Este GT86, herdeiro do célebre AE86, nasceu para “andar de lado”, sendo o carro ideal para uns belos drifts, ritmados pela sonoridade do motor boxer (cilindros opostos) oriundo da Subaru, que também produz um “gémeo”, o BRZ, não comercializado em Portugal.
A estética não esconde o que vai na alma deste tração traseira. Baixo, com apenas 1,28 metros de altura, compacto, medindo 4,26 metros de comprimento 1,77 de largura, frente agressiva, traseira pontuada por duas enormes saídas de escape, este é um carro que enche o olho por onde quer que passe.
Quando nos sentamos nos ótimos bancos, mais parecidos com bacquets, percebemos que o GT86 é uma permanente tentação. Tudo está à mão, do volante bem vertical com uma bela pega e poucos comandos para nos distraírem, passando pela alavanca da caixa de velocidades, de curso curto, no sitio certo e de engrenamento irrepreensível.
Todas as informações essenciais do veículos estão bem à frente dos nossos olhos, incluindo um acelerómetro, cronómetro e a indicação da potência em tempo real. Um monitor tátil permite controlar o rádio ou a navegação, entre outras funções normais e o “piloto” de fim de semana conta com comandos acionados por teclas cromadas. Até o travão de mão é “normal”, ou seja, acionado por tradicional alavanca.
Este é um carro como já se fazem muito poucos, orientado para o prazer da condução, algo egoísta na forma como acolhe mal duas pessoas atrás, mas com uma mala suficiente para umas mini-férias.
Mas como este carro não gosta de estar parado e antes de nos fazermos à estrada, só uma nota para a boa qualidade dos materiais e para a sua correta montagem.Feito para as curvas
Bem encaixados nas semi-bacquets, com o volante de três braços a pedir curvas, damos vida ao motor carregando no botão em frente à alavanca das velocidades. O motor desperta de forma algo discreta, mas dois ou três toques no acelerador enlouquecem a agulha do conta rotações.
Dá logo para perceber que a “banda sonora” poderia ter sido trabalhada de outra forma e vem-nos à memória o som rouco (e louco) dos Subaru Impreza que usavam motores boxer
Em andamento, e apesar de acharmos que mais 50 cavalos não colocariam problemas ao GT86, de tal forma o carro é equilibrado e a suspensão eficaz, os 200 cavalos lidam bem com os pouco mais de 1200 quilos do carro. Os 7,6 segundos que demora a chegar dos zero aos 100km/h são um valor razoável que, não dando para ficar colado ao banco, fazem deste um carro rápido.
Mas a sensação de velocidade é amplificada por irmos tão perto da estrada e por o carro obedecer quase telepaticamente às nossas ordens. Este carro não é feito para “guerras” de semáforos nem alucinantes velocidades de ponta.
Mesmo carregando no hipnotizante botão “Track” (pista) não são precisos dotes de piloto para impressionar os amigos ou a namorada.
Este carro anda de lado tão naturalmente como nós respiramos, mas sempre de uma forma segura, que os dois estados não são incompatíveis. Nem em modo “track” e quando já pensamos na conta da oficina o GT86 nos deixa ficar mal.
Se a vida não lhe corre de feição, o mundo parece conspirar contra si e já não passa sem comprimidos, a Toyota tem para si este belo antidepressivo.
É viciante, tendo alguns defeitos, o principal dos quais é não dormir na nossa garagem. Ah, e o preço, que começa nos 46.200 euros.
| Características | Toyota GT86 Sport |
|---|---|
| Motor | 1.996 cc, quatro cilindros opostos (boxer), injeção direta e indireta D-4S |
| Potência | 200 CV/7.000 rpm |
| Binário | 205 Nm/6.400-7.000 rpm |
| Transmissão | Traseira, caixa manual de seis velocidades |
| 0-100 km/h | 7,6s |
| Velocidade máxima | 226 km/h |
| Consumo (anunciado/medido) | 7,8 l/100 km (8,2 l/100 km) |
| Emissões CO2 | 180 g/km |
| Dimensões (C/L/A) | 4.240/1.775/1.320 mm |
| Distância entre eixos | 2.570 mm |
| Peso | 1.260 kg |
| Suspensão (Fr/Tr) | Independente McPherson/independente com triângulos duplos |
| Mala | 243 litros |
| Preço (base/ensaiado) | Preço: 46.200€ |
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