Sujeito a algumas alterações recentemente, o Fiesta continua a ser um dos esteios da estratégia europeia da Ford (embora agora com a rivalidade do Puma), valendo-se de atributos tão importantes como a facilidade de condução, motores de boas aptidões e visual dinâmico que apela ao olhar. Com uma vertente de eletrificação mais apurada, o Fiesta ‘está para as curvas’.

O segmento dos utilitários, tendencialmente denominado de segmento B, continua a ser um dos mais relevantes na Europa, ainda que agora ameaçado pela ascensão dos B-SUV, que mais não são do que utilitários de maior altura ao solo. Modelos como Ford Fiesta, o Renault Clio, Peugeot 208 ou Skoda Fabia são escolhas populares, até porque o acréscimo de dimensões entre gerações levam muitos condutores a optar por estes modelos como pequenos familiares.

No caso do Fiesta, o paradigma não é diferente, o até é bom sinal, porque este modelo replica, nalguns aspetos, a funcionalidade e a competência do ‘irmão’ Focus, desde logo com um estilo agressivo, mas muito bem conseguido, sobretudo quando visto de frente: os faróis com tecnologia de iluminação LED (opção por 762€) conjugam-se na perfeição com as duas grelhas desportivas desta linha ST-Line X. Na traseira, o spoiler superior e o pequeno difusor inferior com a saída de escape integrada oferecem outra visão desportiva. As jantes de 17″ também ajudam a dar uma nota suplementar de vivacidade. Dê por onde der, o Fiesta tem uma postura muito sólida, aportando segurança e dinamismo, mesmo quando estacionado.

O interior evidencia construção muito aprimorada e escolha racional dos materiais: muitos plásticos duros, mas de muito boa aparência e alguns detalhes mais requintados também ao abrigo do equipamento ST-Line, como o volante com pespontos em vermelho, os bancos desportivos também com apontamentos em vermelho (pespontos e decoração) e na alavanca da caixa de velocidades, na qual o punho é específico.

O painel de instrumentos é digital, com 12.3″ de dimensão, sendo variável na apresentação consoante o modo de condução escolhido, enquanto no centro do tablier está o ecrã central tátil de 8.0″, que serve de ponto de interação com o sistema Ford SYNC 3, disponibilizando navegação e outras funcionalidades. Muito positiva, numa era em que a digitalização ‘engole’ tudo, é a ergonomia e posicionamento dos diversos comandos, não faltando algumas teclas de atalho para o sistema multimédia e botões independentes para a climatização.

Em termos de espaço, quatro adultos viajam sem problemas, enquanto a bagageira de 311 litros é correta para pequenas viagens, estando em ambos os casos na média do segmento.

Boas energias

Mantendo o recurso ao bem-sucedido motor 1.0 EcoBoost de três cilindros, a Ford aplica uma dose de eletrificação graças a um sistema mild hybrid que, não sendo uma solução capaz de movimentar o Fiesta em modo elétrico, recorre a um pequeno motor elétrico de 11.5 kW/16 CV e 50 Nm, assente em rede de 48 V.

Capaz de alimentar algumas funcionalidades secundárias, este módulo elétrico é também capaz de fornecer algum binário adicional durante as acelerações mais fortes. A energia recuperada das travagens ou desacelerações é armazenada numa pequena bateria de 0.38 kWh (o logótipo da recarga aparece no painel de instrumentos quando tal acontece).

O valor total de potência é 125 CV, enquanto o binário atinge os 210 Nm entre as 1400 e as 4500 rpm (neste caso com assistência elétrica).

Estes valores são essenciais para uma condução sempre enérgica e plena de pulmão, com uma entrega de potência muito presente e até capaz de dispensar, numa grande parte dos casos, o recurso à bem escalonada caixa manual de seis velocidades. A sua aptidão assume alguns ‘pós’ de desportivo, como a aceleração dos zero aos 100 km/h em 9,4 segundos, valendo-se sobretudo da sua entusiástica versatilidade de ritmos, sobretudo também por inerência dos modos de condução.

Genericamente, até por tornar a entrega de potência algo mais suave, o modo ‘Eco’ acaba por ser o mais frequentemente utilizado, embora o condutor tenha ainda à disposição os modos ‘Normal’ e ‘Sport’, este último com uma parametrização do motor que privilegia a entrega da potência e endurece a direção.

E aqui entramos noutro ponto de apreço para este Fiesta, sobretudo na versão ST-Line, que atribui ainda suspensão desportiva para comportamento assaz satisfatório, posicionando-se como uma das referências no seu segmento em termos de dinamismo. Curva com precisão e empenho, valendo-se de direção com ótimo ‘feeling’, mas sem ser propriamente desconfortável em mau piso. Nota-se, no entanto, que há uma maior firmeza em absoluto face a concorrentes como o Citroën C3 ou o Skoda Fabia.

Quanto aos consumos, a marca aponta uma média homologada de 5,0 l/100 km, mas no melhor dos registos que obtivemos o valor foi de 5,8 l/100 km, o que não deixa de ser um dado positivo atendendo aos 125 CV e à disponibilidade da mecânica.

O preço para este Fiesta começa nos 24.207€, mas a marca indica que o modelo dispõe de um desconto de campanha até ao final de setembro de 2022, na ordem dos 12,5% (tanto no preço base, como no dos opcionais), a que se junta ainda uma outra campanha de apoio à retoma de mais 4,5%. Ou seja, se o preço base é algo elevado, estas campanhas tornam a relação custo/benefício bem mais tentadora.

Note-se que, de série, esta variante ST-Line X dispõe de para-choques desportivos, jantes de 17″, faróis de halogéneo, câmara de visão traseira, sensores de chuva e de luminosidade com máximos automáticos, sensores de estacionamento traseiro, suspensão desportiva, ar condicionado automático, sistema Ford SYNC 3 com navegação, ecrã tátil de 8.0″, seis altifalantes, Bluetooth e duas portas USB, sistema de chave inteligente (inclui botão Ford Power), volante forrado a couro com pespontos vermelhos, painel de instrumentos com ecrã TFT de 4.2″ e cruise control.

VEREDICTO

O Fiesta segura a sua posição como um dos utilitários mais convincentes e carismáticos do segmento pelo que oferece em termos de espaço, versatilidade dinâmica e motorização de créditos firmados que é capaz de agradar sobejamente a todos os condutores, sobretudo para quem anda mais fora da cidade, onde a sua elasticidade e prontidão permitem outras toadas.

Graças à sua elevada estabilidade, é igualmente divertido de conduzir em percursos mais sinuosos, mas sem ser penalizador no conforto, uma vez que a sua configuração ST-Line X lhe atribui uma afinação mais desportiva.

Paralelamente, a construção está num patamar de elevada qualidade, ao passo que o interior é suficientemente espaçoso para quatro adultos, assumindo-se até como um mini-familiar, pelo que o Fiesta continua a ter uma palavra a dizer num mercado inundado de SUV. As campanhas que a Ford promove para este modelo podem ser decisivas na decisão final.


MAIS
Elasticidade do motor
Prestações
Comportamento dinâmico apurado
Espaço a bordo
Equipamento de base
Aparência e construção

MENOS
Preço sem descontos
Firmeza da suspensão pode não agradar a todos

FICHA TÉCNICA
Ford Fiesta 1.0 EcoBoost MHEV ST-Line X 125 CV
Motor: Gasolina, 3 cil. em linha, inj. direta, turbo, intercooler
Cilindrada: 999 cm3
Potência: 125 CV às 6000 rpm
Binário: 210 Nm entre as 1400 e as 4500 rpm
sistema ‘mild-hybrid: Motor de arranque/gerador de 16 CV/11.5 kW, 50 Nm
Bateria: Iões de lítio, 0.38 kWh
Transmissão: Dianteira, caixa manual de seis velocidades
V. Máxima: 200 km/h
Aceleração 0-100 km/h: 9,4 s
Consumo médio (WLTP): 5,0 l/100 km
Emissões CO2 (WLTP): 114 g/km
Dimensões: (C/L/A) 4069/1735/1484 mm
Distância entre eixos: 2493 mm
Pneus: 205/45 R17
Peso: 1211 kg
Bagageira: 311-1093 litros
Preço: 24.207 €

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AVALIAÇÃO
Qualidade geral
8.5
Dinâmica
9
Espaço
8.5
Segurança
8
Prestações
8.5
Consumos
8
Preço/equipamento
8