A história do Taigo não é propriamente nova, sendo uma derivação direta do Nivus, modelo originalmente lançado em meados de 2020, no Brasil, tendo sido desenvolvido em parceria pelos dois irmãos gémeos Pavone, Marco e Carlos. O resultado foi um modelo de linhas dinâmicas com base na plataforma MQB-A0, a mesma que é utilizada nos T-Cross e Polo. Sob essa mesma base, o Taigo – porque na Europa todos os SUV da Volkswagen começam por ‘T’ – foi convertido e revisto nalguns aspetos, recebendo diversas alterações técnicas e tecnológicas para se adequar aos gostos do Velho Continente.

Mais largo e mais longo do que o T-Cross, mas com a mesma distância ao solo, o Taigo ganha maior impacto visual. Mede 4266 mm de comprimento, 1494 mm de altura e 1757 mm de largura, sendo em todos os casos maior do que o Polo e o T-Cross. O desenho inspirado nos coupé fica especialmente visível a partir do pilar B para trás, com a linha de tejadilho a descer suavemente rumo à zona da bagageira, melhorando igualmente a habitabilidade nos bancos traseiros (dispõe de cinco lugares) e a capacidade da mala, com 438 litros, um valor bastante interessante para um SUV de cerca de 4,26 metros de comprimento.

A iluminação fica a cargo de tecnologia LED, tanto à frente, como atrás, com a possibilidade de dispor de sistema IQ.Light de matriz LED a partir do nível de equipamento Style, com uma barra iluminada ao longo da grelha dianteira, num elo de ligação com outros modelos da Volkswagen, como o Golf, Arteon ou Tiguan Allspace. Na traseira, os farolins ligados entre si por uma faixa horizontal dão uma sensação de maior largura e carácter. As jantes de 18 polegadas (com pneus 215/45 R18) dão-lhe um toque suplementar de desportividade que a linha de equipamento R-Line sabe muito bem impor.

O que a marca não menorizou foi a sensação de qualidade percebida, pelo que o Taigo revela padrões elevados na construção, mesmo que o desenho do tablier não seja propriamente inovador. Destaque para o revestimento macio no tablier que dá uma outra aura qualitativa. Ao nível tecnológico, realce para o sistema Digital Cockpit de série com ecrã de 8.0 polegadas (o Digital Cockpit Pro de 10.25” está disponível em opção), que pode ser combinado com o sistema de infoentretenimento com ecrã tátil de 8.0″ e sistema ‘Ready 2 Discover’. Opcionalmente, há outro sistema assente em ecrã tátil de 9.25”, denominado ‘Discover Pro’.

A terceira geração do sistema tem a particularidade de já permitir a aquisição de funções ‘on demand’, ou seja, adquiridas posteriormente à aquisição, estando previstas atualizações de navegação, App Connect (Apple CarPlay e Android Auto), Voice control ou o cruise control adaptativo.

Quatro adultos encontram espaço suficiente para viagens com conforto, sendo que três ocupantes atrás já obriga a maiores concessões em virtude da largura entre ombros mais modesta nos lugares traseiros.

Em termos de segurança, o novo Taigo recebe muitos dos elementos mais avançados da marca, como o opcional IQ.Drive Travel Assist que oferece cruise control adaptativo (ACC) com referência aos limites de velocidade e de rota a partir do sistema de navegação, assistente de manutenção de faixa de rodagem (Lane Assist) e outros elementos para conseguir oferecer condução semiautónoma em autoestrada a velocidades até 210 km/h. De série, o Taigo dispõe de sistemas como o Front Assist com travagem autónoma de emergência e Lane Assist, além de um airbag central para reforçar a segurança passiva.

Agradável irreverência

Além do estilo dinâmico, o Taigo cumpre também com os objetivos de um SUV ágil e seguro, agradando a quem procura um companheiro de viagem bastante nobre na sua abordagem a diferentes tipos de piso e de condução. Alicerçando-se num chassis bem concebido, o Taigo demonstra boas qualidades rolantes, permitindo abordagem confiante às curvas e bons níveis de conforto em mau piso (mesmo se a firmeza é maior do que a de outros concorrentes do segmento, como o Citroën C3 Aircross ou o Renault Captur). A solidez geral em condução quotidiana é referencial no segmento.

A ajudar na apreciação dinâmica está igualmente a motorização 1.0 TSI de três cilindros, que é particularmente refinada no seu funcionamento e enérgica na entrega dos 110 CV de potência e 200 Nm de binário máximo. Desta forma, o Taigo sobressai nas prestações como uma proposta equilibrada, mostrando facilidade a incrementar o ritmo, sobretudo por ação também da atuação muito competente da caixa DSG de sete velocidades, sempre muito assertiva na ‘leitura’ das situações. Apenas ocasionalmente será preferível recorrer às patilhas atrás do volante para impor outro registo, nomeadamente por alguma fase em que uma mudança está engrenada por mais tempo do que o necessário.

O consumo também se revela regrado, com uma média de 5,9 l/100 km no ensaio de 100 quilómetros, em linha com o que seria de esperar para um modelo compacto e ligeiro que não tem pretensões de velocista, nem de desportivo.

Com uma lista de equipamento recheada na versão R-Line, dispondo de sistema Digital Cockpit, tecnologia de iluminação IQ.Light LED Matrix (com assistente de luz dinâmica, controlo de alcance de faróis e faróis de nevoeiro dianteiros) ou o sistema ‘Ready 2 Discover’ com ecrã tátil de 8.0” com App Connect Wireless para Apple CarPlay e Android Auto, este Taigo conta com um preço de 31.514€, o que já é um valor substancial para um modelo que fica no cruzamento entre os segmentos B e C.

VEREDICTO

O Taigo encarna com bastante satisfação a filosofia de um SUV coupé bastante completo e competente nas suas aspirações, sendo ‘dono’ de uma imagem moderna e bem conseguida que dará luta, desde logo, ao seu ‘irmão’ T-Cross. A versatilidade dinâmica e a qualidade geral são outros argumentos deste modelo muito compacto, mas que oferece boas cotas de habitabilidade e bagageira ampla para a grande maioria das necessidades.

O motor 1.0 TSI de 110 CV é um ajuste equilibrado para prestações consistentes e aprazíveis para o condutor, beneficiando de uma boa elasticidade em todas as condições para assim se mostrar frugal nos consumos e, simultaneamente, entusiástico nas respostas desde baixos regimes, sendo imperioso notar que a caixa DSG tem um papel importante neste aproveitamento mecânico do bloco tricilíndrico.

O preço desta versão começa nos 29.778€ no caso da versão 1.0 TSI de caixa manual de seis velocidades em nível R-Line ou, no caso da versão ensaiada, nos 31.514€ com a caixa DSG de sete velocidades em nível idêntico. Já a gama Taigo inicia-se nos 24.307€.

MAIS
Qualidade geral
Prestações adequadas
Espaço no habitáculo
Estilo irreverente
Bagageira

MENOS
Preço de alguns opcionais

Ficha técnica
Volkswagen Taigo 1.0 TSI 110 DSG R-Line
Motor Gasolina, 3 cilindros em linha, injeção direta, turbo, intercooler
Cilindrada 999 cc
Potência 110 CV às 5000 rpm
Binário 200 Nm às 2000 rpm
Transmissão Dianteira, caixa automática DSG de sete velocidades
Aceleração 0-100 km/h 10,9 s
Velocidade máxima 191 km/h
Consumo médio (WLTP) 5,9 l/100 km
Emissões CO2 134 g/km
Dimensões (C/L/A) 4266/1757/1515 mm
Distância entre eixos 2554 mm
Peso 1260 kg
Mala 440-1222 litros
Pneus 205/55 R17 (ensaiado: 215/45 R18)
Gama desde 24.307€
Preço: 31.514€

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AVALIAÇÃO
Qualidade geral
8
Prestações
7
Espaço
7
Segurança
8
Condução
7
Consumos
7
Preço/equipamento
7