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Teste Mercedes-Benz EQA 250: Luzes brilhantes

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Com o EQA, a Mercedes-Benz deu mais um passo na sua caminhada para a eletrificação plena, oferecendo um SUV compacto com larga autonomia (426 quilómetros) para captar o interesse de uma geração que está a mudar a sua relação com os automóveis e num segmento que não para de crescer. O que não muda é a noção de qualidade e de requinte inerentes à marca alemã.

Tal como fez com o EQC, a Mercedes-Benz recorreu à ‘prata da casa’ para conceber o seu segundo modelo elétrico da gama, com que dá continuidade à expansão da subgama EQ, totalmente direcionada para a eletrificação. Assim, pegou na base do novo GLA, pedindo emprestado a plataforma e a grande maioria dos componentes e ideais estéticos. Porém, há óbvias e necessárias diferenças face aos modelos de motor de combustão.

Por fora, a dianteira destaca-se agora pela inclusão de um painel preto que se conjuga com os faróis para uma identidade robusta que, à noite, beneficia de assinatura luminosa única na forma de uma tira que une os dois grupos óticos. Essa ideia é replicada na secção traseira, com uma faixa de luz encarnada a ligar os dois farolins. De resto, o EQA absorve muito do visual do GLA. Já as jantes de 18 polegadas têm um desenho aerodinâmico para garantir eficiência reforçada.

Quanto a medidas, este EQA apresenta dimensões relativamente compactas, com 4463 mm de comprimento e 2729 mm de distância entre eixos, o que lhe confere uma habitabilidade relevante para pequenas famílias. Permite viagens confortáveis e com desafogo para dois adultos nos lugares traseiros, apesar de a segunda fila estar um pouco mais elevada do que num GLA de motor térmico, devido à colocação sob o piso da bateria de iões de lítio de 66.5 kWh (capacidade útil), situada entre os dois eixos. Com um peso a rondar os 500 kg, serve também para baixar o centro de gravidade, mas já lá iremos.

Ainda no capítulo da sua funcionalidade familiar, nota para a redução da capacidade da bagageira, que é agora de 340 litros, ainda assim um valor relevante.

A imagem do habitáculo não foge muito à de um GLA, com o desenho a ser praticamente o mesmo, sobressaindo a elevada qualidade geral de montagem e a dos materiais. No EQA 250, o sistema MBUX de série conta com os dois ecrãs de 10.25″, personalizáveis e com a assistente virtual com resposta ao comando ‘Hey Mercedes’, que continua a ser, apesar do surgimento de muita tecnologia nos rivais, um dos melhores sistemas do mercado.

Condução com energia

Ao volante, o EQA 250 exibe facilidade de condução e entrega de energia assinalável – nada que não fosse já de esperar do seu motor elétrico de 140 kW (190 CV) e 375 Nm de binário. É sempre a entrega imediata do binário que faz a diferença, dando a este EQA a desenvoltura necessária para ser apropriadamente veloz, mas ao mesmo tempo pacato e suave para o dia-a-dia. Com motor dianteiro e tração nesse mesmo eixo, a aceleração dos zero aos 100 km/h em 8,9 segundos está de acordo com as expectativas, não sendo propriamente um desportivo, mas não deixando o seu crédito por mãos alheias. Mais impressionante é o desafogo nas recuperações, com impulso imediato após pressão mais vigorosa no pedal da direita.

Essa reação varia também consoante o modo de condução escolhido no Dynamic Select, que varia as respostas do motor e a assistência da direção entre ‘Eco’, ‘Comfort’ e ‘Sport’, além de uma variação na quantidade de energia recuperada por intermédio da desaceleração. As patilhas atrás do volante, que usualmente são usadas para trocas de mudanças, servem para escolher entre quatro níveis de desaceleração e, consequentemente, de regeneração.

Por defeito, ativa-se o nível ‘D Auto’, mas o condutor pode optar entre o ‘D+’ (praticamente sem desaceleração), ‘D-‘ e ‘D–‘ (o mais intenso). Recorrendo às patilhas, é até possível descartar o uso do travão para uma quantidade substancial de condução quotidiana. Tal como sucede também nos Plug-in da marca, o sistema de deteção de proximidade para com o veículo da frente permite desaceleração automática de forma a guardar uma distância de segurança, com isso ajudando também na reposição de energia na bateria.

Se a rapidez da motorização elétrica é ponto de honra, o comportamento revela uma postura muito mais orientada para o conforto, com um amortecimento brando que não compromete a passagem em curva, assumindo-se assim com um bom compromisso de viagens longas mas não entusiasmante para toadas mais dinâmicas. No entanto, direção precisa e dócil permite condução agradável em todas as ocasiões.

Quanto ao consumo deste SUV elétrico, a marca aponta para uma média combinada WLTP entre os 17.7 e os 19.1 kWh/100 km, dependendo sempre do equipamento selecionado, com uma autonomia anunciada em ciclo idêntico de 426 quilómetros. Ora, o resultado do nosso ensaio, sempre em modo ‘Eco’, teve como resultado uma média de 16.6 kWh/100 km, manifestamente mais positiva do que até a anunciada pela Mercedes-Benz. Desta forma, a autonomia real do EQA rondará pelos 400-420 quilómetros, sem grande esforço.

Para o carregamento, tendo refrigeração por líquido, esta bateria de iões de lítio pode receber até 100 kW em postos rápidos DC, bastando apenas 30 minutos para passar de 10 a 80% da carga. Equipado de série com um carregador de bordo de 11 kW, esta é a velocidade máxima de carregamento em tomadas AC, nomeadamente em ‘Wallboxes’, levando 5h45m a carregar de 10 a 100%. Já numa tomada doméstica de 2.3 kW, o tempo de espera chega às 30 horas.

No momento de fazer contas, importa reter o elevado nível de equipamento da versão base (como o sistema MBUX de topo, a câmara de marcha-atrás, o sistema de iluminação LED High Performance, o portão traseiro elétrico, entre outros), que ajuda a justificar o preço de 53.750€ deste elétrico.

VEREDICTO

A Mercedes-Benz reforça a sua ambição de eletrificação com o EQA, o segundo ato de uma fase de transição que não será imediata, mas que corre a bom ritmo no sentido da passagem para a mobilidade sem emissões. Com autonomia bastante boa, prestações condizentes e o valor da imagem sempre a ajudar à sua causa, o EQA 250 assume-se como uma proposta tremendamente válida para quem procura um veículo elétrico confortável e vanguardista na tecnologia. Ainda assim, não sendo uma proposta acessível devido ao preço, justifica plenamente o seu custo com o equipamento, ajudando a marca alemã a expandir o seu leque de clientes sedentos de modelos 100% elétricos em formato SUV.


MAIS
Boas prestações
Ótima autonomia e elevada eficiência
Conforto de condução
Funcionalidade utilização
Requinte e qualidade do interior
Segurança

MENOS
Preço elevado
Bagageira menos volumosa

FICHA TÉCNICA

Mercedes-Benz EQA 250
Motor Elétrico, assíncrono
Potência 140 kW/190 CV
Binário 375 Nm
Bateria Iões de lítio, 66.5 kWh úteis
Autonomia 426 km (WLTP)
Transmissão Tração dianteira, transmissão automática
Velocidade máxima 160 km/h
Aceleração 0-100 km/h 8,9s
Consumo médio WLTP 17.7-19.1 kWh/100 km
Emissões CO2 WLTP 0 g/km
Carregamento 100 kW: 10-80% em 30 m.; 11 kW: 10-100% em 5h45; 2.3 kW: 0-100% em 30 h
Dimensões (C/L/A) 4463/1834/1624 mm
Distância entre eixos 2729 mm
Peso 1965 kg
Bagageira 340-1320 litros
Pneus 235/55 R18
Preço base 53.750€ (ensaiado: 55.560€)