Renault Mégane Sport Tourer GT Line TCe 140: Competência familiar

14/03/2019

A carrinha Renault Mégane recebe a motorização 1.3 TCe resultante dos esforços conjuntos da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi e da Daimler, proporcionando uma agradável e até surpreendente qualidade de condução que lhe permite manter andamentos bem vivos sem grande esforço.

A Renault está convicta de que os motores a gasolina podem vir a representar uma maior fatia do ‘mix’ de vendas do Mégane, sobretudo a particulares (as frotas continuam ‘reféns’ do Diesel…), atendendo à mudança de paradigma no mercado europeu e nacional, que parece começar a privilegiar os modelos com motor a gasolina. Neste sentido, o mais recente bloco turbo desenvolvido com a Daimler, cai que nem mel no portefólio da gama daquele que é um dos modelos mais bem-sucedidos do nosso mercado.

Chega em duas variantes, de 140 e de 160 CV e entre as duas as diferenças não são avultadas, mas centremo-nos na versão de menor potência, que foi a escolhida para este ensaio, aliada a caixa manual de seis velocidades.

Mantendo os mesmos princípios de condução, o Mégane fica tremendamente mais ágil e dinâmico com esta motorização, denotando uma entrega muito linear e agradável de explorar praticamente desde o arranque, com os 240 Nm de binário disponibilizados em baixas rotações a serem fulcrais para essa agradabilidade ao volante. Não é um velocista ou puro desportivo, mas o Mégane fica mais veloz e apto para respostas contundentes em situações de ultrapassagem, por exemplo. Até às 3500 rpm, este motor dotado de novos avanços em termos de atrito interno e de gestão dos gases de escape é mais ‘cheio’ em intensidade e energia.

Tal como tem vindo a ser comum nos modelos da marca gaulesa, o Multi-Sense para os modos de condução está presente, permitindo variações entre o ECO, Sport, Comfort, Normal e Perso (personalizável), alternado entre si diversos parâmetros, como a resposta do acelerador, direção, iluminação ambiente, instrumentação ou a intensidade da climatização. A este respeito, o modo ECO pareceu-nos bastante equilibrado e linear na entrega da potência, ao contrário do modo Sport, que incita o motor a uma espécie de urgência quase sempre desnecessária, uma vez que parece colocar o motor em esforço quando, na verdade, tem ainda mais ‘pulmão’ para respirar. Vale a pena, sobretudo, em percursos sinuosos em que a resposta do motor seja mais necessária a baixos regimes de forma constante. Nesse caso, o manuseamento muito agradável e com um tato desportivo da caixa de velocidades também dá uma ajuda para outras andanças.

O consumo médio obtido de 6,3 l/100 km também lhe concede muitos pontos na apreciação, ficando perfeitamente enquadrado na média de consumos anunciada pela Renault (6,2-6,6 l/100 km com o ciclo WLTP).

Com tamanha desenvoltura motriz, o acerto do chassis sai valorizado, já que combina boa dose de conforto com dinamismo, deixando ao condutor a escolha de poder optar por um ritmo mais apressado sem dificuldades de inserção em curva ou no decurso da trajetória, com boa resposta da direção que, no entanto, não é pródiga em informação para o condutor. Se o amortecimento e a competência geral do chassis são pontos positivos, também o conforto a bordo merece elogios, com bancos confortáveis – os da frente envolvendo bem o corpo devido ao formato estilo ‘bacquet’ da versão GT Line – e espaço mais do que suficiente para dois adultos atrás e um terceiro que queira ir mais ‘apertadinho’. Isto porque é melhor no espaço para as pernas e em altura do que em largura, mas no geral, as famílias ficarão agradadas com o espaço permitido para ocupantes e suas bagagens.

Motor evoluído: O novo 1.3 TCe apresenta tecnologias como a dupla distribuição variável e o ‘Bore Spray Coating’ para o revestimento dos cilindros que permite reduzir as vibrações. O coletor de escape semi-integrado e o turbo de válvula elétrica são apontados como elementos que permitem aliar desempenho elevado e baixo consumo de combustível.

Neste capítulo, uma abertura larga e boas dimensões para o segmento em questão, com 521 litros de capacidade que podem chegar aos 1695 litros com o rebatimento dos encostos dos bancos traseiros – que pode ser feito a partir de patilhas nas laterais da mala. Com duas alturas, o piso de carga tem ainda alguma versatilidade de ordenação graças aos diferentes locais e abas que podem ser abertas. Único ponto que não agradou foi o lábio do para-choques bastante saído, o que obriga, quase inevitavelmente, a tocar com as pernas no veículo (ótimo para as calças claras…).

A bordo, ainda, nota para a boa qualidade generalizada dos materiais utilizados pela marca, no caso da gama GT Line com alguns pontos mais desportivos, como os pespontos em cor contrastante no volante e alavanca da caixa. A consola central tem organização bem conseguida, se bem que o minimalismo tenha obrigado à colocação dos comandos de climatização no ecrã tátil do sistema R-Link 2 (disposto na vertical com 8.7 polegadas, no modelo ensaiado, com um custo de 300€), com ótima visualização mas botões táteis laterais que ficam rapidamente marcados com as impressões digitais de deditos insistentes. Além disso, o controlo de volume tátil é um ponto que, em opinião pessoal, continua a não convencer. Seja em que carro for… Para o condutor, há ainda um útil ecrã ‘head-up’ colocado na parte superior do tablier bem em frente ao condutor, que oferece as informações mais importantes para a condução.

Por fim, o preço. Bem equipado na versão GT Line, o Mégane Sports Tourer de 140 CV em variante a gasolina tem um custo de 28.015€, que é bastante interessante também atendendo ao volume de equipamento, que compreende pontos como o estofos em tecido GT Line, sistema Multi-Sense, decoração interior e interior GT Line, head-up display, jantes em liga leve de 17”, retrovisores exteriores rebatíveis eletricamente com função de desembaciamento, banco traseiro com função Easy Break, cartão mãos-livres para acesso e arranque sem chave, ecrã TFT de 7″ para a instrumentação e sistema R-Link 2 com ecrã tátil de 7”. Com os opcionais incluídos nesta versão, como o ecrã de 8.7″ (300€), câmara traseira (490€), faróis Full LED (700€) ou pintura metalizada (750€), o valor final a pagar seria de 30.250€.

VEREDICTO

Sem qualquer alteração estética, o Mégane ganhou uma nova vida com a motorização a gasolina de 1.3 litros. Esta variante de 140 CV preenche já os requisitos para quem procura uma mecânica repleta de fulgor, rápida a reagir e com bons níveis de requinte, que fazem com que seja praticamente inaudível aos passageiros. Desenvolto e competente nas prestações, também assume um fator económico que lhe permite não ser gastador ao mesmo tempo que responde dinamicamente bem aos comandos do condutor.

Um familiar muito polido, portanto, capaz de agradar a quem conduz e a quem segue como passageiro, tanto à frente, como atrás, aqui beneficiando de bons níveis de conforto, sobretudo para os que viajam nos lugares laterais.

O equipamento completo da variante GT Line é um bom cartão de visita, mas para quem não deseja ter a aparência mais desportiva, pode optar por uma das vertentes mais acessíveis, como a Limited, por 25.919€. Para aquele que é um dos familiares mais completos do segmento vale a pena tomá-lo como opção.

Características Renault Mégane Sport Tourer 1.3 TCe 140 GT-Line
Motor Gasolina, 1.333 cc, 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo, intercooler
Potência 140 CV às 5000 rpm
Binário 240 Nm às 1600 rpm
Transmissão Dianteira, caixa manual de seis velocidades
0-100 km/h 9,8s
Velocidade máxima 205 km/h
Consumo (anunciado/medido) 6,2 l/100 km (6,3 l/100 km)
Emissões CO2 141-149 g/km (WLTP combinado)
Comp./Larg./Alt./Entre eixos 4626 mm/1814 mm/1449 mm/2712 mm
Peso 1287 kg
Suspensão (Fr/Tr) Independente McPherson/barra de torsão
Mala 472/1478 litros
Pneus 205/50 R17
Preço Preço: 28.015€
Mais: Prestações; elasticidade do motor; habitabilidade; bagageira; condução; relação equipamento/preço.

Menos: Direção pouco comunicativa a velocidades mais elevadas; centralização de todos os comandos no ecrã tátil.

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