“Foco do Civic Type R está na diversão de condução. Não queremos perder esse espírito”

09/06/2017

O novo Civic Type R é nos dias que correm a grande coqueluche da Honda, capitalizando muita da experiência que a marca tem vindo a obter com a sua participação em competições desportivas, especialmente com o Campeonato do Mundo de Carros de Turismo (WTCC).

Daí que o novo compacto desportivo da Honda seja apelidado como um carro de competição para estrada, algo que, devido ao seu espírito agressivo, acaba por ter algum fundamento na medida em que existiu uma grande comunicação entre departamentos na Honda para conferir ao novo Type R um comportamento exigente e seguro, mas com o foco na diversão de condução.

No evento de apresentação internacional deste novo modelo, o Motor24 pôde falar em exclusivo com o responsável de desenvolvimento de projeto deste novo Civic Type R, Hideki Kakinuma, que destacou não só o espírito de abordagem da Honda para aplicar alguns dos conceitos do WTCC – onde compete Tiago Monteiro pela equipa nipónica -, mas também a orientação de desenvolvimento de produto da Honda com vista a um critério: a diversão de condução.

A abordagem da Honda em relação à eletrificação dos desportivos também foi abordada, mas o foco, garante aquele engenheiro nipónico, será sempre o da diversão de condução.

Motor24: Tendo a Honda atualmente uma participação importante no Mundial de Carros de Turismo (WTCC), quanta da investigação usada nesta competição foi passada para o Civic Type R de produção em série?

Hideki Kakinuma: Principalmente, na área da aerodinâmica, porque muitas das outras tecnologias não são fáceis de transferir diretamente do WTCC, porque esta tem o seu próprio regulamento e a versão de produção tem as suas próprias limitações. Mas, em termos de aerodinâmica, aprendemos imenso com a participação no WTCC em especial no equilíbrio de carga aerodinâmica entre a dianteira e a traseira, que é importante para se andar efetivamente rápido. Foi um ponto onde tivemos muita troca de informação com o departamento do WTCC.

M24: No que diz respeito ao motor 2.0 Turbo, quais foram as principais diferenças desta unidade em relação ao anterior, tratando-se de uma evolução direta e não de uma unidade nova?

HK: A principal diferença em termos de componentes face ao modelo anterior está no aumento do taxa de gases de escape, além de uma estratégia que reduz a pressão posterior, acabando por ser uma das razões para o ganho de 10 CV. Em termos de resposta do motor, afinámos a calibração, para que todo o controlo e atuação se tornem mais otimizados.

M24: Atrás, a grande novidade é a adoção de uma suspensão traseira multi-link, que torna o modelo mais confortável, mas também melhora o comportamento. Foi um objetivo tornar este carro mais amigo do utilizador no dia-a-dia e também na pista?

HK: Sim, foi exatamente esse o pensamento da Honda ao utilizar o eixo multi-link atrás no novo Civic Type R.

M24: Neste momento, vive-se uma era muito interessante em termos de desportivos compactos, com muitas marcas a disporem de novidades. Como é que a Honda vê a evolução deste segmento e o que é que vem a seguir?

HK: Acreditamos que, ainda que alguns rivais estejam já a atingir o seu limite em termos de especificações, – e para ser honesto, 320 CV para um carro de tração dianteira já é muito, muito alto -, pensamos que ainda temos margem agora progredir, não tanto em termos de especificações, mas especialmente, em termos de emoções. Lembro-me que há alguns anos se dizia que 300 CV era o máximo que se podia transmitir ao eixo dianteiro, mas com tecnologias como a suspensão adaptativa e as dimensões certas do carro, podemos agora ter 320 CV. Para esta geração do Civic Type R depositámos muito esforço nesse campo para criar essa emoção e isso começa com a diversão nas operações, um sentimento de segurança que se tem quando se conduz o carro, mas também com a resposta do motor e com a sonoridade. Acreditamos que ainda existem muitos aspetos que podemos melhorar para a próxima geração do Civic Type R.

M24: A Honda tem aplicado um esforço para desenvolver o seu ADN desportivo com a participação em diversas competições, mas quanto mais pode a marca aplicar dessa vertente nos carros de estrada?

HK: Claro que se falarmos do Civic, este é o carro mais importante para o modelo de negócio da Honda, com grande história, representando a Honda enquanto companhia. É por isso que todos os Civic anteriores foram desenvolvidos utilizando sempre as últimas tecnologias e introduzindo as melhores soluções. Desta vez, com a décima geração, demos um grande passo em frente, porque revimos totalmente a plataforma e as proporções do carro. Basicamente, havia um foco que era a diversão de condução. Quisemos trazer de volta a diversão de condução no nosso modelo mais representativo, o Civic. Foi por isso que tivemos a permissão para alterar o que quisemos nos principais componentes. Sabemos que neste momento, todos falam de eletrificação e da hibridação e, provavelmente, também a Honda terá de lidar, de qualquer forma, com esta direção, mas nunca nos podemos esquecer que o carro não pode ser um objeto unicamente para nos levar do ponto A para B, mas um meio para nos fazer sentir a diversão de condução. Esse é o espírito queremos manter no futuro.

M24: Então, um Type R híbrido poderá ser uma realidade?

HK: Como é que será um Civic Type R do ponto de vista técnico… Ainda não podemos falar sobre isso hoje, mas estamos certos de que o nosso espírito de desenvolvimento vai ter em conta a diversão de condução.

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