A tecnologia híbrida utilizada no novo Hyundai Tucson Hybrid é a demonstração perfeita de que a aliança entre um motor de combustão e uma máquina elétrica oferece argumentos válidos para o momento atual em que a eletrificação ganha terreno. Mas o SUV da marca sul-coreana reúne uma série de credenciais importantes que fazem deste modelo um competidor rigoroso no mercado, oferecendo eficiência, equilíbrio dinâmico e conforto a nível sem precedentes na gama Tucson.

Com um visual agressivo e vincadamente diferente do que havia feito até aqui, o Tucson de nova geração sobressai num panorama em que muitos dos SUV já lançados nos últimos anos repetem fórmulas idênticas. Ou seja, a Hyundai não teve receio de criar um modelo disruptivo em muitos aspetos.

Face ao modelo anterior, o novo Tucson é mais comprido (4,50 m), mais largo (1,87 m) e mais alto (1,65 m), tendo sido o primeiro SUV da marca a estrear a linguagem de design ‘Parametric Design’, muito mais agressiva, com a grelha paramétrica a esconder a iluminação diurna e os indicadores de mudança de direção. Quiçá, algumas das arestas, sobretudo nas laterais, possam dar a ideia de excesso, mas o resultado final é bastante agradável.

No interior, também uma nova abordagem, combinando tecnologia com conforto e conveniência. Num grande passo em frente, há maior rigor de construção, percetível, por exemplo, nas junções entre o tablier e as zonas superiores das portas, mas também em todos os painéis do habitáculo, que dispõe ainda de materiais macios ao toque em mais locais. A vertente tecnológica é sublinhada pelos dois ecrãs de 10.25” presentes no interior, um para a instrumentação, colocando em estilo ‘flutuante’ (uma fórmula algo estranha para o painel de instrumentos) e outro, tátil, para o sistema de infoentretenimento, ao centro.

Fácil de manusear e com leitura otimizada, parece-nos ser uma ótima solução, até porque permite dividir as funcionalidades dispostas no ecrã. Já os comandos da climatização, que ficam – bem – fora da ‘esfera de controlo’ do ecrã tátil são também eles táteis em fundo preto brilhante, o que quer dizer que as dedadas vão ficar visíveis. Aliás, esse é um dos pontos melhoráveis no novo Tucson, uma vez que o excesso de superfícies em preto brilhante deixa à vista as impressões digitais e o pó. O sistema de infoentretenimento tem um aspeto moderno e é compatível com Android Auto e Apple CarPlay.

Os comandos físicos ficaram limitados ao essencial, contando ainda com botões para a seleção dos modos de caixa (D, N, P e R), embora seja solução que nem sempre se revela prática, sobretudo quando se quer fazer uma manobra com maior rapidez, porque a unidade de controlo ‘embirra’ que o carro tem de estar imóvel para se selecionar outro programa de condução. O painel de instrumentos digital pode ser personalizado e varia também consoante o modo de condução escolhido na consola central.

Os bancos cómodos e a boa posição de condução reforçam o bom ambiente a bordo, com destaque ainda para o espaço disponível, em especial nos bancos traseiros, com boa amplitude para as pernas e em altura, sendo mesmo um dos mais competentes em matéria de habitabilidade no que toca aos seus pares. Os espaços de arrumação são em grande número, o que incrementa a funcionalidade para os ocupantes.

Híbrido em cheio

Esta é uma versão que mostra a validade das tecnologias híbridas, com o Tucson a apresentar ótimos argumentos. Combina um motor 1.6 T-GDI a gasolina de 180 CV de potência e 265 Nm de binário com uma máquina elétrica de 44.2 kW (60 CV), para uma potência combinada de 230 CV e 350 Nm de binário conjunto. O motor de combustão conta ainda com uma caixa automática de seis velocidades.

Com dois modos de condução disponíveis – ‘Eco’ e ‘Sport’ -, é no primeiro que o Tucson Hybrid retira melhores proveitos em termos de eficiência, ao calcular consoante o estilo de condução e a estrada o melhor método para avançar. Curiosamente, adota um esquema de funcionamento algo diferente do que outros híbridos fazem, ao não acionar tanto o motor elétrico em exclusivo nas fases de aceleração, mas já quando a velocidade estabiliza de certa forma, conseguindo rodar por algum tempo em modo elétrico mesmo quando o relevo da estrada aumenta. Ainda assim, não deixa de prestar auxílio ao motor 1.6 T-GDI pelo que a sua postura dinâmica é ambiciosa, ganhando velocidade com enorme facilidade e de forma progressiva, sem esticões ou repelões.

Quando estabiliza a velocidade, mesmo a ritmos mais elevados, o motor elétrico encarrega-se de manter o Tucson em movimento, o que traz como benefício uma maior poupança nos consumos e nas emissões poluentes. Em contraste, no modo ‘Sport’, os dois motores trabalham em conjunto para prestações mais fortes, modificando também a assistência da direção, que fica mais pesada.

Seja como for, tanto em modo elétrico, como híbrido, a desenvoltura é salutar, com o Tucson a demonstrar rapidez e vivacidade de ritmos.

A bateria de polímero de iões de lítio, com 1.49 kWh, tem uma gestão também bem calculada, raramente ficando abaixo de metade da sua carga ao longo do nosso ensaio, beneficiando também do sistema de regeneração de energia que vai recarregando a bateria em descida. O condutor não pode escolher o modo elétrico por sua ação, não havendo qualquer botão ‘EV’ para o efeito.

Como prova do seu consumo moderado, obtivemos uma média de 4,8 l/100 km ao fim do percurso de teste, sendo este um valor fácil de alcançar com condução mais regrada e modo ‘Eco’ ativado.

Complementarmente às boas prestações, o Tucson evidencia também uma melhorada qualidade de rolamento, proporcionando conforto e controlo dinâmico em equilíbrio muito bom. A direção tem precisão adequada e é informativa, enquanto a carroçaria tem movimentos contidos, o que evidencia o bom trabalho das suspensões e do acerto de chassis. Ainda assim, não esconde uma maior vocação para o conforto, que é bem-vinda, sobretudo nas estradas de piso mais degradado.

De resto, a marca recheou ainda este Tucson com equipamento, destacando-se o de segurança, mas também com itens como o painel de instrumentos digital de 10.25”, ecrã tátil central de 10,25” equipado com navegação e tecnologia Bluelink, jantes de liga leve de 19″, faróis com tecnologia Full LED e sistema de som Krell. O preço ajusta-se ao que é oferecido: 42.850€ no preço base que é depois reduzido em campanha da marca com financiamento associado, que reduz o valor a pagar para mais apetecíveis 39.850€.

VEREDICTO

O Hyundai Tucson de nova geração surpreende em diversos aspetos, começando desde logo pelo qualitativo – há aqui uma sensação de qualidade superior, quer pelo ajuste dos painéis, quer pelos materiais e pelos equipamentos. O interior é tecnológico e funcional, propício para viagens em família com conforto para todos os ocupantes.

No caso da versão híbrida, os argumentos saem ainda mais reforçados, uma vez que a gestão cuidada dos andamentos – sem ter de condicionar em excesso a condução – permite poupança muito interessante para um modelo que não é plug-in. Por outro lado, a entrega da potência não desaponta, respondendo com prontidão aos ‘pedidos’ do condutor, sobretudo quando ativado o modo ‘Sport’. Em suma, dir-se-á que a Hyundai acertou na fórmula certa para o seu SUV de sucesso.


MAIS
Sensação geral de qualidade
Bons dotes dinâmicos
Ótima habitabilidade
Consumos moderados
Faceta tecnológica
Equipamento de série
Bagageira

MENOS
Visual pode não agradar a todos
Detalhes interiores táteis a preto brilhante sujam-se facilmente

Ficha Técnica
Hyundai Tucson Hybrid
Motor térmico Gasolina, 1598 cc, 4 cilindros em linha, turbo, intercooler
Potência: 180 CV às 5500 rpm
Binário: 265 Nm às 1500-4500 rpm
Motor elétrico 60 CV/44.2 kW
Binário 264 Nm
Bateria Polímero de iões de lítio, 1.49 kWh
Potência combinada 230 CV
Binário combinado 350 Nm
Transmissão Dianteira, caixa automática de 6 vel.
Aceleração 0-100 km/h 8,0 s
Velocidade máxima 193 km/h
Consumo de combustível 5,6 l/100 km
Emissões (CO2) 127 g/km
Dimensões (C/L/A) 4500/1865/1650 mm mm
Distância entre eixos 2680 mm
Peso 1564 kg
Bagageira 616-1795 litros
Preço 52.850€ (preço com campanha Cetelem: 39.850€)

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