Especial: Mobilidade elétrica na Skoda diz-se iV e reflete o maior investimento da sua história

25/05/2019

Para uma marca com um percurso centenário como a Skoda, a entrada na era da mobilidade elétrica representa um marco em si. A companhia da República Checa, integrada no Grupo Volkswagen desde a década de 1990, tem feito um caminho seguro de crescimento e, apoiada pelo poderio técnico e tecnológico da ‘casa-mãe’, aponta agora para o mesmo caminho de eletrificação que a Volkswagen e demais marcas do grupo.

A estratégia adotada para a eletromobilidade começa agora com o reformulado Citigo e iV, a revisitação do Citigo lançado em 2013 mas agora com motor elétrico e autonomia para 265 quilómetros sem emissões locais e com o Superb iV em formato Plug-in híbrido com 55 quilómetros sem emissões. Mas, tão relevante como o lançamento destes dois modelos, a importância da estreia elétrica prende-se com a visão de mobilidade inteligente em que o foco passa pela redução das emissões poluentes, a que se deu o nome de iV – lê-se ‘ai vi’ – e que passa pelo lançamento de mais variantes eletrificadas: mais de dez veículos eletrificados até 2021

Se até aqui a Skoda estava sem ‘material’ alusivo à mobilidade elétrica, o objetivo dos seus responsáveis, como apontou Bernhard Maier, o CEO da Skoda, é ganhar tração rapidamente e posicionar-se, também, como uma marca de força no mercado crescente e cada vez mais pulsante dos elétricos. Um plano que ‘vê’ a criação de um ecossistema holístico em que a conectividade e a eletrificação seguem juntas, posicionando todo um leque de novas tecnologias e serviços debaixo do mesmo chapéu com a aplicação ‘MySkoda’. Um nome pouco imaginativo, mas que congrega todos os elementos e funcionalidades agregadas a uma nova era da mobilidade, em que remotamente o utilizador pode saber o estado da carga da bateria, autorizar o seu carregamento ou configurar a climatização ainda antes de entrar no veículo.

Esta é uma primeira fase de funcionalidades que, não sendo revolucionárias, trazem facilidade de utilização, esperando-se, porém, que o número de possibilidades aumente exponencialmente com o passar do tempo – a aquisição de funcionalidades suplementares, como iluminação ou potência é algo que o Grupo Volkswagen tem em vista para marcas como a Volkswagen ou Audi, pelo que é expectável que surja também na Skoda. Outras possibilidades estão já asseguradas, como o pagamento através de uma única conta de carregamentos em postos de várias marcas, garantindo dessa forma simplicidade de operações por via de um cartão singular (Skoda e-Charge).

Maier garante que o foco no cliente será sempre o objetivo primordial, inserindo então nesse ecossistema holístico capacidades como ‘wallboxes’ para instalação em garagens, soluções de carregamento por indução ou pacotes de fornecimento de energia à medida.

A atenção a este campo é elevada, como comprova o anúncio de 2 mil milhões de investimento em novas soluções de mobilidade elétricas e serviços de mobilidade associados para os próximos cinco anos. Com efeito, trata-se do maior programa de investimento alguma vez feito pela marca nos seus 124 anos de vida.

Apenas o começo

Em Bratislava, palco escolhido pela marca para a revelação dos seus novos modelos e da sua estratégia (aproveitando a coincidência de um jogo dos quartos-de-final do Campeonato do Mundo de Hóquei no Gelo, competição de que é patrocinadora há 27 anos, entre a República Checa e a Alemanha), Bernhard Maier foi taxativo na sua visão de que a “e-mobilidade é um ‘game changer’”, ou seja, altera todo o espetro da mobilidade até aqui vigente.

Destacando que é uma tecnologia que precisa de “tempo, conhecimento e experiência”, Maier refere que a visão da Skoda é só trazer esses avanços para os seus clientes quando a mesma estiver num patamar de amadurecimento já avançado. Nesse sentido, os Citigo e iV e o Superb iV são os primeiros exemplos de amadurecimento tecnológico, trazendo em ambos os casos soluções que sobressaem já pela sua utilidade (elétrico urbano num caso e híbrido Plug-in no outro).

No entanto, se as previsões apontam para que um total de 25% do total das vendas de automóveis em 2025 sejam de veículos eletrificados, Maier apela à necessidade de entidades políticas e privadas coincidirem na intenção de incrementar os postos de carregamento. Da parte da Skoda, a vontade neste sentido fica expressa no investimento anunciado de 32 milhões de euros em 7000 postos de carregamento até 2025. Neste ambiente de transformação acelerada, o presidente da Skoda comprometeu-se, também, a manter os postos de trabalho da marca na República Checa, “salvaguardando o futuro, a economia e os empregos”. Note-se que a Skoda representa cerca de 5% do PIB daquele país.

A este respeito, está já confirmada a produção de todos os modelos 100% elétricos na fábrica de Mladá Boleslav, sendo também essa a localização escolhida para a produção de componentes elétricos para os híbridos Plug-in de muitas outras marcas do Grupo Volkswagen já a partir desde ano.

Na Eslováquia, enquanto decorria o Mundial de Hóquei no Gelo, a Skoda reforçou o laço que a une ao desporto: há 27 anos que é patrocinadora daquela competição, sendo atualmente a marca automóvel com o patrocínio mais duradouro num evento desportivo.

Para o futuro, no âmbito desta visão elétrica, a Skoda tem já previsto o lançamento de um novo modelo com base no concept Vision iV, que funcionou como uma visão para o futuro e cuja aceitação acelera a sua passagem para a produção, o que acontecerá já em 2020, sendo o primeiro modelo da marca a utilizar a nova plataforma MEB do Grupo Volkswagen para os elétricos. Até ao final de 2022, a Skoda planeia ter mais de uma dezena de modelos eletrificados.

Elétricos são caminho certo, mas não o único

No mesmo sentido, Rudolf Matus, da comunicação da Skoda Auto, explicou-nos que este caminho tomado no sentido da eletrificação é o correto para reduzir as emissões, mas que pode não ser o único a garantir a ‘salvação’ em matéria de CO2.
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Lembrando que há uma necessidade imperiosa de cumprir com as metas de 95 g/km de limite na emissão de CO2 já em 2021, Matus indica que a Skoda está no bom caminho para atingir esse número na data esperada, contrapondo que “ao aumento do nosso portefólio, estamos agora a introduzir os modelos eletrificados” para que tal seja atingível. No entanto, destaca que há outras variantes a ter em conta, como o hidrogénio, os combustíveis sintéticos que estão a ser desenvolvidos na Audi ou o mais presente CNG, solução que tem grande aceitação em países como a República Checa, nomeadamente com os Octavia G-Tec graças a uma rede de abastecimento extensa. Ainda assim, reconhecendo que é uma “tecnologia muito boa”, não é suficiente, por si só, para atingir o limite de 95 g/km de CO2, pelo que o recurso aos elétricos é premente.

Este responsável da marca aproveita ainda para deixar uma crítica ao facto de o caminho a seguir estar a ser implementado em grande medida por imposições políticas ao invés de deixar os construtores seguirem o seu caminho no desenvolvimento técnico. E, noutro aspeto, recorda também que os elétricos também podem não ser uma solução totalmente eficiente na redução de CO2, já que “é preciso contabilizar todo o percurso na produção de energia, bem como a produção das baterias e a sua reciclagem”.

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