Lançado originalmente em 2001, o Santa Fe rapidamente ganhou estatuto de sucesso dentro da Hyundai. O primeiro SUV da marca sul-coreana mantém-se ainda hoje como o porta-estandarte do requinte e do estilo na Hyundai, mas a nova geração é um enorme passo em frente, acompanhando aliás o que se verifica com o Tucson e o i30, apenas para citar alguns. Num segmento onde o Diesel ainda consegue resistir com argumentos válidos, a versão 2.2 CRDi instala-se como uma opção deveras convincente.

O papel do Santa Fe continua a ser bastante relevante para a Hyundai, mesmo que já não seja o SUV mais vendido da companhia, cedendo esse lugar ao mais compacto Tucson. Ainda assim, com cerca de seis milhões de unidades vendidas ao longo das suas quatro gerações, é difícil negar a reputação deste SUV de maiores dimensões.

Primeiro aspeto importante: o novo Santa Fe recorre a uma plataforma que permite melhoria na aerodinâmica e ganhos importantes na habitabilidade, além de permitir um incremento substancial na fundamental vertente da segurança durante uma colisão, graças a desenvolvimentos na engenharia. Através do uso de uma estrutura de multi-carga, estampagem a quente e a integração de uma chapa de aço de alta resistência, a plataforma permitirá que o veículo absorva o impacto na eventualidade de uma colisão, enquanto minimiza a deformação do espaço dos passageiros.

Mas esse é apenas um dos predicados da nova plataforma, que possibilita igualmente um acréscimo nas dimensões: mais 15 mm de comprimento (para 4785 mm), mais 10 mm de largura (para 1900 mm) e mais 5 mm de altura (para 1710 mm), embora a distância entre eixos permaneça a mesma (2765 mm), sendo os ganhos no comprimento conseguidos nas extremidades (5 mm à frente e 10 mm na traseira). O que salta à vista uma vez a bordo é a enorme sensação de qualidade percebida. O novo Santa Fe faz uso de materiais macios ao toque em número ampliado de superfícies, com construção capaz de impressionar – não há, a ‘olho nu’, qualquer detalhe digno de reparo – e a insonorização está também muito bem conseguida. Noutro exemplo de cuidado, o forro dos pilares e do tejadilho é aveludado.

O espaço a bordo também sobressai pela positiva, com a segunda fila de bancos a movimentar-se longitudinalmente (em proporção 60/40), o que permite jogar com o espaço nesses lugares, ao mesmo tempo dando possibilidade de montagem dos bancos da terceira fila – escamoteáveis sob o piso da bagageira quando não estão em utilização. Na configuração de sete, como em muitos outros casos, é necessário contar com a benevolência dos ocupantes da segunda fila para que se viaje com comodidade nos dois últimos bancos, o que deve ser feito, essencialmente, por crianças ou em adultos mas em situações de recurso.

Seja como for, há uma enorme sensação de amplitude a bordo, deixando claro que os seus ocupantes não terão preocupações de conforto em viagens mais longas, podendo os da segunda fila contar até com bancos aquecidos. Uma mordomia agradável para quem vai atrás. O banco do condutor tem ajuste elétrico e oferece uma boa posição de condução, naturalmente elevada para um controlo circunstancial de toda a área envolvente.

A volumetria da bagageira foi também ampliada. Com os assentos da terceira fila rebatidos, a capacidade da bagageira melhorou em 24 litros, alcançando uma capacidade total de 571 litros. Rebatendo as duas filas traseiras, a capacidade total sobe para 782 litros, podendo dessa forma acomodar todos os ‘acessórios’ de família em viagens de férias. Aliás, o seu formato amplo torna mesmo a bagageira como um dos seus destaques.

Falta apontar para a sua atração estética. Os designers da Hyundai têm acertado nos desenhos dos seus novos automóveis, numa linha coerente entre os diferentes modelos, mas que não se limita a replicar os traços entre si – numa espécie de ‘matrioska’ automóvel em que se torna difícil discernir entre gamas. Neste sentido, o Santa Fe alinha-se claramente com os demais Hyundai, mas não se torna difícil de distinguir, jogando por um lado de agressividade salutar em termos de visual.

Progressão tecnológica

A progressão tecnológica no interior é notória em diversos aspetos. Este modelo dispõe de instrumentação de 12.3″ digital (retangular), a que se junta ainda um ‘Head Up Display’ (HUD) que projeta informação relevante diretamente no para-brisas. A projeção de 8.0” garante uma ótima visibilidade, mesmo em diferentes condições de iluminação. A altura e o ângulo do HUD podem ser ajustados para corresponder às necessidades individuais do condutor.

Ao centro, o ecrã digital desta versão tem 10.25″ (de série, o ecrã é de 8.0”), permitindo conexão com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto, além de carregador sem fios (15 watts), entrada USB para os passageiros traseiros, sistema de navegação, reconhecimento inteligente por voz e sistemas de conectividade melhorados. Saúda-se ainda a decisão da Hyundai de não remeter todos os elementos do veículo para o ecrã tátil, embora o seu agrupamento na consola central necessite de alguma habituação para aprender todos os botões.

De resto, em termos de assistência à condução, conta com uma lista extensa de elementos que prometem auxiliar o condutor na sua tarefa, embora nos pareça – tal como em muitos outros modelos atuais – que o sistema que intervém na direção se torna intrusivo ao fim de algum tempo. Como referido, não é exclusivo do modelo aqui ensaiado, refletindo antes a tendência generalizada do setor automóvel, que pretende eliminar os acidentes por distração ou sonolência, com saídas de via associadas. Menção para o sistema de assistência à mudança de faixa, que através do painel de instrumentos mostra imagens captadas por câmaras colocadas nos espelhos retrovisores do lado para o qual o ‘pisca’ está acionado, ajudando o condutor na sua tarefa.

Diesel ainda tem créditos

O Santa Fe dispõe de motor 2.2 CRDi de 202 CV associado a caixa automática de dupla embraiagem de oito velocidades (8DCT). O motor foi aprimorado para alcançar melhorias na eficiência de combustível e desempenho, dispondo igualmente de novo bloco do motor em alumínio em vez de aço, reduzindo o seu peso em 19,5 kg. Diferentes partes do motor foram aperfeiçoadas, incluindo por exemplo, a cambota, para reduzir a fricção interna e melhorar a eficiência de combustível, enquanto a pressão de injeção foi aumentada para os 2200 bar (em comparação com os 2000 bar do motor anterior).

Assim, este motor ‘Smartstream’ de quatro cilindros produz 202 CV de potência e 440 Nm de binário, com a procura por maior eficiência a fazer-se também com a nova caixa de dupla embraiagem de oito velocidades. Em conjunto, esta solução permite ao Santa Fe responder de forma bastante satisfatória, tornando-se num exemplo de competência e de celeridade na sua atuação.

A atuação e suavidade da caixa é um dos seus trunfos, moldando bem o binário do motor turbodiesel consoante as necessidades. Os modos de condução estão também presentes, variando entre o ‘ECO’, ‘Sport’ e ‘Smart’, distinguindo-se os dois primeiros, embora opostos em carácter, mas não em demasia. A verdadeira grande diferença do modo ‘Sport’ é o maior peso da direção e a urgência ligeiramente mais notória na resposta do motor.

Se o conjunto propulsor se destaca pela positiva, também os consumos são um fator a ter em conta para quem procura um turbodiesel eficiente, atingindo no nosso ensaio um valor de 7,4 l/100 km.

Também o comportamento do Santa Fe satisfaz bastante. O amortecimento revela um bom equilíbrio entre o conforto obrigatório para os ocupantes e a confiança na condução, com movimentos naturais da carroçaria, que não escondem as dimensões do SUV, mas surpreendem pela compostura e acerto. A direção também ajuda, com peso adequado e precisão. Ainda assim, fica ligeiramente aquém do que um SEAT Tarraco ou Peugeot 5008 conseguem oferecer, mas a diferença é escassa.

Repleto de equipamento, o Santa Fe tem um preço justo (52.956€ no nível Vanguard), ficando bem posicionado num segmento em que os modelos de sete lugares têm um espaço muito particular. Na versão ensaiada Vanguard+Luxury Pack, o custo é ligeiramente superior – 54.456€ -, mas recompensa por todos os elementos de equipamento que são propostos.

VEREDICTO

Fácil de recomendar, o Santa Fe de nova geração é uma evolução eficaz e convincente, munindo-se de maiores argumentos em termos de qualidade e de tecnologias de conectividade, com a mecânica turbodiesel a assumir-se também como um dos melhores contributos para um conjunto de amplos méritos em termos de prestações, conforto de andamento e habitabilidade.

MAIS
Estilo apelativo
Bons dotes dinâmicos
Interior de boa qualidade
Consumos moderados
Versatilidade familiar
Equipamento geral
Bagageira

MENOS
Preço é justificado, mas pode ser impeditivo

FICHA TÉCNICA

Hyundai Santa Fe 2.2 CRDi 202 CV AT8 Vanguard+Luxury Pack

Motor Diesel, 2151 cc, quatro cilindros em linha, tgv, intercooler
Potência 202 CV às 3800 rpm
Binário 440 Nm entre as 1750 e as 2750 rpm
Transmissão Dianteira, caixa automática de oito velocidades
Dimensões (C/L/A) 4785/1900/1685 mm
Distância entre eixos 2765 mm
Aceleração 0-100 km/h 9,0 s
Velocidade máxima 205 km/h
Consumo médio 6,2 l/100 km
Emissões CO2 164 g/km
Peso 1845 kg
Bagageira 571-782-1649 litros
Pneus 235/60 R18
Preço base 52.956€
Preço ensaiado 54.456€

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