O Honda Civic comemora em 2022 o seu 50º aniversário, assinalando esta data com a chegada de mais uma geração e, de igual forma, com a chegada de uma nova versão desportiva Type R. Desenvolvido como um ‘carro para o mundo’, o pequeno Civic de 1972 foi crescendo nas dimensões ao longo de cada geração, tendo já sido vendidos mais de 27.5 milhões de unidades do Civic em 170 países desde que a primeira geração foi lançada.

Com uma posição importantíssima nos mercados americano e europeu (neste último mais penalizado pela forte concorrência), o Civic tem sido um dos compactos mais importantes, trazendo consigo novidades importantes a cada geração.

Atualmente, a gama prepara-se para receber a 11ª geração na Europa (já à venda nos Estados Unidos e no Japão), apenas em variante de cinco portas e com o foco na vertente eletrificada já que o novo Civic apenas será vendido no Velho Continente em versão híbrida e:HEV, alicerçando o esforço da Honda na sua transição para a era da mobilidade sem emissões.

Momento de revelação

A década de 1970 não foi particularmente fácil para a indústria automóvel. A crise do petróleo assumiu contornos globais e os grandes modelos gastadores tornaram-se incomportáveis para muita gente, sobretudo em países como os Estados Unidos, que desde meados da década de 1950 que já tinha também leis referentes à poluição.

Em resposta às condições difíceis do mercado, as marcas foram introduzindo as suas próprias soluções mais orientadas para um novo tipo de cliente: mais jovem e mais preocupado com a economia. No Japão, o N360 foi um sucesso quase imediato quando foi lançado em 1967, provando o seu valor enquanto modelo funcional e poupado, mas sobretudo tendo sido também uma das primeiras marcas a investir em laboratórios de pesquisa de soluções contra as emissões poluentes.

O Civic nasceu como uma resposta a algumas destas questões, sendo desenvolvido como um modelo global, assim podendo ser comercializado na América, como na Europa, primando pela funcionalidade e pela economia. O Civic foi um dos primeiros modelos da Honda a ser vendido na Europa, destacando-se pelo seu aspeto compacto e pela economia. Equipado com a então revolucionária tecnologia CVCC de motor, o Civic foi o primeiro automóvel a cumprir com as normas de emissões Clean Air Act de 1970.

A primeira geração foi produzida na fábrica de Suzuka, no Japão, com mais de um milhão de unidades vendidas nos seus primeiros quatro anos de ‘vida’.

A era do crescimento

A segunda geração chegou em 1979, com uma evolução do motor CVCC, cimentando dessa forma o sucesso do primeiro modelo com um motor 1.3 a gasolina que oferecia uma entrega da potência suave e economia. O leque de modelos ampliou-se com versões 1.5 em carroçarias berlina, carrinha e compacto, além de uma nova caixa de cinco velocidades.

A segunda geração teve uma ‘vida’ curta, surgindo uma nova geração em 1983, com uma distância entre eixos mais larga e um desenho mais angular. Quando hoje a marca anuncia a sua filosofia ‘Man Maximum-Machine Minimum’ (conceito associado à centralização das atenções nos passageiros), importa notar que foi nesta geração que o conceito foi primeiramente cunhado em associação à Honda.

Este terceiro modelo do Civic foi produzido em três carroçarias: compacto de três portas, berlina de quatro portas e uma carrinha Civic Shuttle de cinco portas que se destacava pelo espaço e pela maior versatilidade. Uma variante desportiva Civic Si também foi apresentada, com um motor 1.6 DOHC de quatro cilindros.

Novos padrões; novas conquistas

Aproveitando a sua popularidade na Fórmula 1, sobretudo após a ligação à Williams e à McLaren, a Honda surgiu no mercado com o seu Civic de quarta geração para aprofundar ainda mais a sua importância enquanto um automóvel compacto e funcional, com uma série de novos motores munidos da nova tecnologia VTEC (controlo eletrónico de abertura variável das válvulas), que basicamente permitia oferecer ótimas prestações quando necessário, mas uma poupança acrescida de combustível em condução dita quotidiana.

A quinta geração do Civic chegou depois, em 1991, com aquela que se tornou na mais difundida em todos os mercados, surgindo em três variantes: berlina de quatro portas, compacto de três portas e coupé de duas portas, valendo-se de um desenho mais aerodinâmico e arredondado que aumentou o seu apelo perante a população mais jovem. Particularmente destacada era a motorização 1.6 VTI de 160 CV que oferecia padrões de desportividade pouco comuns para a época.

No final de 1995 foi apresentada a sexta geração, em muitos aspetos uma evolução do modelo anterior, embora aprimorasse o desenho e as motorizações, com a tecnologia VTEC a ser sempre o centro das atenções. Também com três carroçarias, viria a ser o primeiro Civic a contar com uma variante desportiva mais extrema Type R associado à variante ‘hatchback’ de três portas, embora a Europa não tivesse direito a ela (com exceção do Reino Unido, por ter volante à direita).

Ato falhado e o regresso à forma

Na entrada do novo milénio, a Honda lançou um novo Civic, em 2000, mas o desenho cortou radicalmente com o passado e a versão compacta de cinco portas transformou-se mais numa espécie de mini-monovolume de proporções mais altas que não teve a melhor das receções.

Por outro lado, a marca manteve a carroçaria coupé, agora com um motor 1.7 a gasolina, e a berlina, sendo esta relevante por ter sido a responsável pela estreia no mercado europeu da motorização híbrida IMA (Integrated Motor Assist), em 2001. Nesta geração, destaque para a primeira versão Type R completamente produzida para a Europa.

Necessitando de regressar à boa forma, a Honda voltou a cortar com o desenho anterior e surpreendeu quando apresentou o modelo de oitava geração, assemelhando-se profundamente a um concept, mas chegando mesmo ao mercado como um modelo compacto de cinco portas e linhas muito angulosas (com detalhes triangulares) e perfil em cunha.

O interior destacava-se pelo visual futurista e pelos bancos mágicos atrás. Além da carroçaria de cinco portas, houve ainda a berlina – também em formato híbrido – e uma variante de três portas que foi base de dois modelos de índole mais desportiva, a Type S e a Type R.

Devido a problemas no Japão causados pela crise financeira de 2008/2009, o desenvolvimento da nona geração do Civic foi mais demorado, acabando esta por surgir apenas em 2012, com um desenho que era basicamente uma evolução da versão anterior, mas com interior melhorado e uma estreia importante para a Europa na forma do motor 1.6 DTEC a gasóleo que combinava boas prestações com baixos consumos e refinamentos.

Também foi nesta geração que a Honda ressuscitou uma carrinha para o Civic após a Aerodeck de final da década de 1990. O Type R também fez parte do cardápio e serviu como base para o regresso da Honda às competições ao mais alto nível com um modelo de turismos.

No início de 2016, a Honda lançou a décima geração, com um desenho muito mais agressivo e com um chassis mais apurado para privilegiar um pouco mais a condução. Pela primeira vez, toda a gama foi composta por motores turbo – incluindo uma unidade de 1.0 litro –, sendo lançada apenas na carroçaria de cinco portas e berlina (o mercado americano continuava a ter uma variante coupé). Mais tecnológico, contava também com a nova leva de sistema de segurança Honda Sensing, ao passo que a variante Type R tornou-se referência entre os compactos desportivos.

Em 2022, depois de ter sido lançado antes nos EUA, o Civic de 11ª geração chega à Europa, apenas como versão híbrida (com exceção ao Civic Type R), procurando combinar as prestações de topo com a economia referencial graças a mais uma evolução do sistema híbrido e:HEV.

 

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