Completamente renovado, o SEAT Leon assume-se como o esteio da nova ordem de eletrificação na marca espanhola, trazendo novos formatos motrizes para o modelo, como é o caso da variante híbrida plug-in (de ligar à tomada). Nos novos tempos em que é imperioso cortar as emissões, a SEAT conta aqui com um modelo deveras importante na sua estratégia, mantendo todos os atributos que fazem do Leon um sucesso, sobretudo a sua propalada agilidade dinâmica e espaço a bordo.
No cerne da versão PHEV está a já conhecida associação entre o motor 1.4 TSI de 150 CV de potência e um motor elétrico de 85 kW (116 CV), o Leon e-Hybrid oferece uma potência combinada de 204 CV e 350 Nm, o que são mais do que suficientes para dar a este compacto uma veleidade dinâmica apurada sem que se sinta qualquer constrangimento decorrente do aumento de peso (cerca de 200 kg face a uma versão apenas de motor convencional). A alimentar o motor elétrico está uma bateria de iões de lítio de 13 kWh, o que lhe permite uma autonomia em modo elétrico de 64 quilómetros – um valor bastante interessante atendendo ao que o mercado oferece neste momento.
Silêncio em andamento
Utilizando o modo elétrico (E-Mode), o Leon Sportstourer consegue imprimir bons ritmos, valendo-se sobretudo dos 330 Nm do motor síncrono permanente, num argumento que é usual a este tipo de motorização. Mas, o que também impressiona é a capacidade de insonorização a bordo, concedendo uma sensação de requinte muito bem conseguida. Claro está que os responsáveis da SEAT não descuraram a sua agilidade, pelo que, apesar do já apontado aumento de peso, este Leon responde bastante bem a uma condução mais desportiva, fruto de uma direção informativa e precisa.
À já proverbial rapidez de resposta, o motor elétrico consegue aliar a eficiência, com uma autonomia mais realista a variar entre os 50 e os 55 quilómetros, dependendo da intensidade do pé direito. Também dispõe de regeneração da energia cinética, o que lhe permite usar a inclinação do piso a seu favor, com a leitura dos sinais de trânsito e a proximidade ao veículo da frente a incrementarem o nível de regeneração, através da adequação da velocidade do momento à velocidade aconselhada.
O grande segredo para qualquer PHEV é recarregá-lo na tomada e no caso do Leon e-Hybrid não é diferente: numa tomada doméstica de 2.3 kW, o processo de carregamento de zero a 100% leva cerca de 5h50 minutos. Podendo carregar a 3.6 kW, por via de ‘wallbox’, a solução torna-se ainda mais relevante, carregando de zero a 100% em 3h40 minutos. Esta é a fórmula para o aproveitamento das potencialidades dos sistemas híbridos plug-in.
Como também sucede em muitos outros modelos com a mesma configuração, há penalizações na funcionalidade, mesmo que ligeiras. A instalação da bateria sob os bancos traseiros obrigou à transferência do depósito de combustível para a zona da bagageira, traduzindo-se num decréscimo da capacidade de carga na ordem dos 150 litros, de 620 para 470 litros. Em termos práticos, a diferença não é muita, sendo a única diferença para o utilizador o desaparecimento do fundo falso.
Modo híbrido
Com força desde muitos baixos regimes, a aceleração pode ser intensa, com um tempo dos zero aos 100 km/h em 7,7 segundos, mas o destaque vai para a capacidade de recuperação, sempre enérgica e sempre decidida, sem indícios de indecisões na entrega da potência combinada. Porém, regra geral, o Leon e-Hybrid no modo híbrido vai sempre dar primazia à eficiência, não havendo sequer um modo desportivo como noutros modelos da marca (na versão Excellence).
Como também é usual nos híbridos plug-in, há modos de manutenção da carga num determinado patamar para uso posterior e de carregamento a partir do motor térmico, método que não é particularmente eficiente pelo consumo de combustível associado.
Passando para as médias de consumo, nos primeiros 100 quilómetros de ensaio registou um valor de 2,5 l/100 km, sobejamente interessante para um familiar que, utilizado amiúde em ligação à rede elétrica, pode oferecer uma boa autonomia sem emissões e com a possibilidade sempre desejável de cumprir largos quilómetros de viagens de férias sem temores com a carga da bateria. A média do consumo energético foi de 8.4 kWh/100 km (note-se que o valor do consumo deste item baixa em proporção inversa à do aumento do consumo de combustível, uma vicissitude do método híbrido).
Bom comportamento
A família agradece
Apesar da ligeira perda de capacidade na bagageira, que não lhe retira grande versatilidade, o espaço interior é um dos seus melhores predicados, sobretudo quando se viaja nos bancos traseiros, onde a amplitude para as pernas é muito positiva, assim como a altura interior. Neste sentido, a carrinha Leon está num patamar muito bom.
Por outro lado, algumas questões de ergonomia poderiam ser melhores. Tal como sucede com o ‘primo’ Volkswagen Golf, há um exagero de elementos táteis, sendo notório sobretudo nos controlos da climatização e do volume do sistema de áudio. Fora esses pontos táteis, a grande maioria dos sistemas está agrupado no ecrã tátil central de 10 polegadas, com boa resposta e possibilidades de múltipla configuração, ainda que exija habituação e algum desvio do olhar durante a condução. De resto, qualidade bastante elevada em todos os parâmetros de análise.
Com um preço base de 38.722€, o Leon Sportstourer e-Hybrid surge com diversos equipamentos de série que ajudam a tornar o custo mais entendível, como é o caso das jantes de liga leve de 17 polegadas, o ecrã tátil central de 10 polegadas com compatibilidade aos sistemas operativos Android Auto e Apple CarPlay, cruise control, faróis com tecnologia LED, instrumentação digital personalizável e sensores de estacionamento nas duas extremidades.
Preenchendo todos os requisitos para quem procura um familiar competente, dinâmico e eficiente, o SEAT Leon Sportstourer e-Hybrid assume-se como um dos melhores modelos do seu segmento, com a vertente híbrida a mostrar-se versátil e funcional para quem necessita de uma carrinha ágil, confortável e com espaço adequado para o dia-a-dia e para as viagens de férias.
Acabará por ser um modelo capaz de encher as medidas a quem procura agradabilidade de condução, o que joga muito a seu favor, tal como os consumos muito baixos e a componente elétrica eficaz nas prestações e na autonomia.
MAIS
Prestações do sistema híbrido
Consumos baixos
Qualidade geral elevada
Espaço na segunda fila
Solidez e tato de condução
Relação preço/equipamento
MENOS
Capacidade da bagageira ligeiramente prejudicada
Excessiva ‘centralização’ tátil
Sistema de travagem autónomo muito interventivo
FICHA TÉCNICA
SEAT Leon Sportstourer 1.4 e-Hybrid DSG
Motor térmico Gasolina, 1395 cc, quatro cilindros em linha, turbo, intercooler
Potência 150 CV às 5500 rpm
Binário 250 Nm entre as 1500 e as 3500 rpm
Motor elétrico Síncrono de íman permanente, 85 kW (115 CV), 330 Nm
Bateria Iões de lítio, 13 kWh
Potência combinada 204 CV
Binário combinado 350 Nm
Transmissão Dianteira, caixa automática de seis velocidades (DSG) ‘shift-by-wire’
Dimensões (C/L/A) 4642/1799/1456 mm
Distância entre eixos 2682 mm
Aceleração 0-100 km/h 7,7s
Velocidade máxima 220 km/h
Consumo médio 1,1 l/100 km
Emissões CO2 26 g/km
Autonomia elétrica 64 km
Carregamento 3h40 a 3.6 kW (Wallbox); 6h a 2.3 kW
Peso 1658 kg
Bagageira 470-1450 litros
Pneus 225/45 R17 (série)
Preço base 38.722€
Preço ensaiado 41.329€
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