O novo 296 GTB assume-se como um marco na história da Ferrari, ao ser o primeiro desportivo com motor V6 associado a um sistema híbrido plug-in. Porém, tudo neste modelo foi criado de raiz para o propósito de oferecer uma experiência de condução mais apurada, pelo que o motor é integralmente novo, evitando assim comparações com unidades como as da Maserati (no MC20) ou até o V6 da Alfa Romeo, também criado pela Ferrari.

Pensado para oferecer prestações excitantes e condução divertida para os entusiastas da marca italiana, o novo 296 GTB foi desenvolvido em torno de uma série de novos conceitos técnicos na Ferrari, não só pelo facto de ter um V6 híbrido, mas também por oferecer características diferentes dos modelos atuais, como foi explicado pelos responsáveis da companhia, Enrico Galliera, responsável de Marketing e de Produto, e Michael Leiters, diretor tecnológico da marca.

Interrogado se o 296 GTB partilhava alguns dos componentes do motor V6 com a unidade da Maserati (denominado ‘Nettuno’), Leiters foi perentório a indicar que a unidade montada no novo Ferrari é específica e criada de raiz para o 296 GTB para atingir os princípios de eficácia e diversão ao volante. Entre as suas características-chave está a redução das dimensões e a abertura do ‘V’ a um ângulo de 120 graus, permitindo assim albergar o turbo entre as bancadas de cilindros, um conceito conhecido por ‘hot vee’.

“Somos a Ferrari e o motor é o foco da Ferrari. Não podemos aproveitar algo de qualquer outro. Este conceito é tão particular e dá-nos tantas vantagens, não só do motor com a potência, mas da colocação e da integração no chassis, sendo mais compacto e mais baixo. Se conduzirem este carro, têm uma sensação de kart, é fantástico. Encurtámos a distância entre eixos em 50 mm [NDR: face um hipotético motor V8], que tem um impacto tão importante na dinâmica e na inércia, que não poderíamos fazê-lo com outro motor. Tem um enorme impacto”, afirma Leiters, refutando assim a ideia de partilha de componentes com outros motores V6 já existentes. “A Ferrari não copia ninguém, nem adota nada de ninguém”, repete.

 

Galliera acrescenta que “este carro foi concebido para ser o mais divertido do segmento e, para isso, foi preciso desenvolver um novo motor que permitisse obter isto, com as características que foram mencionadas para oferecer o que era preciso”.

Essencial foi a ideia de baixar o centro de gravidade, não só pela adoção do tal motor V6 – até porque o maior ângulo do ‘V’ também permite baixar o centro de gravidade, ao aproximar as duas bancadas de cilindros do piso –, mas também pelo diferente posicionamento do pack de baterias, sob o piso, comparativamente ao SF90 Stradale, dispondo igualmente de menos células tornando o tempo de carregamento 5% mais rápido.

“A motorização é totalmente diferente. Um era um V8 e esse motor obrigava a deixar um certo espaço para a motorização, pelo que não era possível baixar tanto o centro de gravidade como no 296 GTB, que beneficia do design compacto do motor V6, que nos permitiu baixar a bateria e ajudar a dinâmica”, explica Leiters, abordando em maior detalhe alguns dos preceitos técnicos do novo 296 GTB, que tem um centro de gravidade 10 mm mais baixo do que o do F8 Tributo (com o motor em posição 15 mm mais baixa).

“É importante perceber o conceito. Falamos de um híbrido. Temos de compensar o peso e reconquistar a dinâmica de condução para ter diversão ao volante como temos aqui. Um elemento, além de reduzir o peso total, é reduzir o centro de gravidade. Além disso, uma distância entre eixos mais curta torna o carro mais ágil e dinâmico, tendo sido um elemento fundamental neste carro. Este V6 é cerca de 40 mm mais curto face ao V8 – a redução da distância entre eixos deve-se em grande parte ao motor mais compacto, uma escolha excecional que fizemos”, assegura.

Já o chassis, sempre com o tal objetivo de oferecer “o máximo prazer de condução”, é totalmente novo, com rigidez estrutural cerca de 25% superior ao F8 Tributo e rigidez torsional superior em cerca de 60% face ao mesmo comparativo.

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