Toyota Yaris GRMN: Um monumento à diversão pura

22/01/2018

A Toyota não fez por menos e usou o motor do Lotus Elise no Yaris para construir o carro mais rápido, com a melhor relação peso/potência, o mais leve e um dos mais potentes do segmento B. Conseguiu a proeza de encaixar um motor 1.8 Dual VVT com compressor no compartimento motor do pequeno Yaris, teve a ajuda da Lotus no que à gestão do motor e alguns periféricos diz respeito, recorreu à Sachs para as ligações ao solo, foi “roubar” o volante do GT-86, fez construir os bancos, umas autênticas bacquets em Alcântara, na Toyota Boshoku e redesenhou o escape, que agora tem uma saída central.

Em linhas gerais, este é o Yaris GRMN (Gazoo Racing Master of Nurburing) o primeiro modelo de estrada da Toyota Gazoo Racing, inspirado pelo regresso da marca ao mundo dos rali e os números inspiram respeito: 212 cavalos, 250 Nm de binário, aceleração dos o aos 100 km/ em 6.4 segundos, 230 km/h de velocidade máxima e 1135 quilos na balança, o que dá uma relação de 5,35 kg/cv. Tem barra antiaproximação nas torres da suspensão dianteira, diferencial autoblocante Torsen e pneus Bridgestone PotenzaRE50A (205/45 R17).

O motor é produzido na fábrica da Toyota no País de Gales e dali segue para as instalações da Lotus, onde recebe as especificações do GRMN, um novo escape e um sistema de arrefecimento. Aliás, o espaço exíguo do compartimento motor do Yaris foi um dos grandes desafios para a marca, que mesmo assim conseguiram instalar um radiador e um intercooler. Quase não cabe uma mão entre o compressor Magnuson (com rotor Eaton) e o radiador.

A refrigeração é crucial para o GRMN e a Toyota usou o intercooler para o compressor e um refrigerador de óleo do motor, localizado em frente ao radiador, juntamente com uma nova entrada de ar aumentada. “O projeto de engenharia também introduziu com sucesso um novo sistema de injeção de combustível, usando componentes originalmente desenhados para um motor V6”, sublinha a marca.

O motor segue, depois, para a fábrica francesa de Valenciennes onde é montado, lado a lado com os restantes Yaris, por uma equipa de 20 pessoas.

Carros com emoção

O GRMN, apenas vendido na versão três portas e em branco, tinha como única opção (gratuita) os autocolantes que emulam a versão WRC. Exclusivamente comercializado online, A Toyota apenas vai construir 400 unidade para a Europa (a produção termina em abril) e foram todos vendidos, online, em 72 horas logo em julho do ano passado. Apesar de o preço, em Portugal, roçar os 40 mil euros, para o nosso país vêm três unidades.

“Este Yaris representa o início de algo especial para a Toyota, a era Gazoo. Aproveitamos a nossa ligação ao WRC, aos ralis, para recolher ensinamentos para um veiculo de estrada único. Este GRMN faz a ligação entre os Yaris “normais” e o WRC. Gazoo é emoção e a Toyota quer veículos mais emotivos”, referiu Victor Marques, Relações Públicas da Toyota e Lexus.

A dinâmica do carro foi afinada no exigente circuito de Nurburing e Vic Herman, um dos pilotos-mestre de elite da Toyota, foi uma peça chave no desenvolvimento deste desportivo.

“Já existem alguns excelentes desportivos no segmento B na Europa e avaliei-os a todos para definir aquilo de que o Yaris GRMN teria de ser capaz. A maioria deles são divertidos de conduzir e todos têm a sua própria personalidade, o que é ótimo. No caso do GRMN, queríamos que ele se portasse como um pequeno desportivo genuíno – descomplicado e de condução viciante. Era importante que concebêssemos um carro que fosse adequado para a estrada, mas que igualmente se sentisse no seu elemento numa pista de corrida”, referiu.

À moda antiga

No papel o GRMN deixa água na boca, mas o que vale este desportivo em estrada e em pista? E a Toyota ajudou-nos a responder com uma apresentação para jornalistas europeus e japoneses que decorreu em Barcelona e incluiu testes de pista no circuito Parcmotor, em Castelloli.

Logo no trajeto entre a capital catalã e o circuito, cerca de 60 quilómetros, este Yaris surpreendeu. Duro, sem ser desconfortável, sonoridade desportiva sem artifícios de software, e um motor como há muito não experimentávamos, de tão linear na entrega da potência.

Este 1.8 pega no carro desde muito baixas rotações e vai por ali acima, até quase às 7000 rpm, sem picos de binário tão comuns em motores turbo comprimidos, revelando quão acertada foi a escolha do compressor.

O interior não difere substancialmente do Yaris normal, excetuando um novo grafismo do painel de instrumentos, o bom volante do GT86 e os bancos, que sustentam bem o corpo, mesmo curvando a velocidades menos próprias.

Que foi o que experimentamos no circuito. Todos os carros foram calçados com pneus slicks e mandados para a pista com o controlo de tração desligado. O primeiro destaque vai para a sensação de leveza do conjunto, a facilidade com que o carro obedece ao condutor. E nem a potência e o elevado binário provocam reações no volante, mesmo quando aceleramos a fundo.

Em pista, e à medida que ganhamos confiança, o pequeno Yaris agiganta-se e são necessárias mãos muito experientes (ou excesso de entusiasmo) para o fazer sair da trajetória pretendida e só muito raramente se notam perdas de tração. Perfeito para um track day!

Da pista para a estrada, onde o GRMN mostrou, em mais de uma centena de quilómetros em estradas de montanha, que a Toyota conhece bem a palavra diversão. Ágil a saltar de curva em curva, com travões a aguentarem bem alguns maus tratos, seguro e muito, mas muito divertido de conduzir, este Yaris oferece, qual cereja no topo do bolo, um conforto inesperado num carro com estas características.

Apesar de já não ser possível comprar um GRMN novo, saiba que este Yaris tem luzes de circulação diurna LED, óticas traseiras LED, sensores de chuva e de luz, Smart Entry& Start, vidros traseiros escurecidos, ar condicionado automático, botão “Push and Start”, câmara auxiliar ao estacionamento, espelho interior eletrocromático, painel de instrumentos em preto, porta-luvas refrigerado e sistema de navegação. Os GRMN serão entregues aos proprietários durante os próximo dois meses.

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