Embora mantendo o seu foco na ideia de acessibilidade, a Dacia está cada vez mais empenhada no princípio de design atrativo capaz de aliar a simplicidade com o arrojo em muitos dos aspetos dos novos modelos. Agora com uma nova identidade, a marca do Grupo Renault está também empenhada em partir para novos segmentos, com o Bigster, SUV de maiores dimensões, a apontar o caminho para o crescimento. E temos já a garantia de que a versão final será bastante semelhante ao protótipo apresentado no ano passado.

A ideia da Dacia como uma marca ‘low cost’ totalmente focada no baixo custo está agora cada vez mais distante no espelho retrovisor. Ao abrigo da nova estratégia delineada por Luca de Meo, CEO do Grupo Renault, a companhia romena está a apostar numa fórmula de desenho mais apelativa, com o Manifesto concept a ser aquilo que David Durand, responsável de Design da Dacia, uma expressão máxima do design aplicado à simplicidade.

“Tudo no Manifesto é uma ideia de design. Tudo aqui vem do design aliado à simplicidade, como a ideia do farol único na dianteira. Quando estávamos a pensar neste conceito, pensámos ‘precisamos mesmo de dois faróis na frente?’ e decidimos que, sendo disruptivo e com todas as tecnologias de iluminação que temos hoje, basta um, o qual se pode tirar e levar depois rumo à aventura”, explica Durand em frente à sua nova criação, o Manifesto concept, em conversa com o Motor24 no Salão de Paris.

Porém, o conceito do Manifesto é, precisamente, muito mais conceptual do que realista, uma vez que Durand refere que a ideia era mostrar um modelo aventureiro e arrojado, capaz de ir a todo o lado. Mas, se é uma visão estritamente especulativa, existem ideias que podem chegar aos modelos de produção em série, desde logo, o plástico denominado ‘starkle’ que protege as cavas das rodas e que será aplicado no Duster de próxima geração.

“Não somos dogmáticos na motorização. Pode ser elétrico ou híbrido. Não precisa de andar depressa mas tem de ir a todo o lado. Por isso, a tração às quatro rodas era essencial”, assume ainda o designer que liderou este projeto. “Quisemos explorar novas ideias. O painel de instrumentos é outra inovação com cortiça, sendo capaz de ‘pregar’ com um pin um mapa para a exploração fora de estrada. Além disso, o interior é totalmente lavável, incluindo os bancos, com bancos amovíveis com a possibilidade de funcionar como saco cama. Já o plástico ‘starkle’ que protege as cavas das rodas será usado também no Duster”.

O exercício do essencial

Tal como no Manifesto, a ideia da Dacia é agora pensar no essencial, mas agregado à ideia de estilo agradável e atrativo, não se focando apenas no baixo custo, mas num conjunto de atributos de ‘value for money’.

“Estamos sempre a fazer o exercício de pensar se precisamos mesmo disto ou daquilo e tentar obter o essencial. Por exemplo, retirámos todos os cromados na Dacia. O cromado tinha um significado quando era uma proteção para proteger o ferro contra a ferrugem. Agora é aplicado nas partes em plástico apenas para a decoração – custa dinheiro, não traz nada ao cliente e não é realmente limpo a produzir. Por isso, na Dacia pensámos se poderíamos retirá-lo e todos concordámos muito rapidamente”, argumenta David Durand.

“Aquilo que queremos mostrar é que ser o ‘best value for money’ não tem de ser menos desejável ou menos atrativo. É o oposto. Queremos mesmo fazer da Dacia uma marca escolhida não só pelo preço, mas também pelo modelo em si. Sim, é barato, mas o principal é que as pessoas digam ‘eu quero este carro’. Se se lembrarem do início da Dacia, com o primeiro Logan, era um bom carro, bastante fiável, com muito espaço por dentro, quase revolucionário no mundo automóvel naquela época, mas apenas orientado pelo preço”, aponta.

“Hoje, mantemos o preço em mente, queremos sempre manter a distância de preço que temos com os nossos clientes, mas queremos fazer produtos realmente muito bons, com bom design e atrativos. Mas, de certa forma, para os designers é bom ter algumas limitações porque a nossa criatividade é sempre puxada ao máximo. Temos de encontrar soluções – como é que é possível fazer um interior atrativo, mas simplificado e com um pouco menos de dinheiro. É sempre uma boa forma de pensar. Fazer um design puro, fácil de compreender, sem complexidade. Esse é o nosso trabalho”.

Bigster ‘quase lá’ no design

Outra das confissões de Durand no Salão de Paris, quando interrogado sobre se a nova identidade reflete uma ambição de maior arrojo, é de que, claramente, a ideia de produtos com desenho atrativo terá no Bigster uma nova faceta. De acordo com aquele designer, o futuro SUV médio da Dacia será bastante semelhante ao concept apresentado no ano passado.

“O design do Bigster é cerca de 95% idêntico ao do concept que apresentámos. Também não queremos apresentar concepts que, depois, na versão de produção, desapontem as pessoas pelo seu desenho”, pelo que é possível contar com um SUV robusto e de grande pose, com jantes de grandes dimensões.

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