Se os automóveis elétricos prometem já ser uma grande revolução na indústria automóvel, os altos responsáveis da Audi acreditam que a verdadeira revolução será a da implementação da condução autónoma em larga escala nos veículos: sistemas altamente avançados capazes de se guiarem a si mesmos, libertando o condutor para outras tarefas. Esta é a visão da Audi, corporizada recentemente com dois dos seus protótipos futuristas, o Skysphere e o Grandsphere.

Num evento que teve cinco sessões digitais de temas distintos – embora com um grande tema unificador relativo ao papel da Audi na transformação do setor automóvel –, a ideia de que nada será como dantes ganhou contornos muito vivídos, calculando-se que no final desta década já existam poucos detalhes em comum com os da década de 2010. Apresentado na última das cinco sessões digitais, o concept Grandsphere representa precisamente a filosofia de futuro da marca de Ingolstadt, que passará pela eletrificação plena, pela neutralidade carbónica, pela transformação tecnológica dos softwares e pela condução autónoma.

De certa forma indissociáveis, a condução autónoma e a progressão dos softwares são apresentadas como as verdadeiras chaves para o novo movimento do automóvel, convertendo o condutor em utilizador. Para Markus Duesmann, CEO da Audi, será a condução autónoma a grande revolução que irá mudar o paradigma da mobilidade.

“A condução autónoma é o verdadeiro salto tecnológico em frente. A eletrificação é um salto grande, mas está a decorrer, temos as ferramentas e sabemos como será. Os carros autónomos, em que um carro assume a tarefa de condução total, é um salto quântico, um trabalho enormíssimo que estamos empenhados em fazer. Conduzir numa cidade como Londres será extremamente complicado e é incrível como nós, com o nosso cérebro, conseguimos fazê-lo. Para um computador fazer isso será incrível”, refere Duesmann.

“Está-nos a custar imenso dinheiro, mas estamos a apostar imenso nisto, porque é uma tecnologia que nos dá tempo para aproveitar outras coisas e, para o cliente, isso não tem preço. Sabemos que os clientes estarão dispostos a apostar nisto, a pagar por isto. Sabemos que estamos a acrescentar um valor acrescentado”, complementa o alto responsável da Audi, depois de interrogado se será uma tecnologia pela qual os utilizadores estarão dispostos a pagar mais.

A mesma visão é partilhada por Oliver Hoffmann, membro do Conselho de Administração para o Desenvolvimento Técnico, adiantando que “para nós, a condução autónoma é uma mudança decisiva [NDR: o termo utilizado foi ‘game changer’, que carece de tradução mais explícita para português]. Estamos a desenvolver carros de dentro para fora, como vimos com o Grandsphere. Uma mudança fundamental é a de que o condutor já não precisa de estar ao volante e este concept antecipa isto mesmo, torna o carro num luxo. O carro torna-se no derradeiro aparelho móvel disponível. É revolucionário”.

Declinando-se sobre a relevância do Grandsphere, Hoffmann enaltece que não é um substituto direto do Audi A8, mas é um modelo de segmento D, “uma berlina que antecipa um automóvel para a segunda metade desta década com uma nova arquitetura no interior e no exterior, com linhas que queremos apresentar nos nossos modelos e com um novo ecossistema de funções. Um carro que é altamente automatizado”.

O fim do motor de combustão interna e a nova plataforma

No que diz respeito à eletrificação, que se assume como o passo mais próximo, com o derradeiro motor de combustão a ser lançado num Audi em 2026, Duesmann assume que “o mundo está a mudar e o ambiente está na mente de todos agora. Tenho a responsabilidade de cuidar do futuro. Analisámos as tendências em todo o mundo, temos 500 colegas com quem debatemos esta questão e decidimos que era necessário descontinuar os motores de combustão interna e acelerar a transição com um rumo claro”.

Indica, no entanto, “que o negócio dos motores de combustão vai permanecer uma fonte de lucro importante nesta década. E posso prometer que a derradeira geração de motores de combustão interna será a melhor de sempre, oferecendo os motores mais eficientes e dinâmicos do mercado”.

A necessidade de reduzir custos e emissões levará a um cada vez maior aproveitamento das sinergias do Grupo Volkswagen, com a mobilidade elétrica da companhia a assumir como base a futura plataforma SSP, uma “arquitetura padronizada para todo o nosso portefólio de produtos – inteiramente elétrica, digital e altamente modular. A partir de 2025, módulos selecionados da SSP como a célula de bateria padronizada vai aparecer pela primeira vez no nosso modelo Artemis. A produção de novos veículos elétricos será depois iniciada com esta arquitetura em 2026”.

A Scalable Systems Platform (SSP) será a próxima geração de arquiteturas automóveis do Grupo Volkswagen, surgindo após as plataformas MEB e PPE. No futuro, a companhia germânica aponta para um volume de produção de mais de 40 milhões de automóveis para todas as marcas do grupo e para todos os segmentos.

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