Além de todo o esforço de transição para a eletrificação, a Audi prepara também as bases para uma mudança profunda em processos como os de fornecimento de serviços a bordo, tecnologias de comunicação de e para o automóvel e também na própria área da produção. A digitalização promete estender a sua influência a todos os aspetos do setor automóvel e as marcas estão conscientes de que uma boa posição de partida pode garantir uma vantagem importante no futuro. Na marca de Ingolstadt, tudo está a ser levado em conta no campo da digitalização.

Com novas ofertas físicas e digitais, a marca alemã pretende enriquecer a experiência do cliente, atendendo às suas necessidades cada vez mais distintas rumo à mobilidade do futuro. A Audi entende que a digitalização confere uma oportunidade para repensar o automóvel, com um ecossistema em torno do veículo a poder ser um motivo de diferenciação, além de novos formatos de comunicação com os clientes e até de comércio automóvel.

Fenómenos como a comunicação entre veículos e destes com a infraestrutura poderá apenas ser permitida de forma plena – rumo a serviços de condução autónoma – com a chegada da tecnologia 5G, o novo padrão de comunicação que será fundamental nos anos vindouros.

“A digitalização permite-nos pensar o carro de uma forma totalmente nova, não só do ponto de vista de um produto, mas também a forma como os clientes contactam connosco, com todos os serviços e aplicações que poderemos oferecer”, afirma Boris Meiners, Diretor de Portefólio Digital da Audi, em declarações durante uma conferência virtual sobre o futuro. Nesta viagem pela digitalização a fundo na marca alemã, uma das ideias que mais é referida é a de mudança de paradigma na comunicação com os clientes da marca, ou utilizadores, como agora preferem denominar.

Boris Meiners, diretor de produtos digitais da Audi, garante que o ecossistema em torno do veículo irá alterar a forma como as pessoas se relacionam com os veículos.

Assim, a Audi planeia um site personalizado, funcionalidades melhoradas da aplicação myAudi e novas opções de consulta para os seus utilizadores, tocando em áreas como o marketing, vendas e após-vendas. O site, por exemplo, que foi relançado na primavera de 2021, serve de ‘ponto de acesso’ ao mundo digital da Audi, tendo sido melhorado em aspetos como o configurador e nas informações disponíveis. Também a app da Audi será renovada em breve, prometendo novas funcionalidades, como as funções por pedido (‘Functions on Demand’), com as quais os utilizadores podem ‘ajustar’ melhor o automóvel às suas necessidades. E até no pagamento, o AudiPay assume-se como o ponto centralizador de todas as burocracias relacionadas, como o pagamento de carregamentos ou de combustível.

A intenção da marca é ter uma plataforma de comércio virtual (e-commerce) na qual os seus clientes/utilizadores possam encontrar tudo o que precisam para a sua experiêncua, desde a aquisição de automóveis novos ou usados, até à aquisição de pacotes de manutenção e de financiamento. Apesar disto, a Audi admite que os concessionários continuarão a desempenhar um papel importante na relação com o cliente, pelo que não existirá uma transição completa para o universo digital.

Unidade de software especial

Mas, como as sinergias assumem uma enorme importância, a Audi tira partido também do papel desempenhado pela unidade de criação de software CARIAD, que está a desenvolver um sistema operativo para todo o Grupo Volkswagen, criando condições também para a condução autónoma de nova geração.

Esta unidade combina as competências digitais de todas as marcas do Grupo Volkswagen, proporcionando assim um campo fértil para o desenvolvimento e implementação de novas soluções de software e de um novo sistema operativo que servirá de centro para todos os modelos do futuro. Este novo sistema operativo será ajustável a diferentes modelos e marcas do grupo.

Interior e comunicações do futuro

Assumindo que os automóveis do futuro serão tendencialmente mais digitalizados, com maior conectividade e até com a condução autónoma a poder desempenhar um papel fundamental, a Audi entende que se deve fazer do automóvel um “utensílio de experiências”, no qual se pode viver e até trabalhar, o que pode ser revolucionado com a chegada do 5G.

No futuro, garantem, as capacidades de banda das comunicações móveis 5G poderão contribuir para experiências suaves e de alta resolução no streaming, áudio e videoconferências ou videojogos em realidade virtual. Mas nem só de animação irá tratar-se esta vertente, uma vez que as comunicações 5G permitirão que o veículo esteja ligado em rede com outros automóveis na estrada e com as infraestruturas, podendo receber alertas de perigo na estrada ou de velocidade de forma antecipada.

No caminho para as ‘smart cities’, a Audi tem já projetos de informação e ligação com os semáforos, tirando partido da sua experiência com os módulos de 5G que já tem na estrada na China. No caso do Car2X (comunicação entre veículos), o carro envia e recebe informações não só de outros automóveis, mas também de sinais de trânsito inteligentes em tempo real e de forma anónima. Ou seja, os dados comunicados não têm identificação e são guardados por um curto período.

Já a C-V2X tem por base a comunicação 5G, transferindo dados diretamente de recetores do ambiente envolvente com a menor latência possível e a máxima fidelidade, permitindo dessa forma condução autónoma sem intervenção humana.

Com diversos projetos-piloto em ensaios a nível mundial e aproveitando que no seu grupo conta também com a Ducati, a Audi está a trabalhar com a marca de motos em três situações comuns nas quais os motociclistas podem sofrer acidentes de forma mais comum: nos arranques de cruzamentos, em viragens à esquerda e na travagem súbita do veículo em frente. A partilha de dados poderá reduzir substancialmente o número e a gravidade dos acidentes.

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