A necessidade de vencer nas competições desportivas há muito que levou os intervenientes a procurarem o “fator” que dá a vantagem em relação à concorrência, o que nem sempre acontece de acordo com as regras. No ciclismo, os rumores relativos à utilização de micro-motores na mítica prova Volta à França em Bicicleta, já deu direito a uma peça jornalística no programa 60 Minutos do canal CBS e a preocupação por parte da UCI levou a que o organismo fiscalize as bicicletas antes das provas por meio de raio-x e detetores de ondas eletromagnéticas.

Ao contrário dos fiscais da UCI, para a maioria das pessoas que se cruzam com a Scott eRide 10 pensarão que se trata de uma bicicleta de estrada perfeitamente normal. Reconhecem, obviamente que é sofisticada pelo design moderno e pela escolha do material utilizado na sua construção inteiramente em carbono. Mas só os mais atentos identificarão o cubo mais volumoso instalado na roda traseira que integra o motor Mahle X35+ com 250 watts e 40 Nm de torque. O botão colocado no topo do tubo superior com um anel de luz LED iWoc ONE que serve para ligar/desligar o motor e alternar entre os modos de assistência poderá ser outro indicador que denuncia a componente eletrificada da eRide 10.

só os mais atentos identificarão o cubo mais volumoso instalado na roda traseira que integra o motor

A busca da perfeição para a integração da eletrificação no design imaculado determinou a escolha. De outra forma não seria possível manter a zona do pedaleiro com uma espessura igual à de uma bicicleta sem motor. O apuramento do design verifica-se ainda na inexistência de cabos à vista, estão todos ocultos dentro do quadro.

Sendo a nossa estreia com uma bicicleta de estrada, não temos termo de comparação direta para avaliar a sua performance. No entanto, uma vez aos comandos constatamos que mesmo desligada a capacidade de aceleração é impressionante. O facto de pesar 11,5 kg, juntamente com a aerodinâmica e a posição de condução proporcionam uma capacidade de impulsão muito diferente das bicicletas de montanha, onde às vezes por mais que pedalemos, parece que não saímos do mesmo sítio. Com o sistema ligado, por defeito temos à disposição três modos de auxílio à pedalada identificados por cores: branco sem assistência, verde 26%, laranja 50%, e vermelho 100%. A mesma luz alterna entre vermelho fixo quando a bateria atinge os 25% de capacidade, passando a piscar aos 15%, e com mais intensidade quando atinge os 10%.

treinos de 100 km passam a estar ao alcance dos comuns mortais

Confessamos que durante o teste rolámos com o sistema desligado sempre que o percurso era plano. Habituados à falta de progressão em cada pedalada no btt, foi com entusiasmo que experienciámos o oposto com a eRide 10 ultrapassando com facilidade o limite legal dos 25 km/h de auxílio à pedalada. Num dos trajetos entre Algés e Cascais pela Marginal perfizemos um total de 43 km ida e volta em cerca de duas horas, praticamente sem auxílio do motor. Os generosos pneus com 30 mm de largura proporcionaram uma dose de confiança extra, e os travões com discos de 160 mm garantiram que tínhamos potência para parar rapidamente e com segurança.

Servimo-nos da componente elétrica sobretudo nas subidas com pendentes mais inclinados, e no final a bateria de 252 Wh acusava 85% de carga disponível. O que nos leva a crer que treinos de 100 km passam a estar ao alcance dos comuns mortais mesmo sem uma preparação física muito apurada. Para voltas épicas em que se preveja uma utilização mais intensa do motor existe um extensor de autonomia (208 Wh) com o formato de um bidão de água que se coloca no respetivo suporte no tubo vertical.

O sistema tem suporte para Bluetooth e existe uma app para iOS e Android que permite personalizar todos os parâmetros de assistência, bem como verificar uma série de dados relativos ao nosso desempenho nos treinos. É compatível com os computadores de ciclismo da Garmin e quando colocado no suporte de guiador permite facilmente verificar o estado da bateria, modo de assistência e autonomia.

Criada para dificultar a vida aos ciclistas segundo a Scott, quando refere que com ela passará a fazer subidas mais longas e íngremes, a eRide 10 vem na verdade democratizar um tipo de ciclismo que só estava acessível a atletas com uma preparação física acima da média. É uma ferramenta de treino que desafia e recompensa tanto quem está a iniciar, como o atleta mais experiente. Só é pena que não seja possível participar na Volta à França em Bicicleta com ela.

Ficha técnica:
Quadro: Addict eRIDE Disc HMX Endurance geometry / Replaceable Derailleur Hanger Fully Internal cable routing, Range Booster Ready Forquilha: Addict eRIDE HMX Flatmount Disc 1 1/4″-1 1/2″ Eccentric Carbon steerer Motor: Mahle Motor Hub drive / EU: 25kmh / US: 20mph Bateria: Mahle Mudança traseira: Shimano Ultegra Di2 RD-R8150 24 Speed Electronic Shift System Mudança frente: Shimano Ultegra Di2 FD-R8150 Electronic Shift System Manípulos mudanças: Shimano Ultegra ST-R8170 22 Speed Electronic Shift System Pedaleiro: Shimano Ultegra FC-R8100 Hollowtech II 50×34 T Cassete: Shimano ltegra CS-R8100 11-34 T Travões: Shimano BR-R8170 Hyd.Disc, 160/F SM-MT800 CL and 160/R SM-RT86 6B Guiador: Syncros Creston iC 1.5 Compact Alloy Avanço: Syncros RR iC 1 1/4″ Espigão de selim: Syncros Duncan 1.0 Aero Selim: Syncros Belcarra Regular 2.0 Caixa de direção: Syncros Addict RC Integrated Rodas: Syncros Capital 1.0 40e Disc 24 Front 12x100mmTA /32 Rear 12x142mmTA Pneus: Frente Schwalbe ONE Race-Guard Fold 700x30C, Trás Schwalbe ONE Race-Guard Fold 700x30C Peso: 11.50 kg Peso máximo suportado: 120 kg Preço: 6 699 euros

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