Se o Alfa Romeo Stelvio fosse uma figura de estilo era uma hipérbole. Com um design quase barroco e arrebatador, o Stelvio não trai o espírito da marca de Arese e oferece aquilo que de poucos outros SUV se podem vangloriar — o prazer de condução
Uma hipérbole é uma figura de estilo que ocorre quando “há exagero propositado num conceito para definir algo de forma dramática, transmitindo uma ideia aumentada do autêntico.” Se fosse uma figura de estilo o Alfa Romeo Stelvio seria precisamente isso, uma hipérbole do conceito de SUV.
A primeira incursão da marca no território dos SUV é apenas um exercício de estilo ou uma aposta com conteúdo? Será que o Stelvio é capaz de rivalizar com a armada alemã (Audi, Mercedes e BMW) ou com a Volvo, Land Rover e a Jaguar, todas elas com propostas consolidadas nos SUV Premium?
A resposta à pergunta começa evidentemente pelo design que continua a ser aquele fator intangível e subjetivo que faz o sucesso ou o insucesso de novos modelos. Neste capítulo, a Alfa não deixa os seus créditos em mãos alheias. Eu não hesitaria dizer que se fosse só pela pinta, o Stelvio era dos poucos SUV que eu comprava de caras, sem ter de o guiar.
Com o ar de família do Giulia e as linhas de força do design Alfa, o Stelvio é lindo, sob qualquer dos pontos de uma volta de 360 º. É um SUV opulento para pessoas extrovertidas e de high-profile que se preocupam com o estilo, do que vestem, do que fazem e do que guiam. É uma afirmação de um certo estilo de vida, um carro que faz figura de estilo. Mas tal como um bom fato italiano, não é só o corte que importa, é também a forma como assenta no corpo, neste caso, na condução.
Os alfistas de linha dura desconfiam desta “concessão” ao espírito do tempo e das “tendências”, mas não perdoariam se o primeiro SUV da Alfa fosse um maxibombo a curvar e andar na estrada. Há valores a defender. E o melhor que se pode dizer do Stelvio é que eles estão bem defendidos. Não é por acaso que o nome escolhido para este “Big” Alfa seja o de uma das mais famosas estradas da Europa, o Stelvio Pass, um infernal carrossel de curvas nos Alpes italianos que exige de condutores e máquinas a máxima precisão.
Os alfistas de linha dura desconfiam desta “concessão” ao espírito do tempo e das “tendências”, mas não perdoariam se o primeiro SUV da Alfa fosse um maxibombo a curvar e andar na estrada.
Não sendo, obviamente, um desportivo, o Stelvio é dos SUV da sua classe aquele que mais se aproxima dos padrões de condução de uma berlina desportiva (melhor, só o Porsche Macan). Ao chamar-lhe Stelvio, a Alfa quis dizer que este é um SUV de condução que não sacrifica o prazer de guiar numa estrada de montanha à versatilidade e liberdade de movimentos que um SUV pressupõe.
Prazer de condução sem concessões
Tudo começa pela posição de condução, um pouco mais baixa do que noutros SUV. Depois é a direção, bastante direta e informativa, a responder rapidamente às ordens do condutor. A suspensão faz o seu trabalho, evitando excessivos movimentos verticais da carroçaria e oferecendo firmeza e precisão sem prejuízo do conforto de rolamento. O sistema de tração integral Q4 gere a motricidade de forma muito correta, com tração traseira em condições normais de condução a contribuir para uma maior eficácia em curva e com a distribuição de 50 por cento da força do binário para as rodas da frente a aumentar a segurança em pisos escorregadios ou em estradões de TT.
Não sendo propriamente o tipo de carro que queremos levar para o mato e sujar de lama, o Stelvio não descura a versatilidade, com a altura ao solo a garantir passagem na maior parte dos terrenos. Mas a estrada é mesmo o seu ecossistema natural. Ecossistema onde podemos explorar com grande margem de liberdade e até de alguma diversão o motor 2.2 Diesel com 210 Cv conjugado com a caixa automática de 8 velocidades com enormes patilhas acopladas ao volante para brincar um bocadinho. Não que seja necessário ou até recomendável. Em modo automático a gestão das passagens de caixa é mais fluída e orgânica do que se fizermos passagens manuais, que me parecerem excessivamente abruptas. Este motor demonstrou ter a pujança e sobretudo a capacidade de resposta a baixos, médios regimes para dar nobreza à estirpe Alfa e não defraudar os adeptos mais exigentes.
Na vida a bordo nota positiva para a envolvência dos bancos, para a ergonomia dos comandos e para a capacidade da bagageira (525 litros). Menos feliz é a aplicação de alguns plásticos na zona inferior da consola e o nível de equipamento que fica um pouco aquém dos principais rivais do segmento, o que num carro com um preço a rondar os 60 mil euros, não deixa de ser estranho.
Mas isso são minudicências que interessam apenas a quem acha que os automóveis são um produto mecânico ao serviço da racionalidade. Os automóveis não são isso, e muito menos um Alfa.
Ficha Técnica
Alfa Romeo Stelvio 2.2 Diesel Q4 Super
Motor 4 cilindros Diesel, inj. eletrónica, 2143 cm3
Potência 210 cv/3750 rpm
Binário 470 Nm/1750 rpm
Transmissão integral, cx. automática 8 vel
Suspensão triângulos duplos à frente e multibraços atrás
Travagem Discos Ventilados às quatro rodas
Peso 1734 Kg
Mala 525 litros
Vel. Máx. 215 km/h
Aceleração 0-100 Km/h 6,6 s
Consumo Médio 4,8 l/100 Km
Emissões 127 g/Km
Preço 57 200 euros
Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.