É preciso olho de lince para detetar as mudanças no Skoda Kodiaq, mas elas existem e são relevantes. Ligeiramente retocado, este SUV de maiores dimensões reforçou o seu lado estético, mas mantém a funcionalidade de topo que é cimentada pela possibilidade de contar com sete lugares a bordo. No compartimento do motor está um bloco 2.0 TDI de 150 CV que tem pontos bastante positivos e outros… menos bons.

Primeiro SUV da Skoda com base na plataforma MQB do Grupo Volkswagen – viria depois a ser complementado com as versões Karoq e Kamiq (o Enyaq já tem base elétrica MEB) –, o Kodiaq revelou-se um grande sucesso para a marca checa, valendo-se claramente dos atributos de elegância, fiabilidade e funcionalidade a bordo.

Com esta atualização, o desenho ficou mais apurado, com a nova grelha mais vertical e capô mais elevado, sendo estas duas das principais diferenças. Os para-choques têm igualmente desenho novo, com o dianteiro a dispor de pequenos elementos negros em ‘L’ nas extremidades. Por outro lado, os faróis são ligeiramente mais estreitos e têm uma aparência mais dinâmica, com os faróis de nevoeiro separados a oferecerem um visual de estilo ‘quatro olhos’. A iluminação conta com tecnologia LED de série, podendo receber sistema avançado Full LED Matrix opcionalmente, como no caso da unidade ensaiada, assumindo-se como um dos elementos verdadeiramente interessantes para a condução noturna, sobretudo com a tecnologia de adaptação das luzes de máximos em zonas pobremente iluminadas.

Na traseira, além do novo para-choques com um difusor específico, destaque para o spoiler superior e para as luzes traseiras LED em farolins igualmente redesenhados, embora com a mesma assinatura em ‘C’. As opções de jantes chegam agora às 20 polegadas, tendo a unidade Sportline do ensaio jantes de 19 polegadas de série.

O interior prima pela robustez de construção e pela escolha de bons materiais (há novos revestimentos), oferecendo assim um ambiente bastante acolhedor e refinado, embora o seu aspeto seja claramente familiar em relação a outros modelos da marca checa. A posição de condução é elevada e oferece boa visibilidade geral, com o condutor a tirar partido igualmente de instrumentação digital de 10.25 polegadas amplamente configurável a partir de comandos no volante, que também é novo: no nível Sportline, a aparência é mais desportiva, com três braços e referência à versão na parte inferior.

O ecrã central com 9.2 polegadas conta com o sistema de infoentretenimento Columbus com navegação (895€), o qual permite grande conectividade, ligando-se aos sistemas Apple CarPlay e Android Auto sem fios, além de permitir ainda comandos por voz para algumas funcionalidades. Nota positiva para a manutenção dos comandos físicos para a climatização e para os muitos espaços de arrumação disponíveis a bordo, seja nas portas (havendo o já habitual espaço para o chapéu de chuva), seja na consola central entre os dois bancos dianteiros (de estilo desportivo e com ótimo apoio do corpo).

Em termos de habitabilidade, não há alterações em relação à excelente funcionalidade do Kodiaq, tratando-se de um facelift e não de um modelo novo. Os bancos traseiros dispõem de ajuste longitudinal por calhas, o que permite variar o espaço disponível não só para ocupantes desses lugares, mas também a capacidade da bagageira quando os cinco lugares estão erigidos (560 litros) ou, no caso de a terceira fila ser necessária, permitir que dois ocupantes se possam sentar com relativa comodidade nos dois pequenos bancos que se podem escamotear no piso da bagageira.

Apesar de serem soluções de recurso para adultos, não são demasiado desconfortáveis, ainda que naturalmente sejam sobretudo para crianças, sendo preciso que os ocupantes da segunda fila também cooperem, chegando o seu banco um pouco à frente. Mais complicado é mesmo o acesso e saída, pois o espaço entre a segunda e a terceira fila é exíguo. Já a bagageira, cavernosa no caso de ter cinco lugares, fica mais reduzida quando em configuração de sete lugares (270 litros), o que é expectável. O espaço para arrumar a chapeleira sob o piso é outro retoque bem concebido por parte dos engenheiros da Skoda.

Motor cumpridor

Na versão ensaiada, o Kodiaq dispunha de motor 2.0 TDI de 150 CV de potência e 360 Nm de binário, associado a uma caixa automática DSG de dupla embraiagem com sete velocidades. Na sua essência, esta mecânica oferece um nível de desempenho bastante correto. Sem brilhantismo desportivo nas prestações, oferece desenvoltura suficiente para as toadas quotidianas, assumindo-se como um bloco mais ‘vivo’ em médios regimes. Essa circunstância deriva de um escalonamento de caixa algo mais espaçado, obrigando, em determinadas ocasiões a que a mesma mudança seja mantida por mais tempo do que o esperado (o recurso às patilhas da caixa atrás do volante ajudam a contornar esta questão). Também em arranque se torna notório algum “arrastamento” por parte do motor TDI para movimentar este SUV de cerca de 1800 kg, tornando-se audível a bordo.

Porém, assim que suplanta essa fase inicial de arranque, o Kodiaq ganha embalagem e permite ritmos mais vivos, brilhando pelos consumos, geralmente contidos. A disponibilidade do binómio motor/caixa torna-se mais interessante nos modos de condução ‘Normal’ e ‘Sport’, sobretudo neste último, que acentua ligeiramente a resposta do acelerador, mas sem transfiguração de carácter. No polo oposto, o modo ‘Eco’ reforça o lado da eficiência, sendo comum circular em modo de condução ‘à vela’. Tal permite um menor consumo. No ensaio, obtivemos um valor de 6,1 l/100 km, adequado ao conjunto.

Muito satisfatório, o seu comportamento permite uma abordagem confiante de praticamente todos os tipos de trajeto, variando entre o refinamento de viagens em autoestrada e a boa estabilidade em trajetos sinuosos. O Karoq exibe um controlo apreciável da carroçaria em curva, enquanto a direção tem um peso ajustado e é precisa. O amortecimento (que não é variável) promove esse mesmo equilíbrio dinâmico com uma compostura elogiável em mau piso, digerindo bastante bem as irregularidades apesar das grandes jantes. Neste aspeto, nada se pode apontar a este SUV.

Se o Kodiaq tem um custo de 49.800€, a sua lista de equipamento muito preenchida justifica bem o valor pedido nesta linha Sportline, que reforça a tónica desportiva em diversos aspetos. Alguns dos opcionais, como a pintura metalizada (540€), a abertura e fecho elétrico da bagageira (440€) ou o infoentretenimento Columbus com navegação (895€) acrescentam funcionalidade e competências, elevando o preço a pagar para lá dos 51.000€. Nota que a gama Kodiaq arranca nos 44.829€.

VEREDICTO

O Kodiaq assume-se como um dos melhores SUV do segmento, fazendo praticamente tudo bem, mas sobressai em especial em campos como o da habitabilidade, funcionalidade e condução, que traduzem uma filosofia muito realista da Skoda de se ajustar às necessidades dos condutores.

Apesar de a motorização 2.0 TDI de 150 CV exigir algum grau de ajuste de expectativas, este Kodiaq responde de forma competente na grande maioria das situações, com a caixa DSG a revelar grande suavidade no seu funcionamento, num binómio que aparenta ser mais orientado para a eficiência do que para prestações puras.

Bem equipado e muito completo na sua oferta, este SUV tem um posicionamento reforçado e ganha assim maiores virtudes num mundo onde ser SUV é meio caminho andado para o sucesso, mas não é tudo: há que ser bom no conjunto e o Kodiaq é efetivamente bom.


MAIS
Estilo sólido
Qualidade de construção geral
Funcionalidade e versatilidade dos sete lugares
Equipamento de base
Espaço geral
Comportamento muito equilibrado
Consumos

MENOS
Motor nem sempre lesto nas respostas
Alguns equipamentos disponibilizados apenas como opcionais

Ficha Técnica
Skoda Kodiaq 2.0 TDI 150 CV DSG7 Sportline
Motor: Diesel, 1968 cc, 4 cilindros em linha, injeção direta, tgv, intercooler
Potência: 150 CV entre as 3500 e as 4000 rpm
Binário: 360 Nm entre as 1750 e as 3000 rpm
Transmissão Tração dianteira, caixa automática de 7 vel.
Aceleração 0-100 km/h 9,8 s
Velocidade máxima 204 km/h
Consumo de combustível (WLTP) 5,6 l/100 km
Emissões CO2 (WLTP) 146 g/km
Dimensões (C/L/A): 4697/1882/1660 mm
Distância entre eixos: 2790 mm
Pneus 235/50 R19
Peso 1751 kg
Bagageira 270-560/760-2005 litros
Preço 49.800€
Gama desde 44.829€

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