Novo Q8: Forma, função e tecnologia na nova imagem dos Audi Q

05/06/2018

A nova imagem dos futuros Audi Q está aqui, revelada em toda a sua glória. O novo Q8, SUV de grandes dimensões da marca de Ingolstadt que foi hoje revelado, impressiona não só pela estética bastante mais arrojada, mas também pelas dimensões exteriores, pelo espaço a bordo e pela muita tecnologia presente naquele que é um modelo apelativo e surpreendente em doses iguais.

Mas, apesar do estilo tão evolucionário, os responsáveis da Audi com quem falámos na Alemanha num evento exclusivo, olham para um exemplo do passado como inspiração. Com efeito, o novo Audi Q8 faz uma ‘viagem no tempo’ e vai buscar pontos de inspiração ao antigo Quattro, modelo icónico pelo que representou em termos tecnológicos para a marca e para a própria indústria automóvel há algumas décadas. Pelo menos no princípio de um automóvel “robusto e enérgico”, com linhas agressivas, ganhando notória semelhança a secção traseira com a tira horizontal de ponta a ponta, em que o preto e o encarnado dos farolins se ‘encontram’ ou no pilar C inclinado.

Talvez ‘SUVÉ’?

Voltemos às dimensões. Recorrendo à mesma plataforma do Audi A7, a MLB Evo, este novo SUV desportivo tem 4986 mm de comprimento, 1995 mm de largura e 1705 mm de altura, afirmando-se como um coupé-SUV em variação do Q7 com o qual partilha muitos dos componentes (sendo 66 mm mais curto do que este e 27 mm mas largo, porém). Quiçá, talvez seja altura de fazer nascer um novo termo para estas combinações de combinações entre veículos? Talvez ‘SUVÉ’, numa aglutinação de SUV e de coupé?

A imponência visual do modelo de apresentação em cor de laranja (versão S-Line) fica ainda composta pelas imponentes jantes de 22 polegadas, que são mesmo as do modelo de produção final e não de um concept. A distância ao solo pode ser de 254 mm, dando-lhe assim a possibilidade de sair de estrada para percursos de terra, caso queira arriscar. As jantes disponíveis de menor diâmetros são de 19 polegadas…

A marca aponta para este novo Q8 uma premissa base de quatro pilares: conceito espacial, digitalização, design e condução. Ao longo dos parágrafos anteriores, fomos entrando pelo capítulo do desenho, demarcando-se na frente a grelha dianteira ‘Singleframe’ octogonal de grandes dimensões com seis lamelas verticais e cinco horizontais (que esconde os sensores dos sistemas de assistência à condução), integrando-se quase em peça única com os faróis que têm uma aparência dividida entre as luzes diurnas e a tecnologia de matriz LED para iluminação sem mácula da estrada. Esta é a nova face da Audi para os futuros modelos da gama Q. Entrar e sair do carro também é uma experiência mais sensorial, uma vez que a iluminação LED garante uma série de animações à chegada ou à partida do proprietário. Os clientes terão dois tipos de iluminação LED para escolher.

Odisseia no espaço

Passemos para o conceito espacial e o que este Q8 tem é mesmo muito espaço a bordo. Atrás, cabem três adultos sem grande esforço, sobretudo no que toca às pernas dos ocupantes traseiros, sendo também de enaltecer que a altura está em muito bom nível mesmo com o tejadilho de linha descendente. Um dos responsáveis da Audi que nos recebeu, com os seus mais de 1,85 m, cabia atrás e ainda ficava longe do teto… E na bagageira podem ser transportados 605 litros num autêntico cofre de grandes dimensões e formato regular. Rebatendo os bancos traseiros, esse volume aumenta para 1755 litros. A abertura da bagageira faz-se de modo elétrico, através de botões ou do sistema que aproveita o sensor de pé por baixo do para-choques traseiro.

Fomos à Alemanha conhecer em primeira mão o novo Audi Q8 e ouvir da boca dos seus criadores algumas das escolhas por detrás deste SUV de grandes dimensões

Noutros apontamentos de conforto, os bancos dianteiros podem ser escolhidos em quatro formatos, estando no topo das opções os desportivos ‘S’ e os de suporte customizado, estes últimos com ventilação de série. A função de massagem também está disponível para ambas as variantes de bancos. Refira-se, ainda, que as portas carecem de moldura, num retoque – mais um – de desportividade e de tendência coupé.

O tablier é dominado por linhas horizontais (como nas saídas de ar superiores), uma vez mais para uma maior sensação de largura, combinando tecnologia de ponta com funcionalidade e acabamentos de altíssimo nível, como seria de esperar num modelo deste segmento. Apontou-se que um dos objetivos foi “revelar emoção, mas também criar um ambiente muito limpo, sem botões”, algo que o conceito estreado no A8 permite transportar para este Q8.

Assim, há três níveis em termos de estruturação do cockpit. No primeiro, à altura dos olhos do condutor, a instrumentação Audi virtual cockpit e o núclo digital central (MMI Touch) com o ecrã tátil de 10.1” com ‘look’ preto quando desligado, centralizando uma grande parte das funcionalidades do Q8. Isso porque as restantes funcionalidades estão agrupadas no segundo ecrã tátil de 8.6” que serve – na grande parte do tempo – para configurar o sistema de climatização e que fica logo abaixo – pode servir também como método de entrada de escrita para o sistema de multimédia/navegação. Esse é o segundo nível, seguindo-se o terceiro, que é onde se situa o comando da caixa. Todos estão interligados por um outro conceito generalizado que é o de elevado requinte e suavidade, com materiais macios em redor dos passageiros, não havendo lugar a plásticos duros ao alcance do condutor.

Foco na condução

A Audi garante que se deu bastante atenção ao capítulo da condução, procurando obter elevados níveis de rigidez estrutural graças à utilização do conceito de construção Audi Space Frame com numerosos elementos em alumínio e componentes em aço de ultraelevada resistência – é este o ‘casulo’ que envolve os passageiros, sendo 14,4% da estrutura ‘em branco’ (‘body in white’ no original, que simboliza o esqueleto do veículo sem outros componentes). O alumínio ascende a 15%, estando por exemplo nas torres dos amortecedores no compartimento do motor. Folhas de alumínio também são utilizadas nos painéis laterais, no piso do veículo ou nas portas sem molduras. Mais 23,7% do esqueleto…

A Audi indica que, com o motor 3.0 TDI – que inclui a tecnologia mild-Hybrid e uma bateria de iões de lítio – o peso total situa-se nos 2145 kg.

Se já atrás se falou no Quattro – o modelo –, importa também referir que o Q8 dispõe de tecnologia de tração integral quattro com diferencial central mecânico que transfere potência entre os dois eixos em proporção base de 40:60. Quando necessário, altera essa relação transmitindo o maior número de potência ao eixo com maior tração. A suspensão foi pensada para um comportamento mais desportivo, com conceção maioritariamente em alumínio e a direção tem rácio variável de assistência.

Há três opções de suspensão para este modelo: de série, solução com controlo de amortecimento, surgindo no topo a suspensão pneumática adaptativa com controlo de amortecimento (com configuração desportiva ou de conforto) e quatro modos de acerto a partir do comando Audi drive select, variando a alura ao solo em até 90 mm. Outra opção dinâmica no Q8 é o sistema de quatro rodas direcionais, com as rodas traseiras a poderem virar num ângulo de até 5 graus. Em velocidades baixas, rodam na direção oposta às da frente, reduzindo do círculo de viragem, enquanto a altas velocidades, incrementendo a linearidade em curva, viram no mesmo sentido das da frente. O Q8 tem ainda um modo off-road, que aumenta a distância da carroçaria ao solo – um máximo de 254 mm com a suspensão adaptativa pneumática e 220 mm com a suspensão de base. Nas descidas mais íngremes superiores a 6%, o assistente de controlo de velocidade ajuda a manter a situação sob controlo até aos 30 km/h.

Diesel com hibridação suave

O grande ponto de ‘conversa’ do novo Q8 em termos de motores é o sistema de propulsão mild hybrid (ou híbrido suave), com sigla MHEV. Contempla uma bateria de iões de lítio e um alternador/gerador de correia (BAS) com um sistema elétrico primário de 48 volts. A bateria recarregável fica colocada sob o piso da bagageira, armazenando 10 Ah de capacidade elétrica. Assim, graças a este sistema, o veículo consegue desligar o motor e circular a velocidades entre os 55 e os 160 km/h quando o acelerador não está a ser pressionado, cortando emissões e consumos. Durante as desacelerações, o BAS consegue recuperar até 12 kW de energia, enquanto o sistema start-stop pode desligar o motor também a velocidades inferiores a 22 km/h. A Audi aponta uma redução de consumos na ordem dos 0,7 l/100 km com este sistema.

Nos mercados europeus, o Q8 começa com a versão 3.0 TDI (50 TDI, se quisermos usar a numenclatura oficial…) de 286 CV e 600 Nm de binário, podendo acelerar dos zero aos 100 kmh em apenas 6,3 segundos e atingir uma velocidade máxima de 232 km/h. Note-se que este motor recebe ainda diversos desenvolvimentos técnicos para ser mais eficiente, como o sistema de refrigeração duplo para a cabeça dos cilindros e para o carter para que a temperatura ideal seja atingida e mantenha em qualquer situação de condução. Os pistões, por outro lado, arrefecidos com óleo, têm conceção pensada para reduzir o atrito ao mínimo. A bomba de óleo é variável.

Quanto a outros motores, espera-se a chegada no início de 2019 de um motor Diesel mais compacto de três litros de 231 CV (45 TDI) e de um bloco a gasolina V6 3.0 TFSI de 340 CV (para o 55 TFSI). A caixa é uma tiptronic de oito velocidades.

Por fim, em matéria de sistemas de tecnologia auxiliares à condução, são muitos por onde escolher. A marca avança com um total de 39 sistemas, recorrendo ao módulo de tecnologia ZFAS que já se conhece do novo Audi A8 e que permite condução autónoma de nível 3. Recorre assim a até 23 sensores externos (cinco radares, cinco câmaras, 12 sensores de ultrassons e um scanner laser) para reconhecer a área envolvente e oferecer ao condutor diversas ajudas, como o cruise control adaptativo, a câmara de 360º, o assistente de travagem de emergência ou a possibilidade de comunicação entre carro e infraestrutura (car-to-X).

Agrupam-se em quatro pacotes de assistentes, sendo o de topo o nível Tour, que tem o sistema de cruise control adaptativo, o qual acelera, trava, mantém a velocidade e a distância de segurança para o veículo precedente, também em engarrafamentos. O assistente de eficiência também surge neste pacote tecnológico mais avançado, ajustando automaticamente a velocidade ao limite, reduzindo a velocidade antes e durante as curvas e em rotundas. O assistente de emergência permite detetar a inatividade do condutor e, se falhados os alertas visuais, acústicos e sensoriais, o Q8 assume o controlo e imobiliza o veículo na sua faixa.

Outros sistemas em destaque são o assistente de cruzamentos à frente, alertando para veículos a surgirem das laterais, e também atrás, aqui ajudando a manobras de marcha-atrás.

Muitos destes sistemas terão ativação ou funcionalidade consoante o país, sendo que a legislação ainda não é comum para a sua prática em todos.

O novo Q8 chega aos mercados europeus em meados de julho, restando saber os preços, que deverão ser anunciados mais perto do lançamento.

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