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Vanderhall Venice Blackjack: há quanto tempo não se diverte a conduzir?

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Com um design simples, mas elegante, remete-nos para os imaginários náutico e da aviação. O exterior é fluido como uma lancha italiana da Riva, e o interior faz-nos crer que estamos a bordo de um avião de caça da Grande Guerra. O volante de três raios em madeira, e os escapes laterais com as proteções perfuradas ajudam a compor a ilusão.

 

“É muito divertido de conduzir”, quem o diz é Jay Leno, o famoso apresentador de televisão que é também um reconhecido colecionador de automóveis durante o seu programa Jay Leno’s Garage. Steve Hall, o presidente da Vanderhall Motor Works é o homem a quem se deve a criação deste veículo inteiramente montado à mão em Utah, nos EUA que se conduz como um automóvel, mas que está homologado como um motociclo tanto no país de origem, como por cá.

O processo de homologação foi penoso, explica-nos Rui Santos, o empresário português responsável pela importação da Vanderhall para Portugal e Espanha. Afinal estamos a falar de um veículo com apenas três rodas totalmente fora da carroçaria, não tem airbags nem controlo de estabilidade (ESP), mas tem cintos e arco de segurança (roll-bar), que dispensam a obrigatoriedade de usar capacete.

O chassis é em alumínio para poupar peso e conferir rigidez e para o nosso mercado vão estar disponíveis dois modelos: O Venice e o Carmel com gamas diferentes de equipamento e duas motorizações: um com 1.4 litros a gasolina de origem GM, a debitar 175 cv de potência, e outro com 1.5 litros e 194 cv, ambos turbo.

Começámos por aquele que é o modelo de entrada da marca. O Venice Blackjack com o motor 1400 cc é o mais “despido” de equipamento de toda a gama. No entanto ainda podemos contar uma caixa de seis velocidades automática, ABS, cruise control aquecimento por meio de uma bomba de calor (chauffage), controlo de tração, e até instalação de áudio com suporte para Bluetooth. É só emparelharmos o smartphone para podermos ouvir a música que queremos.

O Venice Blackjack é peculiar até na forma como entramos para dentro dele, como não tem portas, a primeira recomendação que recebemos é como o devemos fazer: “não se apoie no para-brisas!” diz-nos Nuno Fernandes, o responsável de vendas. Com efeito o pequeno para-brisas em vidro laminado está fixado de forma a suportar a deslocação do ar, mas não alguém que se apoie nele, e pode partir com alguma facilidade.

Uma vez no interior do Venice Blackjack, a primeira coisa que notamos é o quão baixo estamos em relação aos os outros automóveis, a chave fica no bolso e é só premir o botão (start) para colocar o motor a trabalhar. Praticamente não há isolamento na zona interior do capô, por isso o som do quatro cilindros está muito presente, mesmo ao ralenti. Engrenamos o modo Drive e logo nos primeiros quilómetros percorridos damos conta que entre muitos outros sons, ouvimos também a válvula do wastegate em quase todas as passagens de caixa.

A outra coisa que reparamos é o efeito magnético que causa nas pessoas que o vêm passar: desde transeuntes que ficam parados na passadeira a admirá-lo, a automobilistas que apitam e aprovam com o polegar para cima, continuando quando estacionamos, em que foi frequente sermos abordados para saberem informações.

Já numa estrada com condições para explorarmos as capacidades do Venice Blackjack percebemos que a caixa automática por vezes mantém a mudança quando gostaríamos que subisse, e reduz quando esperávamos que a mantivesse. É uma questão de habituação até encontrarmos a pressão ideal com que pisamos o acelerador, e pode ser resolvida se optarmos pelas patilhas no volante ou a manete sequencial. Cinco segundos é o tempo que demora a chegar aos 100 km/h, a condução é direta e sem filtros, a começar pela suspensão frontal inspirada na Fórmula 1, com braços oscilantes em alumínio que é extremamente competente, mas ainda assim confortável para uma utilização quotidiana. Com um peso pouco acima dos 600 kg, o Venice Blackjack tem uma distribuição de peso de sensivelmente 70% – 30%, e tendo tração dianteira, é preciso garantir que as duas rodas de 18” mantenham o máximo de contacto com o chão. Por isso recomenda-se moderação na utilização do pedal do travão para não desequilibrar a traseira. A direção é muito diferente do que estamos habituados nos automóveis comuns, mesmo de alguns desportivos: não tem praticamente desmultiplicação, é super direta e reage imediatamente a qualquer movimento do volante. Isto que faz com que seja muito preciso a curvar, mas ao contrário de uma direção normal precisa de ajuda para desfazer a curva e não gosta de movimentos bruscos.

Com o apelo de uma moto e a aura de um clássico sem os seus inconvenientes, o Vanderhall Venice é sinónimo de prazer garantido para quem gosta de conduzir e até paga o mesmo que as motos nas portagens. Para além de o achar divertido, Jay Leno também comparou a experiência de condução do Venice Blackjack à de conduzir um kart. E para quem já teve a oportunidade de o fazer, é fácil perceber porquê e concordar.

A localização do showroom numa rua da zona industrial de Odivelas não é onde esperaríamos encontrar este tipo de veículo à venda. Rui santos explica-nos que foi por uma questão prática, pois não tendo a empresa que ficou com os direitos da marca, experiência no mundo automóvel, tiveram de encontrar um parceiro de confiança que tratasse da montagem, e assistência aos veículos Vanderhall.

Preconceito à parte, basta entrar no espaço onde estão expostos, que mais parece uma boutique de luxo para percebermos que não estaria de todo deslocado se estivesse situado no centro de Lisboa na Av. da Liberdade, ou em Cascais. Apaixonado por automóveis, Rui santos é o presidente do conselho de administração da Arquiconsult, empresa responsável pela importação da Vanderhall para Portugal e Espanha. Pedimos-lhe que nos resuma como tudo aconteceu.

Motor24: Como surgiu a vontade/oportunidade para se aventurar neste negócio?

Rui Santos: Enquanto procurava um veículo que fosse divertido deparei-me com estes triciclos que não eram vendidos cá. Tentei comprar um usado, mas percebi que não iria conseguir legalizá-lo. Enviei um email para a Vanderhall USA e remeteram-me para a sucursal alemã que é quem distribui para fora do mercado norte americano. A partir daí decidimos ficar com a representação exclusiva para a península ibérica.

Motor24: Como tem reagido o público?

Rui Santos: Em cerca de cinco meses de funcionamento temos cinco unidades vendidas. Como é um conceito que está entre um carro e uma moto não é fácil as pessoas perceberem até experimentarem.

Motor24: A propósito disso, sendo um veículo tão peculiar e na opção da motorização 1.5 litros com 194 cv, já requer alguma habituação para não se apanhar algum susto. Vocês dão alguma formação aos clientes?

Rui Santos: O Vanderhall não é um veículo de pista, mas pelas suas características é muito reativo, por isso o que fazemos é acompanhar o cliente as vezes que forem necessárias, explicando todas as nuances do veículo até que se sinta confortável.

Vanderhall Venice Blackjack
Motor: 4 cilindros turbo
Cilindrada: 1399 cm3
Potência: 175 cv
Binário: 251 Nm
Transmissão: caixa de velocidades automática 6 velocidades
Peso: 660 kg
Consumo combinado: 7 l/100 km
Preço: a partir de 38 795 euros