A entrada da Polestar em Portugal faz-se com o 2, uma berlina de estilo ‘fastback’ totalmente elétrica que faz da qualidade geral e da eficiência de condução dois dos seus principais argumentos. Partilhando alguns dos seus componentes com a ‘prima’ Volvo, o Polestar 2 é um dos melhores elétricos do mercado no cômputo de todos os seus atributos.

Lançado em 2020, mas só agora prestes a chegar a Portugal, o Polestar 2 é um modelo ambicioso, que se começa por destacar pela vertente estética. Não sendo um SUV, esta berlina sobrelevada (tem 15,1 cm de distância ao solo) impõe-se de forma evidente tanto em movimento, como parado, com um design muito bem conseguido e sólido, exalando qualidade na montagem dos painéis da carroçaria. O comprimento total deste modelo é de 4606 mm, enquanto a distância entre eixos é de 2735 mm.

Tendo por base a mesma plataforma CMA que a Volvo utiliza nalguns dos seus automóveis, o Polestar 2 não esconde alguns ‘genes de família’, mais concretamente no interior, que repete a enormíssima qualidade de construção e dos materiais vista no exterior. Num ambiente minimalista e funcional, com alguns comandos semelhantes aos dos modelos do Volvo, sobretudo quando se atenta no volante. A diferenciação maior chegará numa fase posterior da vida da Polestar.

O desenho da consola central, com formato de ‘U’ invertido, é interessante ao olhar, bem como a alavanca da caixa no seu centro, que apresenta o logótipo da marca retroiluminado. Pouco acima está o ecrã central de 11″ em posicionamento vertical, que integra um sistema de infoentretenimento concebido pela Google, permitindo assim o recurso ao serviço de mapas e navegação online, bem como outras funcionalidades proporcionadas pela gigante informática. As atualizações ‘OTA’ (remotas e sem fios) permitem atualizar funções do sistema e do próprio veículo.

O condutor também tem direito a um ecrã para a apresentação das informações de condução, mas ao contrário de outros modelos rivais, não é personalizável, ainda que permita variar o tipo de informações que apresenta. Tem ótima visibilidade geral e é fácil de manusear a partir do volante.

Em termos de habitabilidade, este é um elétrico muito correto para quatro adultos, sendo os lugares traseiros espaçosos q.b. para dois passageiros, mas pouco convidativos para três, não só pela largura algo escassa entre ombros, mas também pelo túnel central elevado que denuncia a utilização de uma plataforma que ainda não é 100% pensada para os veículos elétricos. A bagageira, com portão de acionamento elétrico, é correta, com 405 litros atrás a que se juntam mais 41 litros na dianteira.

Em suma, se quisermos resumir o interior, é um local de enorme qualidade, construído de forma minuciosa e com ótima escolha de materiais, fazendo inveja a alguns dos rivais presentes no mercado há mais tempo.

Condução primorosa

Tal como descrito pelo (inestético) autocolante colado nas portas, o Polestar 2 ensaiado era a versão de maior autonomia com um único motor, ou seja, a Long Range Single Motor, portanto com a bateria de 78 kWh e motor elétrico singular de 170 kW/231 CV com tração dianteira (há uma bateria de menor capacidade, com 69 kWh).

Uma combinação mais do que suficiente para um desempenho veloz, apto para toadas urbanas e para ambições mais desportivas fora da grande urbe, merecendo sobretudo destaque nas recuperações (330 Nm de binário praticamente instantâneo) que, sem serem bombásticas, permitem já ótimo desempenho à imagem de um desportivo médio, como provam também os 7,4 segundos anunciados de aceleração dos zero aos 100 km/h.

Mas, o seu maior argumento até nem é o desempenho do motor elétrico (fornecido pela Siemens/Valeo), mas sim a afinação do chassis com vista a uma condução que, dinamicamente, merece poucos reparos e muitos elogios. Efetivamente, este é um dos melhores elétricos para quem preza o gosto pela condução, graças a uma direção precisa (com níveis de assistência configuráveis no ecrã central) e um amortecimento firme, mas longe de ser desconfortável. Capaz de conter muito bem o rolamento da carroçaria, o Polestar 2 curva com mérito, não deixando de ser refinado na passagem por mau piso.

A acompanhar essa boa premissa está ainda boa insonorização face ao ruído exterior, algo que é importante na era dos elétricos.

Nota ainda para a variabilidade de configuração no modo de condução ‘one pedal‘, ou seja, podendo escolher a intensidade da regeneração e da desaceleração: com a desaceleração no máximo, pisar o travão torna-se pouco relevante na maior parte das situações. A autonomia homologada é de 542 quilómetros em ciclo WLTP, o que nos parece algo otimista. No nosso ensaio, obtivemos uma média de 19.1 kWh/100 km, com uma autonomia mais realista em torno dos 440 quilómetros.

Para carregar, o 2 surge com um carregador de bordo de 11 kW para tomadas trifásicas CA, enquanto um posto de carregamento rápido permite até 155 kW, o que lhe permite repor carga de 10 a 80% em apenas 35 minutos.

O preço para este modelo é de 53.400€, o que se adequa perfeitamente à qualidade e ao conceito mais premium deste Polestar Long Range Single Motor, que conta com praticamente todos os elementos necessários para se destacar num mercado cada vez mais povoado de propostas.

VEREDICTO

Acabada de chegar ao mercado, o Polestar 2 afigura-se um automóvel com vistosa aptidão qualitativa na condução e na construção, valendo-se ainda de componente tecnológica muito apurada que podem ser argumentos mais do que suficientes para convencer os adeptos da mobilidade elétrica e incentivar os demais a fazer a transição.

Embora lhe falte um pouco mais de distinção face aos Volvo, este Polestar 2 assume um princípio estético e qualitativo muito convincente, traduzindo-se sobretudo numa postura de condução que se assume como um ponto forte em termos de refinamento e de dinamismo, cumprindo aquele que é um dos objetivos desta marca de performance.

A ‘guerra’ entre os modelos elétricos de segmento premium está cada vez mais povoada, mas o Polestar 2 parece estar numa ótima posição para dar ao Tesla Model 3 e demais rivais uma grande dor de cabeça.

 

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AVALIAÇÃO
Qualidade geral
9.5
Dinâmica
9
Espaço
8
Segurança
9.5
Prestações
9
Consumos
8
Preço/equipamento
9