É comum dizer-se que o azar de uns é a sorte de outros e a perda de popularidade dos monovolumes convencionais acaba por trazer benefícios a modelos como os novos mini-MPV (multi-purpose vehicles) derivados dos automóveis ditos ‘de trabalho’, os Veículos Comerciais Ligeiros.
Entrando no Kangoo de nova geração (seja com motorização de combustão, seja elétrica), acede-se a um universo recente da Renault, tanto no estilo interior, como na conceção dos diversos sistemas de assistência e funcionalidades de segurança. Aliás, se se esquecer por um momento o veículo em que se entrou, poderíamos jurar que estávamos num Clio ou Captur, sendo importante destacar a boa qualidade de construção geral, o posicionamento ergonómico de todos os comandos e os bancos cómodos, sobretudo na frente. Ainda assim, apreciando bem todos os revestimentos, nota-se que está algo atrás de outros modelos de passageiros, mesmo que a faixa em madeira no tablier dê outra aparência qualitativa.
Depois, há todo um universo de locais de arrumação no habitáculo que permitem acomodar tudo com segurança: nas portas, no tablier (à frente do condutor e ao centro), na consola central (com alavanca da caixa em posição sobrelevada) e na prateleira superior junto ao para-brisas. Por fora, as barras de tejadilho modulares (opcionais por 357€) são outra vantagem, enquanto o acesso ao habitáculo para os lugares posteriores (três individuais) é melhorado pelas portas laterais deslizantes que tornam tudo mais simples.
O espaço atrás é mais do que suficiente para ocupantes adultos, sobretudo no que toca em altura do assento ao tejadilho e na largura, enquanto o espaço para as pernas é aceitável. Os dois passageiros junto às portas tiram ainda partido de práticas bandejas situadas nas costas dos bancos dianteiros.
Já a bagageira é imensa e é onde está a sua maior vantagem face aos SUV atuais – com 775 litros de capacidade do piso até ao tejadilho e altura do lábio ao solo bastante baixa, o que evita assim ter de efetuar grandes esforços no ato de carga. Por outro lado, o portão da bagageira é… gigantesco, pelo que convém ter atenção ao espaço para outros veículos atrás ou paredes.Tecnologicamente, nota para o painel de instrumentos misto com ecrã central digital para disposição de informações de condução e para o ecrã tátil central de 8.0″ com o sistema de infoentretenimento Easy Link idêntico ao que se pode encontrar também nos Clio e Captur, com a possibilidade de ligar Android Auto e Apple CarPlay (por fios).
Desempenho interessante
O motor 1.3 TCe de 130 CV dá ao Kangoo um desempenho muito interessante, estando associado a caixa manual de seis velocidades. Este bloco, que já era conhecido da marca, permite-lhe acelerar de forma decidida e voluntariosa, logo a partir das 1700 rpm, dando assim uma boa impressão de condução quando na mudança mais adequada. Isto porque o escalonamento da caixa de seis velocidades é bastante largo nas duas mudanças superiores, obrigando circunstancialmente a recorrer à caixa para as necessárias reduções. Há um modo de condução ‘Eco’, que suaviza a entrega da potência, mas torna-se pouco relevante em condução quotidiana, sobretudo quanto mais carregado estiver o Kangoo.
Trata-se de motor refinado no seu funcionamento, praticamente sem vibrações relevantes, merecendo também elogios a insonorização do habitáculo – exceção para o ruído aerodinâmico em autoestrada. O consumo médio pareceu-nos comedido, com um valor final no total dos 100 quilómetros de teste (de medição) nos 6,9 l/100 km, mas num estilo de percursos mais citadino é comum atingir-se valores perto dos 8,0 l/100 km.
Com um preço de 27.113€ na versão de equipamento base (Authentic), a versão ensaiada Equilibre contava com diversos elementos mais relevantes, como as jantes de liga leve de 17 polegadas, computador de bordo com ecrã TFT a cores de 4.2″, sistema Easy Link 2 com ecrã tátil de 8.0″ (navegação é opcional), sensores de chuva e luminosidade e faróis Full LED Pure Vision, por um preço de 30.421€. Entre os opcionais relevantes, a cor metalizada castanho Terracota (554€), o Pack Conforto Interior (carregador de telemóvel por indução, mesas tipo “avião” nas costas dos bancos dianteiros, espelho de vigilância dos lugares traseiros e suporte para smartphone), por 258€, e o Pack Mãos Livres (cartão mãos livres e vidros laterais traseiros elétricos), por 308€. No caso da versão ensaiada, o valor total aproximava-se já dos 35 mil euros.
VEREDICTO
O Kangoo é um exemplo da evolução automóvel no segmento dos MPV, posicionando-se diretamente como uma alternativa aos seus SUV de passageiros de segmento médio, como o Captur. Embora não tenha o ‘carisma’ do seu ‘primo’, o Kangoo nesta versão Equilibre oferece imenso espaço a bordo, arrumação de primeiro nível e um desempenho bastante convidativo para diferentes tipos de utilização.
O motor 1.3 TCe de 130 CV e 240 Nm de binário é empenhado e permite uma ampla utilização por parte do condutor, satisfazendo as suas principais necessidades. O preço em torno dos 30 mil euros nesta versão fomenta também o seu posicionamento como rival dos modelos de passageiros do segmento C.
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| AVALIAÇÃO | |
Qualidade geral 9 | |
Prestações 8 | |
Espaço 9 | |
Segurança 9 | |
Condução 8 | |
Consumos 7.5 | |
Preço/equipamento 8.5 | |
8.4 PONTUAÇÃO GERAL | |
