A nova Sportstourer vem confirmar que vale bem a pena mexer num modelo de sucesso que vai já na quarta geração, desde que seja obviamente para melhor. Introduzida apenas na anterior geração do Leon, a Sportstourer confirmou a apetência do mercado pelo formato carrinha.

Desde logo a elevada perceção de valor junto do consumidor refletiu-se no quarto lugar europeu de vendas no segmento. A par da tendência do mercado, o modelo testado vem equipado com um motor de quatro cilindros a gasolina que produz uns simpáticos 150 cv.

Esta carrinha é uma proposta que desafia quem gosta de conduzir: a caixa manual de seis velocidades é precisa, bem escalonada e tem um funcionamento mecânico muito agradável. O volante tem uma das melhores pegas do mercado, as mãos assentam de forma natural e a direção tem o peso certo para percebermos o que se passa com as rodas da frente. A utilização da plataforma MQB garante não só rigidez e estabilidade, mas também mais espaço a bordo, especialmente para as pernas dos ocupantes da fila de trás. Com uma distância entre eixos igual à do Leon de 5 portas, a Sportstourer vê o aumento do espaço verificar-se na zona da mala, o portão pode ser aberto com o comando virtual de pé para nos revelar uma bagageira com 620 litros de capacidade.

As novidades a bordo traduzem-se sobretudo num esforço para conseguir um design limpo e mais sóbrio que no modelo anterior

As novidades a bordo traduzem-se sobretudo num esforço para conseguir um design limpo e mais sóbrio que no modelo anterior. O objetivo é cumprido com um tablier minimalista em que o destaque vai para o ecrã de infoentretenimento com 10” ao centro, agora com botões táteis para todas as funções, mas o exercício de estilo vai mais longe pois o ar condicionado foi também desprovido dos tradicionais controlos físicos rotativos. Ligar e desligar as luzes passa também a ser feito por meio de botões táteis, o que até nem é grave pois se escolhermos a opção auto não precisamos de voltar a mexer. Já os botões da função de desembaciamento do para-brisas e do óculo traseiro terem passado para o painel do controlo das luzes, não nos parece uma solução muito ergonómica. Não somos fãs desta digitalização, sobretudo quando nos obriga a tirar os olhos da estrada para percebermos onde estamos a tocar para executar uma tarefa tão simples como aumentar ou baixar a temperatura do a/c. A alternativa passa pela utilização dos comandos por voz que de modo geral funcionam bem, embora ainda não seja uma opção perfeita.

Gostamos sim, dos acabamentos e da escolha de materiais que são agradáveis ao toque, e que neste nível de equipamento Xcellence garantem um interior refinado. O espaço a bordo é generoso e chega a ser superior ao que oferecem outros modelos do grupo VW que utilizam a mesma plataforma MBQ. Os beneficiados são sobretudo os ocupantes da fila de trás que apesar de disponibilizar três lugares, apenas dois proporcionam o conforto desejável para uma viagem prolongada.

as suspensões proporcionam um amortecimento firme, mas confortável filtrando decentemente as irregularidades do piso

Em andamento as suspensões proporcionam um amortecimento firme, mas confortável filtrando decentemente as irregularidades do piso, e ajudando a manter a compostura quando a estrada pede para aumentar o ritmo. É possível optar pela suspensão adaptativa com um custo de 783€, e ficar com um comportamento próximo do modelo FR no modo sport, mas que fica ainda mais confortável no modo Confort.

O pequeno quatro cilindros com 1.498cc é enérgico e reage sempre bem às solicitações do acelerador

O pequeno quatro cilindros com 1.498cc é enérgico e reage sempre bem às solicitações do acelerador, dando a impressão que tem mais do que os 150 cv anunciados desde que se mantenha nas 4500 rpm. O comportamento é muito neutro, com o sistema XDS a fazer um excelente trabalho ao imitar um diferencial auto-blocante ao travar a roda interior nas curvas passando mais potência para a roda exterior, e assim melhorar a tração e eliminar a subviragem. Simples, mas eficaz.

Apesar de não ser um FR, é muito fácil sermos tentados a aumentar o ritmo sempre que a estrada o permite, o reflexo, é claro que se vê nos consumos, que nestas condições podem chegar facilmente aos 8 l/100 km. Mas este Leon tem alguns truques para manter alguma frugalidade, e com a ajuda do sistema mild-hybrid juntamente com o desligar dos cilindros foi possível fazer médias de 5.9 l/100 km em percurso urbano.

Sendo esta uma proposta adequada às famílias, a segurança é uma prioridade e conta com: cruise control adaptativo, luz de máximos automática, aviso de saída de faixa, aviso de ângulo morto, alerta de trânsito traseiro ao fazer marcha atrás, detetor de fatiga do condutor e aviso de presença de carro ou bicicleta ao abrir a porta. Ao acionar o puxador se vier alguém, somos alertados com um aviso acústico e a luz ambiente bem como na zona da porta muda para vermelho.

VEREDICTO

Se o Leon já era um caso sério de vendas mesmo na anterior versão carrinha, a confirmada mudança para melhor neste novo ciclo de vida só pode ser bem-vinda.

Ficha técnica

Motor: 4 cilindros em linha 1498 cm3 Injeção direta + turbo + intercooler
Potência: 150 cv entre as 5000 e as 6000 rpm
Binário: 250 Nm entre as 1500 e as 3500 rpm
Transmissão: Dianteira, caixa manual de seis velocidades
Dimensões Comprimento / Largura / Altura: 4642 mm / 1799 mm / 1437 mm
Distância entre os eixos: 2686 mm
Bagageira: 620 litros
Peso: 1411 kg
Consumo médio: 5,9 l/100 km
Emissões de CO2: 133 g/km
Vel. máxima: 221 km/h
Aceleração: 8,7s
Preço: 35.665 euros

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