A 180d: Que bem fala este Mercedes…

29/12/2018

Na altura de renovar o seu best-seller, leia-se Classe A, a Mercedes não fez por menos e, embora a silhueta se mantenha facilmente reconhecível, nota-se a nova linguagem estilística da marca, que dá ares mais desportivos ao modelo apesar de, neste caso, estarmos perante o 180d, a base da pirâmide Diesel.

No que este A mais surpreende é no interior, com o novo arranjo do tablier e, especialmente, o sistema multimédia MBUX (Mercedes Benz User Experience ), que há alguns séculos levaria os seus criadores à fogueira, tal a experiência interativa automóvel-condutor e o nível de inteligência artificial do sistema.

Tal como no anúncio daquela marca de chocolates, também aqui existe uma palavra secreta: “Mercedes”. Basta dizê-la e uma voz feminina e muito pouca artificial logo pergunta: “Em que posso ajudá-lo”?.

O interior está demasiado frio? “Mercedes, ventilador no máximo”, sem desviar os olhos da estrada ou tirar as mãos do volante, e o nosso anjo da guarda lá regula o débito de ar.
Queremos telefonar, por exemplo, à Soc. Comercial C. Santos (que nos cedeu este veículo) a marcar uma revisão, e a nossa amiga lá estabelece a ligação. E o sistema vai aprendendo com os hábitos do condutor, seja quais a selecionar estações de rádio ou música preferidas, o trajeto mais rápido para casa ou emprego.

O que torna este sistema verdadeiramente diferente de todos os comandos de voz já disponíveis nalguns veículos é que aceita, ou seja, “compreende” frases completas facilitando a vida do utilizador. Até permite brincadeiras como, por exemplo, dizer “Mercedes, és bonita” e o carro agradecer ou falar em qualquer outra marca e ouvir como resposta “Pois, mas a Mercedes é melhor”.

O MBUX está apto a receber novos conteúdos, atualizações via wireless e diferentes perfis de condutor. Que o mesmo é dizer, quando há duas pessoas da família a utilizarem o Classe A o carro adota as configurações escolhidas por cada um dos condutores.

O alto nível de sofisticação do MBUX reflete-se no painel de instrumento, composto por um grande painel digital (cujas dimensões variam de acordo com a versão: de série tem dois ecrãs de 7″, depois temos em opção as 7″ na instrumentação e central de 10.25″ e, finalmente, dois ecrãs de 10.25″. ), de uma extraordinária nitidez e legível mesmo quando o Sol lhe bate. Pela primeira vez na Mercedes a metade direta é tátil, enquanto a da esquerda, que fica em frente ao condutor, pode ser comandada por uma tecla tátil no lado esquerdo do volante.

Exagero

Esta é a parte mais “fora da caixa” do novo Classe, que em quase tudo o mais é um carro tradicional, com a qualidade de materiais e acabamento próprios de uma marca Premium, uma grande atenção aos detalhes (os ventiladores são dolorosamente bonitos), talvez aqui e ali exagerada, como sejam as entradas USB do tipo “C”, que em breve deverão ser norma nos smartphones, mas que até agora poucos utilizam, obrigando a comprar um adaptador ou, caso queiramos apenas carregar o aparelho, a utilizar a tomada de 12 v.

As necessidades do quotidiano encontram uma boa resposta ao nível dos locais de arrumação, mas já o espaço no interior não entusiasma quem viajar atrás, apesar de a distância entre eixos ter aumentado mais de 30 milímetros e do comprimento ultrapassar os 4,42 mm.

Também a capacidade da bagageira é ultrapassada por muitos rivais, mas chega para as encomendas (“frugais”) de uma viagem a quatro.

Comportamento sem surpresas

Olhar para uma ficha técnica e ler 116 cavalos para puxar cerca de 1345 quilos (peso que varia em função da versão e do equipamento extra que se lhe quiser meter) dá “suores frios”, tanto mais que não dá para pedir à “Mercedes” nem uns cavalitos a mais, nem um binário de camião. Acredite que nós tentamos, mas ela fez-se desentendida.

Ou talvez não. Na realidade, se aos 116cv juntarmos os 260 Nm de binário e a 7G-DC, uma competente caixa de dupla embraiagem de sete velocidades, temos um carro que não envergonha em nenhum capítulo. Dos zero aos 100km/hora demoramos 10,5 segundos e a “Mercedes” não sabe quanto pontos tiram à carta os 202 km/h de velocidade máxima.

Mas, dizemos nós, este 1.5 a gasóleo mostra-se muito competente, pouco gastador (o nosso computador de bordo brindou-nos com 5.6 l/100km), discreto passada a fase de aceleração e sem nada de muito negativo a apontar (quem gosta de automóveis quer sempre mais, mas estes níveis de potência e binário adequam-se perfeitamente a uma utilização quotidiana, seja ela em cidade ou fora dela).

Da vasta panóplia de equipamento de segurança (uns se de série outros obrigando a abrir os cordões à bolsa) detestámos (isso mesmo) e não entendemos a brusquidão do sistema que nos alerta para a transposição das linhas no pavimento. A travagem daquele lado é tão forte que até assusta e estamos em crer que toda a gente opta como nós, por o desligar. E é pena, porque este tipo de sistemas é realmente útil. Um pormenor a rever pela marca.

O Classe A que ensaiamos custava 36.464,27 euros e dispunha de 2.200 euros em opcionais. Mas pode ter “uma” Mercedes a partir dos 27.734,3 euros (A160) e até aos 48.242,51 euros (A250).

FICHA TÉCNICA
Mercedes A180D

Motor: Diesel, quatro cilindros em linha
Cilindrada: 1461 cm3
Potência: 116 CV às 4000 rpm
Binário: 260 Nm às 2500 rpm
Velocidade Máxima: 202 Km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,5 segundos
Transmissão: Caixa de dupla embraiagem de sete velocidades
Peso: 1345 kg
Consumo Combinado: 4.1 l/100km
Emissões de CO2: 111 g/km
Preço desde: 36.464,27 euros (unidade ensaiada)

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