Teste Citroën C5 X Hybrid 225 Shine: Silêncio, que se vai andar em máximo conforto

Numa autêntica ‘cozinha de fusão’, o novo Citroën C5 X faz um cruzamento entre diferentes estilos: inspira-se nas berlinas, parece uma carrinha e tem uma altura ao solo idêntica à de um SUV. Tudo isso num pacote em que o conforto e a atenção ao detalhe estão em primeiro lugar. A tecnologia híbrida plug-in (PHEV) é outro dos destaques.

O visual é mesmo um dos principais chamarizes do C5 X, diferenciando-se de muitas das propostas no mercado, graças a detalhes como a grelha do ‘double chevron’ integrada com os faróis e a toda a largura da dianteira, faróis com tecnologia LED e uma silhueta de carrinha alongada para um perfil aerodinâmico mais marcado.

A traseira destaca-se pelo spoiler traseiro proeminente e pela assinatura luminosa em LED dos farolins. A bagageira foi pensada para ser larga e funcional, nos cânones de uma carrinha tradicional, com uma capacidade entre os 485 e os 1580 litros.

Com 4805 de comprimento e 2785 mm de distancia entre eixos, o C5 X garante muito espaço a bordo, procurando sobretudo oferecer boas cotas de habitabilidade nos lugares traseiros. A altura ao solo de 194 mm garante-lhe alguma versatilidade suplementar fora de estrada, ao mesmo tempo que as jantes de grandes dimensões lhe emprestam uma pose musculada.

No interior, com muitos detalhes de conforto e de tecnologia aliados, o C5 X destaca-se pelo painel de instrumentos dividido entre um ecrã digital à frente do condutor e o sistema ‘head-up display’ (de série) com uma área projetada no ecrã de 21 polegadas e simulação de distância de quatro metros e efeito 3D a cores. As informações apresentadas no para-brisas podem também ser personalizadas a partir da haste esquerda atrás do volante.

Ao centro, o ecrã tátil de 12″ beneficia de um novo sistema de infoentretenimento inspirado nos widgets dos smartphones, dispondo de navegação conectada 3D, reconhecimento de comandos por voz e atualizações ‘Over the Air’ do sistema para manter as funcionalidades atualizadas ao longo do tempo. A conectividade com os sistemas operativos Android Auto e Apple CarPlay sem fios está também assegurada. Nem sempre a interação é perfeita, parecendo, por vezes, responder com algum atraso aos comandos do dedo, mas a visualização do ecrã é ótima.

No campo das tecnologias de assistência, o novo C5 X conta com 18 ajudas à condução, destacando-se o alerta de trânsito traseiro e a vigilância de ângulo morto de longo alcance, agora até 70 metros. O assistente de condução de autoestrada com função stop and go (até 180 km/h) está disponível igualmente como incremento de segurança em condução de autoestrada.

O valor do conforto

Algo que perpassa ao longo de todo o modelo é o seu conceito de lounge interior com os comandos apenas essenciais junto ao condutor, não faltando revestimentos trabalhados com menção ao conceito do ‘double chevron’ por exemplo nos painéis das portas e tablier. Além disso, a atenção ao detalhe verifica-se também nos acabamentos e nos materiais utilizados, de muita qualidade. Os espaços de arrumação foram outra das preocupações da Citroën, dispondo de até 29 litros a bordo para arrumar pequenos objetos.

A noção de conforto não ficaria completa sem dois outros equipamentos indispensáveis, nomeadamente os bancos em pele Advanced Comfort e a suspensão Advanced Comfort Active. No caso dos bancos, trata-se de mais uma evolução deste conceito, dispondo de ajuste elétrico, ventilação, aquecimento e maior macieza graças aos 15 mm de espessura suplementar no seu ‘recheio’, ajudando assim a suportar o corpo com maior cuidado.

Por outro lado, a suspensão Advanced Comfort Active (no híbrido apenas) é igualmente uma evolução do sistema já apresentado anteriormente, sendo esta uma suspensão com batentes hidráulicos progressivos de controlo ativo, em que cada amortecedor é controlado individualmente em tempo real. Esta circunstância tem o condão de melhorar o conforto e, ao mesmo tempo, a dinâmica, limitando também o rolamento lateral da carroçaria em curva. Porém, é no mau piso que esta suspensão mostra as suas virtudes, superando com requinte imperial os desníveis, rugosidades no piso e empedrados. A Citroën é apologista do conceito de ‘tapete voador’ pelo conforto e a realidade neste C5 X Plug-in não lhe foge muito.

De forma muito interessante, essa placidez de movimentos em piso deteriorado ou ondulado é complementado por uma capacidade segura e confiante em estradas com curvas mais encadeadas. É um facto que não é um desportivo (longe disso), mas no modo ‘Sport’, com direção e suspensão ligeiramente mais focados no comportamento, oferece uma boa sensação de equilíbrio em curva. Nota ainda para o reforço no isolamento reforçado nos vidros, tanto à frente, como atrás, que permite dessa forma uma melhoria na insonorização a bordo.

Aposta na eletrificação

A grande aposta da Citroën com este C5 X está no sistema híbrido de 225 CV de potência e 360 Nm de binário máximo, valores que resultam da associação entre um motor a gasolina 1.6 PureTech com 180 CV a um motor elétrico de 81 kW/100 CV e 320 Nm. Em conjunto, obtêm-se assim os 225 CV. A caixa automática e-EAT8 complementa o conjunto.

Com uma bateria de 12.4 kWh, o C5 X Hybrid permite uma autonomia até 54 quilómetros (versão Shine Pack) com um único carregamento, com velocidade máxima em modo elétrico de 135 km/h, sendo esse valor de autonomia bastante realista desde que a condução não seja despropositadamente agressiva.

Já a velocidade máxima absoluta é de 233 km/h, com um tempo de aceleração dos zero aos 100 km/h em 7,9 segundos, sendo de destacar a enorme facilidade com que sobe de ritmo, sobretudo tirando partido do binário elétrico que complementa o funcionamento do motor de combustão a baixos regimes, particularmente notório nas recuperações.

Invariavelmente, o C5 X Plug-in oferece um compromisso focado na eficiência – com exceção do modo de condução ‘Sport’ -, pelo que a interação entre os motores elétrico e térmico funciona de forma ajustada para o tipo de condução e para o tipo de piso, procurando sempre dar primazia ao sistema elétrico para a locomoção.

Com recurso à bateria totalmente carregada, obtivemos uma média de 3,1 l/100 km para a primeira centena de quilómetros do ensaio, sendo que, num exercício alternativo, com a bateria descarregada, os 100 quilómetros seguintes devolveram uma interessante alternância no valor de consumos entre os cinco e os seis litros de gasolina.

Já mencionados, os modos de condução alteram a perceção da condução, com quatro alternativas selecionáveis – ‘Híbrido’, ‘Elétrico’, ‘Conforto’ e ‘Sport’ -, diferenciando cada um deles o funcionamento da mecânica, a suspensão, a direção e a climatização.

Nota para o sistema Plug-in-Reminder, que ‘recorda’ o condutor de que o plug-in é bom… carregado. Esta tecnologia incluída recentemente nos modelos das marcas da Stellantis alerta os utilizadores para a importância de recarregarem a bateria caso não façam carregamentos regulares da bateria. O carregador de bordo de série é de 3,7 kW, demorando cerca de 3h20 a carregar nesse caso, enquanto o carregador de bordo de 7.4 kW opcional e numa ‘wallbox’ leva 1h40.

Em termos de equipamento, a versão mais equipada, a Shine Pack (47.362€), congrega praticamente todos os elementos tecnológicos e funcionais, com destaque para o sistema de estacionamento avançado com câmaras 360º, o Pack Drive Assist com assistência em autoestrada, o portão traseiro com acionamento elétrico, as jantes de 19″, os vidros laminados com tratamento acústico e o ecrã tátil de 12″, entre outros.

Entre os opcionais relevantes, destaque para o tejadilho em vidro com abertura bipartida (1300€) e o carregador de bordo de 7.4 kW (400€). A versão ensaiada tinha um preço de 49.466€.

VEREDICTO

Para a Citroën, o valor do conforto ocupa um lugar muito importante, sendo por isso o C5 X um exemplar capaz de exibir uma competência entusiasmante de tornar cada viagem numa bolha face ao mundo exterior. Surpreendendo pelo estilo pouco comum e pela sua elevadíssima funcionalidade, a meio caminho entre um SUV e uma carrinha de segmento D, este novo modelo da marca francesa tem ainda na conceção do habitáculo um forte argumento, propondo bastante espaço para passageiros e para ocupantes.

Na versão híbrida plug-in, o fator do conforto é exponenciado ainda pelo silêncio que se vive a bordo quando em modo elétrico, enaltecendo as suas vantagens em termos de tranquilidade. Com um desempenho potente, o sistema híbrido de 225 CV permite reações despachadas, com autonomia realista em torno dos 50 quilómetros.

Ao sair-se do C5 X, fica-se com a ideia de que este é o melhor Citroën da atualidade, naquele que é um ótimo regresso à forma num segmento em que é difícil singrar em mercados que não o francês (logicamente).

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MAIS
Conforto ao nível de modelos de segmentos mais exclusivos
Design inspirado, se bem que não consensual
Prestações e eficácia
Bons detalhes de construção
Habitabilidade e bagageira
Relação preço/equipamento

MENOS
O tal design que pode não ser consensual
Produzido na China, pode demorar tempo a chegar após a encomenda

FICHA TÉCNICA
Citroën C5 X Hybrid 225 EAT8 Shine Pack
Motor de combustão: Gasolina, quatro cil. em linha, inj. direta, turbo, intercooler
Cilindrada: 1598 cm3
Potência: 180 CV às 6000 rpm
Binário: 250 Nm às 1750 rpm
Motor elétrico: síncrono de íman permanente, 81 kW/110 CV, 320 Nm
Bateria: Iões de lítio, 12.4 kWh
Potência combinada: 225 CV
Binário combinado: 360 Nm
Transmissão: Dianteira, caixa auto e-EAT8
V. Máxima: 233 km/h
Aceleração 0-100 km/h: 7,9 s
Consumo médio (WLTP): 1,3 l/100 km
Emissões CO2 (WLTP): 30 g/km
Autonomia elétrica (WLTP): 54 km
Carregamento (0-100%): 1h40 a 7.4 kW (AC); 3h20 a 3.7 kW (AC); ~8h a 2.3 kW
Dimensões: (C/L/A) 4805/1815/1485 mm
Distância entre eixos: 2785 mm
Pneus: 205/55 R19
Peso: 1797 kg
Bagageira: 485-1580 litros
Preço: 47.362€

AVALIAÇÃO
Qualidade geral 8.8
Dinâmica 9
Espaço 8.6
Segurança 9
Prestações 8.8
Consumos 8
Preço/equipamento 9.1
	8.8 PONTUAÇÃO GERAL