Aliando o conceito híbrido Plug-in à ainda importante carroçaria familiar, a Volvo joga uma ‘cartada’ interessante num segmento em que a concorrência começa agora a ‘mexer’ de forma muito mais intensa, sobretudo por ação das marcas alemãs.
A fórmula já é bem conhecida: o T8 Plug-in Hybrid combina um motor a gasolina de 2.0 litros com turbocompressor capaz de debitar 320 CV com uma unidade elétrica de 88 CV, o que no total permite um valor de 390 CV e uns massivos 640 Nm, o que lhe permite registar prestações de elevado gabarito. A alimentar o motor elétrico está uma bateria de iões de lítio de 10.4 kWh, que demora quatro horas a carregar numa rede doméstica.
Por defeito, o T8 Plug-in envereda pelo lado da eficiência, com a condução a iniciar-se sempre no modo Híbrido. Neste, o controlo eletrónico de potência encarrega-se sempre de gerir o motor a utilizar em cada momento, dando primazia ao modo elétrico quando possível, embora a sua entrada em funcionamento seja limitada pela carga da bateria. Tanto nesse, como no modo elétrico (Pure), que pode ser selecionado pelo condutor, o silêncio e refinamento a bordo são notas dominantes, havendo ótimo isolamento do habitáculo face aos ruídos do exterior.
Mas é na condução que a carrinha V90 T8 mostra outros atributos. Com 4936 mm de comprimento e com cerca de duas toneladas de peso, este Volvo oferece enormíssima confiança na abordagem às curvas, chegando mesmo a surpreender o condutor pela estabilidade que oferece. Não se trata de um desportivo e a carroçaria tende a adornar quando o otimismo se apresenta em excesso, mas nem assim a V90 deixa de ser um automóvel meritório na sua afinação, até porque o seu foco está no conforto. A forma como alia essa valência com o dinamismo é, pois, um argumento muito importante na apreciação da carrinha. Os ocupantes estão bem protegidos das agruras do piso e faz com que as viagens sejam dotadas de um enorme requinte. A direçção é direta q.b., mas poderia ser algo mais informativa em percursos sinuosos. Também o seletor da caixa poderia criar uma distinção mais forte para a posição ‘B’, para a qual por vezes se coloca a alavanca de forma inadvertida. Nada de grande mal, mas obriga a um segundo movimento.
Fôlego híbridoÉ, também, de elementar justiça que se aprecie a energia do conjunto híbrido deste Volvo, com o binário conjunto dos dois motores a impelir o V90 T8 para ritmos fortes com facilidade. Colocando o seletor de modos de condução (a partir de um comando circular posicionado na consola central – bonito, mas nem sempre funcional durante a condução) em Power, o V90 coloca toda a potência à disposição do condutor para ‘esticões’ intensos. Basta prestar atenção aos 5,3 segundos que leva a acelerar dos zero aos 100 km/h para se perceber essa sua capacidade, enquanto as recuperações que, mercê de um bom aproveitamento da caixa Geartronic de oito velocidades, também nunca colocam o menor entrave às necessidades do condutor.
Isso surge com um custo associado (mas que também pode ser bem contornado, como se verá mais abaixo): o T8 aumenta o consumo de gasolina. Anunciando 2,0 l/100 km, este é um valor que – arriscamos – é inalcançável em condução real. O modo elétrico permite cerca de 30-35 quilómetros de condução sem qualquer tipo de gastos ou de emissões e essa é uma ‘arma’ fortíssima a favor desta V90, mas depende sempre do estilo de condução e das condições de utilização.
Terminada a carga da bateria, passa a recorrer em grande conta ao motor de combustão, mesmo que o sistema híbrido coloque, frequentemente, a condução também em modo elétrico, mas apenas quando a estrada o permite ou a aceleração não exige muita carga do acelerador. Neste contexto, a média mais comum ronda entre os seis e os sete litros. Ainda assim, um conjunto com quase 400 CV a registar um consumo real de 6,8 l/100 km, que foi o que obtivemos no final do teste, não nos parece mesmo nada mau!
Visual neoclássico sueco
A carrinha V90 foge ao design exuberante, mas isso não quer dizer que esteja longe do encanto. Pelo contrário. Este modelo recorre a um visual simples e limpo em que as linhas musculadas recorrem à linhagem do passado, numa espécie de estética neoclássica. Na dianteira, o destaque vai para a assinatura luminosa do Martelo de Thor, os ‘T’ deitados que surgem nos faróis.
O interior prima pela qualidade em todos os parâmetros, com a já referida insonorização de ponta a ser acompanhada de inegável mestria na junção dos painéis e de enorme competência na escolha dos materiais. O desenho do habitáculo é simples e de fácil apreensão, com uma abordagem quase minimalista que é igualmente usual nos veículos da marca sueca. O espaço é igualmente bastante amplo, sobretudo no comprimento para as pernas, mas também na altura. A largura permite um quinto passageiro no banco do meio. Além disso, a bagageira, com os seus 560 litros, tem formas regulares e grande funcionalidade, tendo espaço mais do que suficiente para as bagagens de férias. Falta, apenas o acionamento elétrico da porta da bagageira, cada vez mais comum neste segmento.
Mas há outros itens que compensam, como o painel de instrumentos digital (com informação específica para o motor elétrico), sensores de estacionamento traseiros ou o sistema de assistência à condução Pilot Assist, que mantém o veículo sob controlo durante algum tempo em autoestrada, assumindo a direção e mantendo a distância para o veículo da frente também em consonância com o cruise control adaptativo. No ecrã central de grandes dimensões, temos um sistema bastante funcional e intuitivo, mas desta vez com um sistema de áudio ‘normal’ e não um sistema da Bowers & Wilkins, como noutras versões mais equipadas.
Recorde, ainda, que o Volvo V90 tem elevados níveis de segurança, com muito trabalho depositado ao longo do seu desenvolvimento nessa mesma vertente.
VEREDICTO
O Volvo V90 T8 Plug-in Hybrid tem muitas vantagens que são deveras atrativas para o núcleo empresarial, já se percebeu. Mas deixemos esse ponto de lado nesta conclusão, uma vez que o V90, enquanto modelo de baixas emissões e de baixos consumos assume um forte papel na gama da marca de Gotemburgo. Além de muito refinado na sua abordagem e de habitabilidade de ótimo nível, o sistema T8 permite respostas imediatas e competências abrangentes que o fazem alternar entre a eficiência do modo elétrico ou híbrido e a maior disponibilidade dos modos AWD (que alia a motricidade elétrica traseira à dianteira do motor de combustão) e Power.
Hábil de conduzir e segura tanto em autoestrada, como em percursos mais sinuosos, a V90 está entre as propostas mais fortes de um segmento no qual os alemães são tradicionalmente os senhores. Mas, se depender da Volvo, essa hegemonia está ameaçada, uma vez que a V90 tem todos os predicados para ser uma escolha a contemplar.
Volvo V90 T8 Plug-in Hybrid Momentum Geartronic
Motor térmico: Gasolina, 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo+intercooler
Cilindrada: 1969 cm3
Potência: 320 CV às 5700 rpm
Binário máximo: 400 Nm às 2200-5400 rpm
Motor elétrico
Potência: 88 CV/65 kW às 7000 rpm
Binário: 240 Nm
Bateria: Iões de lítio, localização central, 10.4 kWh
Potência combinada: 390 CV
Binário combinado: 640 Nm
Suspensão Dianteira: MacPherson, independente, barra estabilizadora
Suspensão Traseira: Independente, barra estabilizadora
Tração: Integral (AWD)
Caixa: Automática de oito velocidades (Geartronic)
Aceleração (0-100 km/h): 5,3 segundos
Velocidade máxima: 250 km/h
Consumo médio anunciado (medido): 2,1 l/100 km (6,8 l/100 km)
Emissões de CO2: 46 g/km
Peso: 2150 kg
Bagageira: 560-1526 litros
Comprimento/Largura/Altura (mm): 4936/1879/1475
Distância entre eixos (mm): 2941
Pneus: 245/45 R18
Preço base (campanha): 72.382€ (59.470€); Com dedução do IVA: 48.349€)
MAIS: Conforto de marcha, requinte, estilo sóbrio, prestações, sensação de segurança, qualidade geral e habitáculo.Menos: Visibilidade a partir do óculo traseiro; Ausência de modo manual para troca de mudanças.
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