Fazer um ensaio à nova geração do “best-seller” da Nissan, o Qashqai, é sempre apetecível. Entramos no carro com um monte de perguntas na cabeça e saímos de lá com várias respostas. Por isso, nada melhor do que um exame completo ao novo Qashqai 1.3 DIG-T de 158 CV com caixa X-Tronic e nível de equipamento Tekna+, o topo de gama.

Já não há muito a dizer acerca da popularidade do Nissan Qashqai. O modelo japonês lançou o segmento que mais popularidade tem conquistado nos últimos anos (desde 2007), e a cada nova geração não para de colecionar sucessos. A comercialização arrancou no mês de setembro e a Nissan espera alcançar o mesmo sucesso dos anteriores.

Todavia, esta terceira “temporada da série” tem algumas particularidades: só tem motores a gasolina e a versão híbrida chega apenas em 2022. Para já, é um ‘handicap’, porque nas empresas o Diesel e os híbridos plug-in são as tendências dominantes, mas a marca está confiante. Assim sendo, o novo Qashqai parece mais “composto” do que o anterior.

Mede 4,42 m de comprimento e 1,85 m de largura, pelo que é mais comprido e largo do que o modelo que passa à reforma (são mais 3,1 e 4,2 cm, respetivamente). A distância entre eixos também cresceu e agora chega aos 2,67 m, mais 3 cm do que antes. O aumento de quotas acaba por favorecer a vida a bordo, principalmente nos lugares traseiros.

O exterior ganha em presença, com faróis mais afilados que podem ser em LED matriciais pela primeira vez no modelo japonês (com 12 díodos de cada lado), grandes entradas de ar dos dois lados e uma grelha com lâminas que abrem e fecham em função das necessidades de refrigeração do motor, ajudando a melhorar a aerodinâmica e o consumo.

Jantes de… 20″, um recorde!

De perfil, destacam-se as jantes de 20″ montadas pela primeira vez num Qashqai, de série no nível de equipamento Tekna+, e uma linha de cintura ascendente que contrasta com o tejadilho descendente que culmina numa secção traseira muito angulosa. O efeito parece ter sido conseguido até porque a carroçaria proporciona uma visão muito atlética e dinâmica, sem chegar ao extremo de um SUV Coupé.

Atrás sobressai um enorme portão elétrico que dá acesso a uma bagageira de formas regulares e bastante aproveitáveis com 504 litros (mais 74 litros do que no Qashqai anterior). Não é a maior do segmento, mas defende-se muito bem.

Mais espaço interior

Sentado na fila de bancos traseira dá para perceber a amplitude de abertura da porta: quase 90º, o que facilita muito o acesso. Lá dentro, o espaço é bastante generoso, seja para a cabeça ou para as pernas. Aqui encontramos saídas de ar, bancos confortáveis, a possibilidade de colocar os pés debaixo dos bancos dianteiros… mas a Nissan podia ter sido mais arrojada e ter desenvolvido, por exemplo, um banco traseiro regulável longitudinalmente (como têm Ford Kuga e Volkswagen Tiguan) ou um encosto regulável em inclinação.

À frente, surge um tablier com um enorme ecrã de 9.0″ ao centro com informação muito bem ordenada. Existem diversos botões físicos, o que é de louvar, e percebe-se o incremento em qualidade dos materiais e da ergonomia. O painel de instrumentos é agora digital e surge em ecrã de 12.3″ e, nesta versão, existe um ‘head-up display’ de 10,8″ que é projetado diretamente no para-brisas.

Convém ainda não esquecer os inúmeros assistentes de segurança que são de série e que fazem parte do sistema ProPilot, que funciona cruzando dados do cruise control, do reconhecimento de sinais de trânsito e ainda do sistema de manutenção na faixa de rodagem, para alcançar a condução semiautónoma.

Sistema microhíbrido de 12 volts

Debaixo do capô está um motor de quatro cilindros de 1.3 litros de capacidade que debita 158 CV. A maior novidade é o facto de contar com a preciosa ajuda de um sistema “mild-hybrid” de 12 volts (pesa apenas 22 kg), que acrescenta um pequeno motor elétrico com funções de motor de arranque, apoia o bloco a gasolina nas acelerações e recupera energia nas desacelerações. O conjunto surge associado a uma caixa de velocidades CVT de múltiplas relações que funciona muito bem e que “transporta” a força para o eixo dianteiro.

Existem ainda três modos de condução, ECO, Normal e Sport que se diferenciam bastante entre si (com o modo ECO a resposta do motor ao acelerador é pouco evidente). O novo Qashqai é o primeiro modelo da aliança Nissan-Renault-Mitsubishi a utilizar a plataforma modular CMF-C, o que pressupõe maior leveza e rigidez. E a verdade é que estas duas características sentem-se bem ao volante.

É um automóvel mais sólido e mais colado ao chão. Ganhou, sobretudo, em agilidade, aproximando-se de rivais como o SEAT Ateca ou o VW Tiguan (o Ford Kuga está noutro patamar). A direção melhorou, mantém o tato muito assistido, mas está mais informativa, e o chassis, apesar das jantes de 20″ não é desconfortável. O conforto de sempre está todo lá, mas a dinâmica consegue sobressair mais nesta geração, graças a um conjunto convincente e cujos consumos acabam por nem ser assim tão elevados.

Quanto a preços, começam nos 28 500 euros, mas a unidade por nós ensaiada tem valores que arrancam nos 40 mil euros, provavelmente um valor demasiado elevado para um Qashqai, mas só o mercado o dirá.

Ficha Técnica
Nissan Qashqai 1.3 158 CV mHEV 12V Xtronic 4×2 Tekna+
Motor Gasolina, 1333 cc, 4 cilindros em linha, turbo, intercooler
Potência: 158 CV às 5500 rpm
Binário: 260 Nm entre as 1800 e as 4000 rpm
Sistema Mild Hybrid 12 V (motor de arranque/gerador)
Transmissão Tração dianteira, caixa CVT X-Tronic
Aceleração 0-100 km/h 9,2 s
Velocidade máxima 199 km/h
Consumo de combustível (WLTP) 6,4 l/100 km
Emissões CO2 (WLTP) 144 g/km
Dimensões (C/L/A) 4425/1848/1625 mm
Distância entre eixos 2665 mm
Pneus 235/45 R20
Peso 1468 kg
Bagageira 504-1447 litros
Preço 40.000€

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.