Volvo S60 T5 Geatronic R-Design: Thor contra os alemães

08/08/2019

Exemplar de belíssimo porte, o Volvo S60 assinala a nova era da marca sueca, afastando-se definitivamente dos motores Diesel. Mantendo-se no segmento das berlinas Premium em contenda com os robustos rivais alemães, o S60 confia na sua elegância nórdica, sublinhada neste caso pelo visual musculado da linha R-Design. Um digno descendente de Thor, o deus nórdico dos trovões e das batalhas. Há lá melhor pano de fundo…

O S60 é o primeiro de toda a gama Volvo a dispensar o Diesel, cumprindo assim com a promessa da marca sueca de se distanciar desse tipo de motorizações. Ao invés, envereda pelo caminho sem volta dos motores a gasolina (para já) e pela eletrificação, esperando-se ainda a chegada da variante Plug-in.

Longe de tudo isso, é fácil perceber que o S60 é uma das mais belas berlinas do mercado. Linhas vincadas e fortes, com apontamentos de elegância e sobriedade mas que, de forma algo contraditória, não dispensa um segundo olhar. Sem conservadorismo e com visão desportiva, sobretudo quando vestido na linha R-Design de índole mais dinâmica. Na frente, identidade óbvia: o ‘T’ da assinatura luminosa que corresponde ao martelo do deus Thor e à própria letra ‘T’ e que se estreou no XC90 em 2014. Na traseira, farolins em ‘E’, tampa da bagageira com ligeiro spoiler, havendo ainda difusor e dupla ponteira de escape.

Ainda assim, há semelhanças entre este e o S90, embora o S60 seja naturalmente mais pequeno, com 4,76 metros de comprimento, 1,85 metros de largura e 1,43 metros de altura. Mas, enorme proporcionalidade em todo a linha.

No interior, o mesmo estilo e o mesmo refinamento qualitativo doutros modelos, nomeadamente da carrinha V60, com a qual partilha identidade. Design simples, mas bem conseguido, ótimos materiais com combinação de elementos macios ao toque com apontamentos em alumínio escovado. Enfim, um habitáculo de altíssimo nível, com boa habitabilidade a nível geral, embora se comece a entrar no capítulo de elementos opcionais com custo significativo.

Atrás, espaço mais do que suficiente e confortável para dois adultos, ganhando pontos nos principais aspetos em apreciação, como na altura (os bancos fundos ajudam) e espaço para as pernas (bastante generoso). Ainda assim, três ocupantes nos bancos de trás apenas em viagens curtas, já que o túnel central da transmissão é volumoso e o lugar central tem encosto desconfortável. Por outro lado, nota para a insonorização alcançada a bordo.

Intenso

A gama compreende duas unidades a gasolina, a T4 de 190 CV e a T5 de 250 CV, sendo precisamente esta última que nos foi colocada à disposição para ensaio assente em arquitetura de dois litros e quatro cilindros com sobrealimentação e injeção direta. Aos 250 CV de potência juntam-se ainda os 350 Nm de binário disponíveis entre as 1800 e as 4800 rpm.

Rapidamente fica patente que este é um motor intenso e pleno de pulmão, com acelerações vigorosas que o aproximam de um modelo de pretensões desportivas. Com uma aceleração dos zero aos 100 km/h em apenas 6,5 segundos, regista enorme fulgor e facilidade a ganhar velocidade, também sobressaindo nas retomas, mesmo que com algumas peculiaridades. O motor está associado a uma caixa de velocidades automática (Geartronic) de oito velocidades que tem abordagem mista. Em condução suave, é ótima companheira, mas por exemplo, em recuperações, tarda ligeiramente a reagir à maior pressão do acelerador.

Por outro lado, sendo um bloco tão eficaz e enérgico, beneficia de de modos de condução (selecionáveis num estiloso comando rotativo na consola central, entre os dois bancos) que alteram as respostas entre o mais dinâmico e o mais económico, este último sempre privilegiando os consumos, por exemplo com o conceito de ‘coasting’ (roda-livre) quando a viagem entra em terreno plano e a carga no acelerador é inexistente. Ainda assim, se o consumo combinado anunciado pela Volvo é de 7,4 l/100 km, a realidade mostrou-nos um bloco algo sedento, com média mais comum a ‘navegar’ na casa dos nove litros.

Seguríssimo, não emocionante

Também no capítulo dinâmico, o S60 é digno representante da competência da Volvo no capítulo do refinamento, mesmo com as jantes de liga leve de 19 polegadas com pneus de baixo perfil (235/40 R19), opcionais por 584€. Adicionando elegância desportiva, estas unidades subtraem algum do seu esperado conforto, mas promovem um bom equilíbrio com a qualidade de rolamento.

Ainda assim, o S60 não é uma berlina de índole tendencialmente desportiva no seu comportamento. Demonstra refinamento e enormíssima estabilidade em curva, passando com segurança, mas não é emocionante na condução. Antes, transmite aquela tradicional sensação de robustez e segurança, o que, convenhamos, será preferencial para muitos dos seus potenciais compradores, que privilegiam a sobriedade de condução.

Note-se, ainda, que o S60 pode contar com um nível de equipamento muito alargado, com grande atenção aos dispositivos de segurança, entre os quais naturalmente figura o sistema de travagem de emergência automática, com reconhecimento de peões, ciclistas e animais até aos 50 km/h.

A unidade ensaiada contava ainda com o Pack IntelliSafePro (1796€), que dispunha de sistema Pilot Assist para condução semiautónoma em velocidades até aos 130 km/h, com ativação e funcionamento eficaz em autoestrada. Quanto à conectividade, o ecrã tátil combina o controlo das funções do automóvel com a navegação, tendo funcionamento semelhante ao de um smartphone, com três ecrãs aos quais é possível aceder deslizando o ecrã para o lado. Intuitivo, mesmo que exija atenção por parte do condutor, até porque o próprio sistema de climatização está nele incluído.

O preço a pagar por este representante da nobre ordem sueca é de 50.428€ na versão R-Design base, sendo que a gama inicia-se nos 47.353€ do modelo T4 de 190 CV em igual linha R-Design. Já o exemplar ensaiado chegava aos 57.867€ com os diversos opcionais incluídos.

VEREDICTO

Com a linha R-Design, a Volvo procurou aliar uma dose de emotividade no racionalismo sueco, o que lhe fica bastante bem, já que o S60 ganha uma pose atlética que lhe permite ser uma forte alternativa aos modelos da Audi, BMW e Mercedes-Benz, apenas para citar a comum tríade alemã. Notável na construção e na qualidade geral, esta berlina recorre a uma mecânica pujante de 250 CV, plena de energia desde baixos regimes que lhe conferem uma nota desportiva à qual se junta um chassis cumpridor mas que não partilha do mesmo ideal.

Seja como for, o S60 impressiona no cômputo dos seus atributos, efetivamente no refinamento geral e na segurança, sempre um elemento de grande destaque no carro que Thor escolheria para se deslocar de um lado para o outro. Se não fosse um super-herói, claro.

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