Equipamento do supercarro da marca de Molsheim tem potência suficiente para manter fresco um apartamento de 80 metros quadrados.

Julia Lemke é a profissional por trás de uma das muitas peças de engenharia que nos passam ao lado quando pesamos em supercarros do gabarito do Bugatti Chiron. Pertenceu-lhe a responsabilidade de desenvolver um sistema de ar condicionado à altura de automóvel que está entre os mais exclusivos, rápidos e caros da atualidade. E, como tal, nenhum pormenor foi deixado ao acaso.

Segundo Lemke, o desafio começa na necessidade de criar um sistema para cada indivíduo e até de acordo com as particularidades de cada mercado, que também existem: os clientes europeus, por exemplo, sentem-se confortáveis com uma temperatura ambiente entre os 21 e os 22 graus; os americanos preferem o habitáculo mais frio.

Depois, é “importante que a temperatura selecionada se estabeleça rapidamente. Mas não devem existir correntes de ar. O sistema não deve notar-se a bordo. Temos de assegurar que não existem correntes de ar nem ruído, só assim consegues o máximo conforto”, explica.

Julia Lemke

Mas para além de suave e silencioso, este sistema que é composto por um compressor com uma capacidade de refrigeração de até 10 kW e dois condensadores que, segundo a marca, seriam suficientes para arrefecer um apartamento de aproximadamente 80 m2, e mais de 9,5 metros, conseguindo comprimir 3 quilogramas de refrigerante numa pressão entre 2 e 30 bar, por minuto, tem de manter os mesmos níveis de eficácia a 40 ou a 400 km/h… E como está montando no motor, próximo do sistema de escape, as temperaturas altíssimas a que está sujeito não ajudam. “Nos veículos convencionais, o ar é forçado a entrar no interior da extremidade inferior do para-brisas, mas num Bugatti isso só acontece a partir dos 250 km/h.”, explica Lemke, acrescentando que a partir deste ponto passa a haver pressão negativa, o que obrigou à criação de um dispositivo controlo com uma aba suplementar e um ventilador otimizado que o ar continua a entrar no habitáculo de forma correta.

Mas há mais: para cumprir velocidades tão elevadas como as que pode alcançar o Chiron, toda a carroçaria foi desenhada para ser especialmente aerodinâmica… e muito quente. O para-brisas, por exemplo, com uma inclinação de apenas 21,5 graus e uma superfície vidrada com avantajados 1,31 metros quadrados (ronda os 0,70 m2 nos carros convencionais, em posição bastante mais vertical), faz com que o interior de um Bugatti aquece muito mais rapidamente, exigindo mais do sistema de refrigeração.

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