Numa entrevista ao Motor24, Victor Marques, relações públicas das marcas Toyota e Lexus, explicou como o C-HR foi um caso que superou as expectativas e como o futuro está a ser preparado por ambas as companhias, sempre com uma premissa muito simples no horizonte: a mobilidade está a ganhar contornos muito diferentes daquilo a que se pode assistir atualmente.
Começando por lembrar as apostas de Toyota e da Lexus no recente Salão de Genebra, apontando para um caminho de equilíbrio entre a racionalidade e a emoção, como foi visto no certame helvético com as revelações dos novos Toyota Yaris e Yaris GRMN e dos Lexus LC 500 (e respetiva versão híbrida) e LS 500h. Do I-TRIL Concept, a explicação de que se trata de um projeto orientado para o futuro, mas que não esconde uma franja de realismo prático.
Surpresa C-HR
Lançado no final do ano passado, o Toyota C-HR ainda não parou de surpreender os responsáveis da companhia japonesa liderada por Akio Toyoda. Mesmo em Portugal, o novo SUV tem merecido um acolhimento digno de registo, conforme explica Victor Marques.
“O C-HR tem sido um campeão de vendas, excedendo mesmo as expectativas mais otimistas da marca. Na Europa tem um sucesso incrível, mas também se deve dizer que foi concebido para o gosto dos europeus e, sendo produzido na Turquia, é um modelo 100% europeu. Temos mais de 55 mil carros vendidos desde novembro do ano passado na Europa, maioritariamente também na versão híbrida e é um modelo muito importante em termos de design”, começa por apontar, indicando ainda que existem cerca de 26 mil unidades encomendadas “o que é um valor muito significativo”.Quanto a Portugal, a surpresa não foi exceção, mas aqui também com uma tónica mais forte colocada na vertente híbrida, “já que 90% dos modelos vendidos são híbridos, sendo mais uma forma de alavancar a força da Toyota em relação aos híbridos”.
Face a essa prestação comercial, poderá o lugar do Yaris como modelo mais vendido da marca na Europa estar em perigo? “As perspetivas são muito boas. O C-HR é um crossover de segmento C, em franco crescimento na Europa. O que tem acontecido neste segmento é um crescimento exponencial e acreditamos que será um modelo ‘core’, fundamental na gama, como é o Yaris e o Auris. No nosso mercado, muito concentrado no segmento B, o Yaris tem muita força, até por se apresentar como a única proposta no seu segmento com uma opção híbrida”.
Yaris: Híbrido é caso único no segmento
Sobre o Yaris, que representou “um forte investimento com 900 componentes novos”, que vão da estética à técnica passando ainda pela melhoria da insonorização a bordo e das suspensões, para uma “maior agradabilidade e para tornar o carro mais envolvente na condução”, o responsável recorda o esforço financeiro de 90 milhões de euros para esta atualização que confere vida nova ao modelo. De fora do leque de motores para Portugal está o novo 1.5 a gasolina, rejeitado depois de se terem analisado os dados de vendas do anterior bloco 1.33 e o previsível encarecimento do motor 1.5 em virtude das questões fiscais em Portugal.
Em Genebra, a marca apresentou um concept curioso, na forma do i-TRIL, um veículo autónomo e urbano que é ainda totalmente elétrico. Será o i-TRIL um sinal do futuro próximo? “O I-TRIL Concept tem muto daquilo que são as novas direções da mobilidade, como por exemplo a condução autónoma em autoestradas, que será rapidamente implementada nesse tipo de ambiente, em total segurança. É também uma visão de mobilidade elétrica com uma característica inovadora de diversão ao volante para que, sempre que conduzirmos, possamos extrair diversão na condução”, argumenta Victor Marques.
Entre a emoção…
Na Lexus, a apresentação do LS 500 apresta-se a ser a próxima grande aposta, com uma importância enorme, até pelo lado histórico: o primeiro Lexus foi um LS, decorria o ano de 1989, mas o lado emocional das prestações elevadas não foi esquecido. É para isso que a marca ultima o lançamento do LC 500.
“O LS 500h chega no início do próximo ano, apenas como hibrido, o LC 500 e 500h apenas em 2018, nas duas versões por encomenda ainda que nos foquemos mais na variante híbrida. Mas é um carro com características muito especificas: lançamos o sistema Multi-Stage que recorre a uma caixa automática de quatro velocidades e a uma CVT para uma condução de 10 velocidades com patilhas no volante e resposta imediata. É um carro com desempenho acima da média e com elevada eficiência. Podemos andar em modo EV até aos 140 km/h e apresentar um consumo de 6,4 l/100 km do LC 500h e 145 g/km de CO2”.
“A diferenciação da Lexus tem vindo a marcar sucesso. O design tem sido muito importante e temo-nos focado muito nessa área. O responsável da Lexus logo abaixo do senhor Akio Toyoda é um designer e não um engenheiro, daí a atenção a esse capitulo. Temos uma grelha e um design de família, mas depois cada modelo tem uma identidade muito própria”, refere, mencionando os elementos tradicionais da cultura japonesa, como o Omotenashi de hospitalidade da qual funções de conforto como os bancos com shiatsu são exemplos.
Por outro lado, o carácter desportivo, que também surge na Toyota com o GT86 ou com o novo Yaris GRMN, começa agora a espelhar-se com mais força na Lexus na Europa e Estados Unidos com o surgimento do Lexus RC F GT3.
“O carro foi lançado como protótipo e foi já a primeira marca asiática a vencer uma prova do VLN. Este ano vai competir no Japão e nos EUA e também nalgumas provas selecionadas da Europa, como em Nürburgring”, completa.
Porém, regresse-se ao universo da mobilidade sustentada, com Victor Marques a voltar-se novamente para a componente híbrida dos modelos das duas marcas.
“Nós acreditamos que os portugueses, em geral, estão mais recetivos à tecnologia híbrida e as nossas marcas têm um posicionamento preferencial nessa área, pelo que vamos tentar alavancar muito as vendas com os híbridos, mais obviamente com a Lexus, uma vez que todos os modelos da gama tem uma versão híbrida. Aliás, uma questão muito importante sobre os 10 milhões de híbridos vendidos pela Toyota tem que ver com o impacto muito significativo da poupança ambiental. Em comparação com os veículos de combustão a gasolina tradicionais falamos de 77 milhões de toneladas de emissões de CO2 poupadas ao ambiente e aproximadamente 29 milhões de quilolitros de gasolina a menos, pelo que temos um papel muito importante na proteção do ambiente”, argumenta.
“Os elétricos, soluções vistas em modelos como o i-TRIL Concept, permitem uma utilização para os meios urbanos e terão um papel muito importante nesse ambiente de cidade. Dentro de três a cinco anos, a Toyota irá lançar elétricos para esses segmentos A e B, mas o problema é nos outros segmentos, em que as pessoas continuam a precisar de fazer longas distâncias e não podem estar sujeitas a tempos de carregamento muito elevados”. A solução, aponta, pode estar na pilha de combustível a hidrogénio.
Hidrogénio a crescer
Victor Marques explica que o segredo poderá estar na chamada sociedade do hidrogénio, capaz de chegar a uma grande diversidade de elementos e situações de mobilidade que não apenas a do automóvel.
“A Toyota tem investido e estudado a tecnologia de hidrogénio há décadas. Neste momento, é uma tecnologia que chega ao mercado com o Mirai que lançámos no passado e acreditamos que esse modelo é o futuro, mostrando que, em termos de mobilidade, é uma solução viável, com um carregamento de três a cinco minutos para uma autonomia de 400 a 500 km. Portanto, o hidrogénio parece ser uma solução ganhadora e que levará a uma transformação da própria sociedade e do automóvel que irá crescer com essa sociedade do hidrogénio”, explica, fazendo igualmente questão de lembrar a questão da partilha de esforços no desenvolvimento desta tecnologia com a BMW, outra marca muito empenhada na disseminação do hidrogénio.
“Sem dúvida que a pilha de combustível a hidrogénio é uma forma muito eficaz de armazenar energia. Na Alemanha, por exemplo, há excesso de energia durante a noite e armazenam esse excesso com a produção de hidrogénio para depois utilizarem essa energia durante o dia em horas de pico com a rede de autocarros e outros veículos. O hidrogénio é uma alternativa até para outras áreas, como na dos comboios. Olhe-se para estes: continuam a ser no mundo inteiro, na grande maioria, movidos a tecnologia Diesel, que é muito poluidora e faz sentido que passe a utilizar a pilha de combustível. O futuro da mobilidade não é só com os híbridos e os plug-in… No imediato são a solução mais viável, mas a pilha de combustível terá um papel importante”, conclui.
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