 (ver caixa), mais popular. E esperamos que o Mégane E-Tech Eletric seja referência no segmento C”. Segundo Laurents Van den Acker, “haverá clientes dispostos a fazer essa evolução logo no início”. E acredita que o ponto de viragem poderá acontecer de um momento para o outro. “Não sei se chegámos demasiado cedo. Mas a mudança chegará. Basta as empresas decidirem apostar em frotas 100% elétricas”.

O nosso objetivo é que o mégane e-tech eletric seja o único carro da família. Não um segundo ou terceiro

Zero compromissos

Inspirado nos crossovers, o Mégane E-Tech Eletric transmite uma sensação de robustez e tem uma linha de cintura elevada, mas o formato descendente do tejadilho, as vias mais largas e os puxadores das portas embutidos (de série) remetem para um coupé. A contida altura total, o espaço a bordo e a capacidade da bagageira, esses, lembram os hatchback tradicional.

A iluminação integralmente em LED, tanto à frente como atrás, foi “cirurgicamente” cortada a laser para melhor expressar a sua modernidade. E apresenta uma assinatura luminosa inovadora, com padrões “eletrificantes”.

Mas quem melhor do que Laurents Van den Acker para explicar o que tinha em mente ainda antes do primeiro esboço? “Quando pensam num VE, as pessoas já têm a expetativa: de que é um carro futurista, tipo Star Wars, mas não muito emocional. Quisemos fazer um carro muito bonito e que as pessoas quisessem comprar mesmo que não fosse elétrico”. Com uma vantagem. “É 100% elétrico! Com muita conectividade, tecnologia, com grandes ecrãs. Incluímos o melhor de tudo. Sem compromissos. Podem comprá-lo porque gostam de conduzir, porque tem um centro de gravidade muito bom, uma aceleração de 7,0 segundos (até aos 100 km/h), ou porque o interior é como um cockpit. Não é fácil fazer um carro de família, mas o Mégane E-Tech Eletric não é aborrecido de conduzir”.

Plataforma inovadora

O novo Mégane E-Tech Eletric é o primeiro modelo da gama Renault a beneficiar da plataforma CMF-EV. O seu design e as vantagens que proporciona ajudam a ultrapassar as anteriores limitações para criar modelos dinâmicos neste segmento. Os motores dos VE são, por norma, compactos, por isso, esta plataforma tem um compartimento de motor reduzido. Esta solução, combinada com a distância entre eixos estendida e a colocação das rodas nos quatro extremos, libertou espaço para a habitabilidade e para conseguir uma linhas inovadoras. Além de aumentar a eficiência energética e a autonomia, reduz ainda os tempos de carregamento. A potência e o conforto ao volante também são ampliados, graças às melhorias no chassis e na direção e a um centro de gravidade mais baixo, algo possível pela colocação das baterias sob o piso.

Duas baterias à escolha

O novo motor chega aos 160 kW de potência e 300 Nm de binário e conta com quatro níveis de travagem regenerativa. Devido a uma conceção otimizada, o motor é compacto e pesa apenas 145 kg, menos 10% do que a unidade utilizada no ZOE, apesar do aumento da potência.

O Renault Mégane E-Tech Eletric poderá surgir equipado com um motor de 96 kW (130 cv) e 250 Nm ou com um mais potente de 160 kW (218 hp) e 300 Nm. Mas e a autonomia? Também aqui existem duas opões de bateria: 40 kWh e alcance de 300 km; e 60 kWh que poderá percorrer uma distância de 470 km, consoante a versão.

Existem várias soluções de carregamento: desde 130kw disponível nas autoestradas, até 22 kw, frequente nas grandes cidades. Preços ainda não se conhecem, mas as encomendas começam em fevereiro próximo.