Marianne Merkt e o novo Lexus ES 300h: “O design é fantástico e um grande passo em frente”

02/03/2019

Acabado de lançar em Portugal, o Lexus ES 300h pretende dar ainda mais oxigénio ao balão de crescimento que a marca japonesa está a atravessar, não só na Europa, como em Portugal. Mas é também na língua portuguesa que se pode contar um pouco da história de desenvolvimento da nova berlina Premium da Lexus, já que gestora de produto deste automóvel é a brasileira Marianne Merkt.

Na sua sétima geração, o ES estreia-se, por fim, no mercado da Europa Ocidental, prometendo batalhar de igual para igual com os alemães do costume, na forma de Audi A6, BMW Série 5 e Mercedes-Benz Classe E, que tendencialmente clamam para si o maior quinhão do segmento executivo Premium.

Tendo em conta esse detalhe, o Motor24 falou com a gestora de produto do novo ES, que em Portugal está apenas disponível na versão híbrida, correspondendo dessa forma à intenção da marca no que toca à eletrificação de toda a sua gama.

Para Marianne, houve muito trabalho pela frente para tornar o ES num produto completo capaz de agradar aos condutores europeus, mas também de respeitar uma herança de conforto de que não se quis abdicar.

“Se pensarmos um pouco neste ES e na sua herança, é um carro reconhecido pelo conforto refinado e pelo silêncio. Mas, com esta sétima geração, quisemos trazer algo mais e a razão principal porque estamos a lançá-lo agora na Europa é porque temos esta nova plataforma, com que conseguimos dar um passo em frente em termos dinâmicos e também em termos de design do carro – temos agora uma silhueta elegante em estilo coupé”, começa por referir esta brasileira, há anos na Lexus, que enumera ainda os desafios enfrentados para o desenvolvimento do ES.

“Em termos de desafios, tentámos não nos focar demasiado no passado e olhar para a herança, mas trazer algo de novo. Uma vez mais, graças à plataforma, o design é fantástico e um grande passo em frente, com a grande mudança da [imagem da] marca que começou por ser consolidada com o lançamento do LC, seguido do LS”, destaca, lembrando ainda que houve um grande esforço para manter a filosofia de qualidade dos mestres ‘takumi’, especializados em materiais e processos de produção artesanais: “foi um grande desafio passar do modelo em barro para a versão de produção em metal, por parte dos nossos engenheiros e deisgners, para não perder o elemento ‘takumi’”.

Cliente europeu pede mais dinamismo

Um dos focos colocados no lançamento do novo ES é a condução, com a marca a referir que o novo modelo está mais dinâmico, procurando sobressair nesse campo. Algo que Marianne Merkt corrobora, dando conta das possibilidades ampliadas trazidas pela nova plataforma utilizada pela Lexus, a GA-K, de tração dianteira.

“Não só no design, mas também nas jantes, que podem agora ser de 19 polegadas no F Sport. Mas também é mais rígido, por isso o conforto de rolamento é diferente. Melhorámos bastante a dinâmica e esse foi o principal elemento pelo qual estamos a lançá-lo agora na Europa, mais em linha com aquilo que os clientes europeus desejam nos carros”, assume.

Contudo, tema atual e muito querido à Lexus, a hibridação faz parte da gama e terá preponderância comercial no Velho Continente, sobretudo mais a Ocidente, onde a tecnologia ‘Self Charging Hybrid’ recolhe preferências de muitos condutores.

“Temos uma nova geração de tecnologia híbrida com uma nova unidade de controlo de potência (PCU) e um novo motor a gasolina de 2.5 litros, bastante económico em termos de consumos. Se olharem para os números de consumos e de emissões, comparando com o resto do segmento, podemos dizer que estamos bastante competitivos, com 99 g/km de CO2 e 4,4 l/100 km em ciclo correlacionado NEDC. Temos a bateria que é mais compacta, localizada sob os bancos traseiros, que dá mais espaço ao interior, também mais avançado, e um novo transeixo”, refere.

“Se virmos os números hoje, cerca de 95% das nossas vendas no Ocidente são de híbridos e esse número tende a aumentar ainda mais. Estamos na quarta geração e conhecemos bastante este sistema. Continuamos a trazer avanços para o mercado. Se olharmos para o mercado dos híbridos, diria que temos 40% da quota, o que é uma grande conquista para nós e penso que ainda temos espaço para crescer, pois penso que ainda há clientes que não conhecem este sistema”, salientando ainda o facto de que “o cliente não precisa de mudar os seus hábitos, nem de ligar o carro aqui e ali. O carro faz o trabalho por si. As pessoas não têm de mudar os seus hábitos”.

Merkt dá ainda a sua opinião quanto aos pontos fortes do ES de nova geração: “Se eu tivesse de apontar os pontos forte deste modelo, teria de falar do design, do conforto refinado que se mantém e que foi melhorado, mas também do silêncio, que foi muito melhorado nesta geração. Temos também a segunda geração do Lexus Safety System+, de série. Estamos a trazer mais tecnologias de ponta para outros modelos da gama, temos o Lane Tracing Assist, o Detetor de Peões e de Ciclistas e diria que esse avanço é possível pela nova plataforma. Mas, falamos também dos ‘takumi’ e de todo o conceito ‘omotenashi’ de antecipar as necessidades dos clientes e dar a devida atenção aos detalhes. Prestámos muita atenção neste carro para nos focarmos no cliente, desde o cockpit com o seu desenho arrojado focado no condutor, num sentimento de envolvência, ao espaço atrás, que é incrível”.

Diferenciação faz parte do ADN

Usualmente, num segmento muito pautado por linhas marcas por tradição e até algum conservadorismo, a Lexus sobressai com a sua agressividade e ousadia nas propostas que oferece. Marianne sabe que esse conceito existe e lembra o o objetivo da marca é ter um lugar próprio e não seguir o que os rivais fazem.

“Sim claro, temos os nossos concorrentes ‘lá fora’. Mas nós queremos ser a Lexus, não queremos seguir ninguém. Respeitamos a diferença para os nossos rivais, mas nós alinhamos pelo conceito dos ‘takumi’ e ‘omotensahi’”, refere, apontando que é o conjunto de detalhes que se conjugam para oferecer “conforto refinado para os ocupantes”. Exemplo também do arrojo da companhia do Grupo Toyota é o da aplicação de câmaras no lugar de espelhos retrovisores convencionais. A Lexus é a primeira marca a ter este sistema nos seus veículos de produção em série, encontrando-se à venda no ES 300h no Japão, mas ainda carece de aprovação europeia.

“Penso que será um primeiro passo, para uma grande mudança, porque aquilo que estamos a fazer é trazer os espelhos de fora para dentro do carro, mas num local que é familiar, ainda assim. É mais uma transição. Um primeiro passo, mas que ainda irá ter uma evolução”, concede, ao mesmo tempo apontando algumas vantagens que levarão os clientes tradicionais a não estranharem esta novidade, como “o campo de visão amplo, de não ter de virar tanto a cabeça e de ser intuitivo, pois [os ecrãs] estão mais ou menos nos mesmos locais dos espelhos tradicionais”.

Fundamental é igualmente a aposta na tecnologia híbrida, que na Lexus é conhecida pela denominação ‘Self-Charging Hybrid’, referente aos híbridos que não se ligam à tomada para carregar as baterias. O futuro, por outro lado, traz outros desafios, tanto em termos de condução autónoma, como de eletrificação, estando a Lexus a trabalhar ativamente nestes dois aspetos.

“Estamos todos a trabalhar em paralelo e se olharmos para o LS e para o sistema de condução autónoma estamos no nível 2, mas queremos chegar ao nível 4 e 5 dentro de alguns anos. Em termos de motorizações, como deve saber, temos o compromisso de eletrificar a gama da Lexus, com a introdução de mais veículos elétricos em 2025”.

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.