O responsável pela divisão de Veículos Elétricos e Mobilidade do Grupo Renault, Gilles Normand, reconhece que este momento, marcado pela pandemia de Covid-19, é particularmente desafiante para toda a sociedade, naturalmente afetando também a indústria automóvel.

No entanto, se os riscos de incumprimento de metas de emissões poluentes na Europa poderiam tornar-se reais ou até mesmo um atraso na colocação em marcha do plano de produto dos veículos das marcas Renault e Dacia, Normand explicou numa conferência com os jornalistas, na qual o Motor24 também esteve presente, que não só o calendário de novos lançamentos vai ser cumprido, como também se preparam para cumprir com as exigentes regulamentações europeias de poluição.

Gilles Normand revelou, de forma cândida, alguns dos planos do Grupo Renault para a área dos elétricos e da mobilidade. Prioridade: alargar a gama de veículos elétricos.

Ligando-se o Covid-19 ao estado da indústria automóvel, Normand explica que “a situação é clara – estamos a sentir uma queda nas vendas em todo o mundo, abril foi um mês mau e estamos a começar a monitorizar a situação em maio, com o levantamento de algumas restrições de confinamento nalguns países, nos quais estamos a retomar as operações nos concessionários e na maior parte das fábricas. O impacto vai ser brutal, como todos sabemos mas não tenho dados específicos da unidade financeira”.

Por outro lado, aquele responsável aponta alguns indicadores positivos para a retoma do setor, nomeadamente com o regresso de números positivos ao mercado chinês no mês de abril, mas Gilles Normand assume que o panorama na Europa ainda não é tão nítido, não sabendo se a situação na Europa vai recuperar tão rapidamente.

Quanto às emissões e mais concretamente com a obrigatoriedade de cumprir o programa de despoluição ‘Clean Air For Europe’, conhecido pela sigla CAFE, Gilles Normand clarifica que o Grupo Renault está no caminho certo para cumprir com as metas antipoluição.

“Como todos sabem, houve uma carta da ACEA [NDR: Associação Europeia de Construtores Automóveis], para ter em conta o Covid-19 [nas metas de 2020], mas nós, enquanto Grupo Renault, estamos a posicionar-nos de forma a cumprirmos com os objetivos do CAFE no final deste ano. Temos de cumprir, temos a gama para fazê-lo. Temos o ZOE, que não pudemos fazer entregas em março e em abril, mas do qual temos boas perspetivas. E, como sabem, estamos a começar a com a tecnologia E-Tech para o Clio e Captur, que chegam no segundo semestre. Por isso, independentemente do pacote de ajudas que a União Europeia vai lançar para apoiar a indústria automóvel, nós estamos a posicionar-nos para cumprir com os regulamentos do CAFE. Isso é muito claro e queremos cumprir”, esclarece.

O que também permanece claro, por estas palavras, é que o plano de lançamentos para os próximos anos não se irá alterar.

“Na nossa gama, vamos apostar no aumento do volume, sobretudo nos elétricos. Já dissemos que vamos aumentar a nossa gama de quatro para oito modelos. O primeiro objetivo era aumentar a posição do ZOE e renová-lo, o nosso carro icónico, e a resposta do mercado foi muito positiva. Depois, Como o nosso ZOE, passou para 395 km de autonomia no ciclo WLTP, alguns clientes disseram que se calhar precisavam de um carro mais acessível para distâncias mais curtas. E é por isso que, este ano, vamos introduzir o Twingo Z.E. elétrico, de segmento A, que será o rei da cidade, com todos os pontos positivos do Twingo – um carro da moda, urbano e orientado para as mulheres. Também já dissemos que iremos introduzir um carro muito compacto com base na plataforma CMF-A, que será introduzido na China, em 2021: o concept que apresentámos como Dacia Spring, que tem por objetivo ser o mais acessível no mercado. Acima do ZOE, houve a intenção do Morphoz Concept, que tirará partido de uma nova plataforma inteiramente nova desenvolvida na Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi apenas para elétricos. No ano que vem teremos a primeira aplicação desta plataforma, acima do ZOE. A intenção é não só confiar apenas no ZOE, mas expandir abaixo primeiro e, depois, em 2021, acima do ZOE”.