A Renault continua a sua ofensiva no segmento C-SUV e o Austral é o mais recente membro da família, com uma gama ampla de motorizações em que a solução Full Hybrid é a mais apetecível nos tempos que correm. Com um reforço da vertente tecnológica e uma subida da qualidade, o Austral tem os argumentos certos para dar uma valente dor de cabeça à concorrência.

Integrando-se plenamente na estratégia ‘Renaulution’ apresentada anteriormente por Luca de Meo para reconquistar o segmento C, o Austral agarra o testemunho transmitido pelo Kadjar para o segmento C-SUV, assumindo-se como uma escolha adequada tanto para uso privado como para uso profissional.

Para o novo Austral, a base é a nova plataforma CMF-CD que tem múltiplas vantagens em termos de arrumação de componentes e na estratégia de eletrificação, além de permitir novas possibilidades nas áreas da conectividade e dos sistemas de assistência e segurança (ADAS), oferecendo um total de 32 tecnologias deste género. Porém, este SUV não terá versões 100% elétricas, num estatuto que ficará para o Mégane E-Tech. Os diferentes níveis de eletrificação abrangem, então, opções mild hybrid e híbridas, destacando-se uma nova geração híbrida E-Tech mais avançada.

Ainda em termos técnicos, o Austral estreia evolução do sistema de eixo traseiro direcional 4Control, que na quarta geração ganha denominação 4Control Advanced. Mas já lá iremos.

Estilo apelativo

No exterior, as linhas rompem com os modelos anteriores da Renault, dispondo de uma aparência mais musculada e assinatura luminosa distinta, a que se junta ainda uma grelha mais larga com padrão em diamante com acabamento Ice Black e uma ‘lâmina’ transversal que confere uma impressão de largura e de refinamento.

Os faróis contam com tecnologia Full LED na dianteira (podendo receber tecnologia Adaptive LED Vision e Matrix LED Vision como equipamento mais avançado), ao passo que na traseira a aparência deste modelo sobressai pelos farolins com tecnologia de micro-ótica esticados até ao losango no centro da tampa da bagageira. As jantes podem variar entre as 17 e as 20 polegadas para maior imponência estética.

Quanto a medidas, o Austral mede 4,51 metros de comprimento, 1,83 metros de largura e 1,62 metros de altura, valendo-se também de distância entre eixos de 2,67 metros. Já a altura ao solo é de 170 mm, apresentando pois uma maior funcionalidade enquanto SUV.

Mais espetacular no interior

No design interior, o Austral oferece um ambiente espaçoso, mas também com apontamentos modernos, apresentando um painel de bordo de última geração, de desenho mais horizontal e que se alinha com o topo das portas, criando aquilo que a marca denomina de “efeito protetor dos ocupantes”.

Central ao conceito tecnológico do interior, o sistema OpenR congrega painel de instrumentos digital e o ecrã tátil central naquilo que a Renault considera como um dos conceitos mais importantes do novo Austral.

Estes dois elementos foram fundidos numa única grande consola, com o acabamento do ecrã OpenR a partilhar os mesmos conceitos dos tablets e smartphones topo de gama. Ou seja, o ecrã é revestido com vidro ‘Gorilla Glass’ aluminossilicato – vidro temperado ultra resistente a riscos e à repetida limpeza. Em complemento, beneficia também de um revestimento adicional anti-impressão digital e antirreflexo. Esbatem-se cada vez mais as fronteiras entre os smartphones e os automóveis.

O painel de instrumentos digital tem uma dimensão de 12.3 polegadas e o ecrã central agregado mede 12 polegadas, não faltando ainda a projeção num head-up display (opcional) de 9.3 polegadas. Porém, nos modelos de entrada, a dimensão dos ecrãs é mais reduzida: a versão de acesso tem um ecrã multimédia com 9” polegadas. O condutor pode escolher entre quatro opções de visualização das informações de condução no painel de instrumentos digital, entre o Clássico, Navegação, Zen e Estrada (com uma representação gráfica da estrada e trânsito circundantes).

A tecnologia do OpenR Link tem por base o sistema operativo Android, sendo assumido como uma garantia de que é uma base fácil e intuitiva. Pode ter controlo por voz e acesso ao Google Maps, Google Drive e assistente pessoal Google, com inspiração nos smartphones. Por outro lado, está garantida a permanente conectividade com atualizações de ‘firmware over-the-air’, ou seja, um automóvel com o condão de evoluir ao longo de toda a sua vida.

Adicionalmente, na procura por uma maior qualidade percebida, a Renault dedicou enorme atenção à qualidade dos materiais e da construção interior, com a escolha cuidadosa dos materiais, havendo elementos em cromado e revestimentos macios ao tato. Neste sentido, o acolchoamento apresenta uma costura dupla nas versões de equipamento superiores, sobressaindo também o design elegante desobstruído de todos os botões e interruptores, que estão agora localizados à volta do volante e do ecrã OpenR. Numa primeira abordagem ao interior, sentido ao ‘vivo’, há um salto visível na qualidade geral, embora pelo lado menos positivo haja agora uma confluência de comandos situados atrás do volante, sobretudo do lado direito – três hastes para diferentes funcionalidades.

O espaço livre ganho na consola central permitiu integrar um apoio de braço com acabamento de grão fino agradável ao toque, apoiado numa estrutura deslizante com inspiração no mundo da aeronáutica. Nesse mesmo apoio de braço está um suporte para smartphone do condutor.

A impressão de espaço a bordo é maximizada graças ao tejadilho panorâmico, disponível como opção a partir do nível de equipamento Techno (intermédio). O teto panorâmico pintado está equipado com uma cortina para-sol elétrica para melhor conforto térmico no verão.

No que diz respeito à habitabilidade, destaque para as boas cotas nos bancos traseiros, que podem ser ajustados longitudinalmente (⅓ ou ⅔) em até 16 cm, para assim oferecer diferentes capacidades para a bagageira: no caso de ‘empurrar’ os bancos traseiros o máximo para a frente (sem rebatimento), a capacidade chega aos 575 litros no caso do E-Tech Hybrid (430 litros com o banco mais retraído). Outras variantes, como as Mild Hybrid ou Mild Hybrid Advanced, com o banco traseiro fixo, oferecem um volume de 500 litros. Com o banco do banco traseiro dobrado, o volume disponível atinge 1525 litros (1455 litros na versão E-Tech Hybrid).

Gama eletrificada

A marca aposta numa gama de motores altamente eficientes e variada, com destaque para os grupos motrizes E-Tech Full Hybrid, que se assume como um dos mais interessantes de conduzir pelas prestações e pela eficiência. Mas essa é a tecnologia de topo, com a Renault a propor outras soluções que, porventura, serão mais procuradas no mercado luso.

Na base da gama, os clientes terão à disposição um sistema mild hybrid de 140 CV com motor 1.3 de quatro cilindros a gasolina (sobrealimentado), associado a um motor elétrico de novo desenvolvimento, uma bateria de iões de lítio compacta (400 V), caixa manual de seis velocidades e consumos a partir dos 4,6 l/100 km para emissões de CO2 desde 104 g/km.

Adicionalmente, outro sistema híbrido de 12V, com 160 CV e 270 Nm, recorre também ao motor 1.3 de quatro cilindros turbo, com consumo médio desde 6,3 l/100 km e emissões de CO2 a partir de 141 g/km. Esta unidade está disponível apenas com transmissão automática CVT X-Tronic.

Dispensando a versão 1.2 Mild Hybrid Advanced com sistema eletrificado de 48 V no mercado nacional, a outra opção a comercializar será a versão full hybrid E-Tech Hybrid com dois níveis de potência, 160 CV e 200 CV. Tem por base um novo motor 1.2 Turbo de três cilindros (130 CV e 205 Nm), que se combina com dois motores elétricos: um é o motor de tração (e-motor) com 50 kW e 205 Nm, enquanto o outro é um gerador/motor de arranque de alta tensão (HSG) utilizado para ligar o motor de combustão, trocar de velocidades e carregar a bateria. Há ainda uma bateria central de iões de lítio de 1.7 kWh (400 V) e caixa de velocidades multimodo de dentes direitos.

Entre as outras mudanças técnicas, além de diversas afinações para melhoria da eficiência, a marca aplicou uma sétima velocidade na caixa multimodo E-Tech inspirada no mundo da Fórmula 1, procurando melhorar a sua eficiência e agradabilidade de funcionamento. Dessas sete velocidades, duas são para o modo elétrico e cinco para o modo híbrido, embora esta caixa funcione por modos de combinação e não como uma caixa de velocidades comum. O resultado é uma melhoria no binário (de 350 Nm para 410 Nm), potência, rendimento e capacidade de resposta.

Os consumos da versão de 200 CV iniciam-se nos 4,6 l/100 km e as emissões nos 105 g/km de CO2, beneficiando de um tempo de condução a rondar os 80% em cidade em modo elétrico. A habitabilidade não se altera, graças ao posicionamento inteligente da bateria e dos componentes híbridos. O E-Tech de 200 CV acelera dos zero aos 100 km/h em menos de nove segundos.

Os novos modelos dispõem também de variação nos modos de condução com o sistema Multi-Sense, para condução mais ecológica ou desportiva, consoante a vontade do condutor.

Quanto a peso, o novo Austral pesa entre 1373 kg e 1546 kg no caso dos Mild Hybrid de 12V e os cerca de 1600 kg no E-Tech Hybrid.

A evolução do 4Control

O chassis do novo Austral estará disponível em duas versões: eixo de torsão para modelos com direção às duas rodas dianteiras e eixo traseiro multibraços com o sistema 4Ccontrol Advanced para a versão de quatro rodas direcionais, que vai na sua terceira geração e que tem agora um ângulo de viragem de 5º no eixo traseiro, numa melhoria face aos 3º da versão anterior.

É a terceira geração desde que o Laguna GT estreou essa tecnologia em 2008. O princípio é o mesmo, com a marca a apontar para uma melhoria importante na segurança, facilitando as manobras abaixo dos 50 km/h e o dinamismo e a precisão acima dos 50 km/h. No contacto que efetuámos em Espanha, Madrid, nota-se realmente, uma melhoria da agilidade, não só na passagem em curva, mas sobretudo na diminuição do raio de viragem, o que tem o condão de facilitar as manobras de estacionamento ou de inversão de marcha em cidade.

A carroçaria mais rígida e os amortecedores e suspensão foram otimizados para reduzir as vibrações e o ruído. A rigidez de torsão da carroçaria foi alcançada sem adicionar demasiado peso ao automóvel, graças à utilização de materiais como o alumínio (portas e braços de suspensão).

Três níveis de equipamento e a nova desportividade Alpine

A nova gama Austral incorpora três níveis de equipamento: Equilibre, Techno e Iconic, sendo que os dois últimos também estão disponíveis com o design Esprit Alpine, numa combinação que lhe dá um aspeto mais dinâmico.

Sendo uma completa estreia na gama, estas versões inspiram-se no ADN desportivo da marca Alpine, com para-choques dianteiro com lâmina desportiva em cinzento acetinado, jantes em liga leve de 20 polegadas ‘Daytona’, logótipo em preto na dianteira e traseira, estofos mistos em tecido carbono/Alcantara com pesponto azul e volante em couro específico da linha esprit Alpine com pespontos azuis, brancos e vermelhos.

No nível de entrada, a versão Equilibre conta, desde logo, com a grelha axadrezada e arcos de rodas e saias laterais em preto brilhante, ecrã tátil central de 9.0 polegadas e um grande ecrã do painel de instrumentos de 12.3 polegadas para o condutor. Esta versão também vem equipada com um sistema de ajuda ao estacionamento traseiro e faróis LED Pure Vision.

Os preços começam nos 33.300€ para a versão equilibre Mild Hybrid de 140 CV, mas o ‘coração’ da gama, de acordo com a Renault, deverá ser a versão techno Mild Hybrid 140 CV que estará disponível por 35.800€. A versão techno esprit Alpine parte nos 38.800€ para a versão Mild Hybrid de 160 auto, tendo a versão E-Tech Full Hybrid de 200 CV um preço base de 42.300€ quando neste nível, igualmente.


PRIMEIRO CONTACTO AUSTRAL E-TECH HYBRID

A Renault sabe que nem todos os seus clientes estão já predispostos para adotarem a mobilidade 100% elétrica, pelo que seria imprudente cortar em definitivo com a estratégia de mobilidade à medida de cada um. Assim, a gama do novo Austral contempla diferentes opções de eletrificação, sendo a E-Tech Hybrid aquela que mais atenção recolhe. Uma solução criada pela companhia gaulesa e estreada neste novo SUV, com desempenho competente e refinamento bem conseguido.

É com a tecnologia híbrida que a Renault espera cativar os antigos clientes dos motores Diesel, propondo uma solução altamente eficiente e com respostas capazes de satisfazer todas as necessidades, com dois níveis de potência preparados: 160 CV e 200 CV. Na apresentação internacional que decorreu em Madrid, Espanha, a marca colocou à disposição dos jornalistas a versão mais potente, sendo esta uma solução que demonstrou os seus predicados ao longo de percursos variados. As versões ensaiadas eram também as mais equipadas, com acabamento desportivo Esprit Alpine.

A bordo, a primeira impressão é a de um modelo muito bem conseguido, com nível de acabamento muito elevado, destacando-se também pelos bons materiais e por revestimentos que dão uma ótima impressão geral. Esta melhoria na qualidade percebida acaba por ser importante, atendendo à melhoria também dos seus rivais, pelo que a Renault está assim em muito boa posição.

Mas, é no capítulo da tecnologia que o Austral começa a marcar pontos, com a solução OpenR com os seus dois ecrãs a ser bastante interessante. O painel de instrumentos tem fácil leitura apesar da multiplicidade de informações apresentadas e o head-up display consegue ser ajuda criteriosa na condução ao projetar no para-brisas as principais informações.

O manuseamento do sistema de infoentretenimento, criado pela Google Automotive, é muito semelhante ao de um smartphone, o que quer dizer que resulta intuitivo e de fácil interpretação, havendo muitos menus para explorar. Num deles, é até possível ajustar o volume dos ‘piscas’. Simples, mas útil…

A posição de condução é elevada, como convém num SUV multifuncional, oferecendo boa visibilidade.

Boas respostas, ainda melhor refinamento

O sistema full hybrid deste Austral significa que apenas durante alguns momentos é possível circular em modo elétrico. Porém, o sistema funciona realmente bem, com boa integração da unidade elétrica a permitir, durante muitas vezes, que funcione sem recurso ao motor de combustão de 1.2 litros. Adicionalmente, como a capacidade de regeneração é muito boa, a bateria facilmente repõe a carga necessária para nova tirada apenas com o motor elétrico.

Como é de supor, há que dosear o pedal do acelerador para não despertar o motor de combustão, mas quando tal acontece, as prestações combinadas são muito boas, com aceleração dos zero aos 100 km/h em 8,4 segundos no caso da versão Esprit Alpine. Não obstante, sobretudo em modo mais ecológico de condução (ajustado pelo Multi-Sense), há um ligeiro atraso na resposta quando se pressiona o acelerador mais a fundo para uma ultrapassagem, por exemplo, algo que os responsáveis da Renault com quem falámos garantem que será ainda melhorado até ao lançamento.

Muito elogiável é o trabalho feito pela marca no ‘jogo’ de ação entre os dois motores, com transição feita de forma impercetível e excelente insonorização – muitas vezes, nem se percebe que o motor a gasolina está em funcionamento, havendo também um ótimo trabalho na supressão das vibrações a bordo.

Sem grande contenção na condução e passagens por zonas de subida em montanha, obtivemos um consumo médio de 6,1 l/100 km, o que leva a crer que é realmente possível obter os valores anunciados pela Renault para esta versão híbrida de 200 CV (desde 4,6 l/100 km).

O comportamento dinâmico corresponde às expectativas, com um controlo de carroçaria muito satisfatório, num bom equilíbrio entre conforto e desportividade, também a reboque de uma boa sensação da direção, que se revela precisa e com assistência variável consoante o modo de condução. Apenas no piso mais empedrado existe alguma sensação de maior firmeza, o que pode ser explicado pelas jantes de maiores dimensões.

Em suma…

Neste primeiro contacto, fica a noção de um Austral que eleva o estatuto da Renault dentro das propostas híbridas, sobretudo por via de um sistema eletrificado muito refinado e bem ajustado para uma ampla variedade de utilizações, sem que se mostre demasiado penalizador nos consumos em caso de condução mais destemperada.

O comportamento regrado com bom compromisso entre conforto e dinamismo é outra das suas características, podendo por isso corresponder a uma vasta amplitude de expectativas.

Neste primeiro contacto, também ficámos bastante satisfeitos com a subida geral na qualidade operada pela Renault neste Austral, mas sobretudo com o reforço na vertente do equipamento e da tecnologia, algo em que este SUV se demarca face à grande maioria dos seus rivais. Exemplo disso é o sistema de infoentretenimento que é realmente interessante de utilizar.

Contas feitas, o Austral pode ser tudo o que o Kadjar não conseguiu ser: uma grande dor de cabeça para os rivais.

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