A Audi apresenta o seu novo Grandsphere Concept como um jato privado para a estrada e a ideia não é descabida. Propondo funcionalidades de luxo, espaço e competências autónomas de nova geração, este protótipo futurista corporiza tudo aquilo que a marca alemã acredita que vão ser os seus automóveis dentro de algum tempo: espaços de luxo onde onde os passageiros poderão recuperar aquilo que é mais importante – tempo.

Concebido para figurar no Salão de Munique, o segundo de três ‘spheres’ (esferas) mede 5,35 metros de comprimento e combina o luxo e o refinamento das viagens em primeira classe com as competências tecnológicas e experiências de viagem sem paralelo nos automóveis – pelo menos, nos atuais. Este concept revela também como os modelos da Audi serão desenhados em breve, do interior para o exterior, com o desenho a ser influenciado pelas necessidades do habitáculo.

No caso do Grandsphere, o Nível 4 de condução autónoma oferece novas opções de liberdade, com o interior – sem volante à mostra ou, sequer, mostradores – a ser concebido para um aproveitamento do tempo mais frutuoso em prol do conforto, com os bancos dianteiros a transformarem-se também em poltronas de descanso.

Naturalmente, alinhando-se com a transição para a eletrificação em pleno, também o Grandsphere será 100% elétrico, com muitas das tecnologias aqui presentes a serem aplicadas nos modelos de produção vindouros.

Um dos pontos mais interessantes deste modelo é o seu interior de estilo lounge configurável consoante a vontade do condutor/utilizador. Em modo autónomo, o volante, pedais e mostradores desaparecem da vista, libertando espaço a bordo que pode ser utilizado para que os passageiros trabalhem, vejam filmes ou até para que possam jogar videojogos. A marca quer que o Grandsphere seja visto como um ‘aparelho para experiências’. Graças aos serviços digitais da Audi, o utilizador pode configurar a sua rota, desde um percurso por locais cénicos de maior beleza ou até um restaurante ou hotel. O veículo pode apanhar os passageiros com a informação relativa ao seu destino e pode também tomar conta das tarefas de estacionamento e de carregamento de forma independente e autónoma.

Dois de três
O Grandsphere é o segundo de três protótipos futuristas com que a Audi pretende ilustrar o seu futuro. O primeiro foi o Skysphere, revelado em agosto de 2021, na forma de um roadster elétrico capaz de se transformar num modelo autónomo e com uma distância entre eixos variável. O terceiro elemento será o Urbansphere, que será apresentado em 2022. O elo de ligação entre estes automóveis é a sua capacidade de condução autónoma. A Audi está a trabalhar com a CARIAD, o núcleo de desenvolvimento de software do Grupo Volkswagen, para poder introduzir estas tecnologias nos seus automóveis de estrada na segunda metade desta década.

Num passo mais adiante em termos de opções, a Audi poderá até criar eventos privados para transmissão no seu automóvel, como concertos, eventos culturais ou desportivos para os quais os utilizadores são convidados.

Desenhado de dentro para fora

A equipa de design da Audi é expressiva quando nota que o Grandsphere nasceu de dentro para fora – foi o condicionalismo e a necessidade do luxo a bordo a ditar o exterior. As proporções são as de um automóvel de segmento D, mas com uma arquitetura muito diferente por fora e por dentro, com uma linguagem de estilo muito fluida no exterior, enquanto o interior se revela espaçoso, tecnológico e modular, como um lounge. Com 5,35 metros de comprimento, 2,0 metros de largura e 1,39 metros de altura, apresenta dimensões generosas, com a distância entre eixos a ser de 3,19 metros. O capot é alongado e toca, nas suas extremidades laterais, na zona dos espelhos, criando um efeito muito esférico que faz imaginar o conceito de um OVNI.

Na dianteira, a grelha mantém-se para albergar e esconder todos os sensores e elementos necessários para os efeitos da condução autónoma. Na traseira, ‘esticada’ na sua extremidade, há uma sensação de GT, com um grande difusor, pautado pela aerodinâmica e pela necessidade de ter uma excelente eficiência aerodinâmica. Gigantes são também as jantes de 23 polegadas deste modelo, replicando o conceito de um outro ícone do passado da Audi, o Avus.

Luxo pela digitalização

Esse é um dos paradigmas da nova mobilidade. A digitalização vai proporcionar uma outra dimensão do requinte e luxo a bordo, num ecossistema criado para os novos tempos, com serviços online e sem emissões. Ora, se a condução já não está no topo das prioridades, outras exigências tomam o seu lugar, nomeadamente a experiência do habitáculo, de onde começa o design deste Grandsphere. Assim se explica a maior superfície do veículo, correspondente à do habitáculo, embora com um capot curto para manter a identidade visual da Audi, enquanto a traseira, bastante inclinada e com extremidade recuada confere o aerodinamismo necesário para incrementar a autonomia.

O acesso ao interior faz-se de forma simples e desafogada a partir das portas com abertura invertida sem pilar B. As portas dianteira e traseira abrem de formas opostas, facilitando o acesso ou a saída do interior, fazendo-o de forma autónoma depois de reconhecer a proximidade dos passageiros, com as suas preferências de conforto – como o posicionamento dos bancos e a temperatura – ajustadas automaticamente. Ao mesmo tempo, o sistema de infoentretenimento acede aos serviços mais recentes utilizados pelos ocupantes e coloca-os em funcionamento de forma sucinta no automóvel – por exemplo, se o passageiro estivesse a ver um vídeo em streaming, o mesmo seria transmitido a partir dali na superfície interior do Grandsphere.

O desenho do habitáculo é sobretudo horizontal, ampliando a noção de espaço, fomentada pela ausência do volante e de ecrãs de informação, algo que é hoje tão intrínseco aos automóveis. A grande superfície vidrada contribui para essa mesma sensação. Os materiais escolhidos foram essencialmente os mais cuidados, como a madeira, algodão, têxteis de fabrico sintético e metal. Com quatro lugares no interior em disposição 2+2, o Grandsphere tem bancos individuais com inclinação variável para maior conforto. Entre os bancos dianteiros está um compartimento refrigerado com dois copos para que os ocupantes possam tomar umas bebidas – sem álcool… – durante a viagem

O volante surpresa

Porém, os ecrãs existem, embora apenas se façam notar quando se liga o Grandsphere, tomando a forma de projeções na superfície de madeira abaixo do para-brisas. Dependendo do modo de viagem – manual ou autónomo –, estão ou distribuídos ao longo de todo o tablier ou segmentados para o condutor e passageiro. Toda a informação necessária para a condução está disponível, incluindo um volante surpresa…

Caso o condutor queira sê-lo efetivamente, pode fazer o gesto de ‘puxar’ o volante para fora que o volante e um centro de informações é revelado a partir do tablier em madeira, surgindo também a ‘caixa’ de pedais. Outro elemento particularmente interessante está localizado junto à extremidade da porta: o comando MMI sem necessidade de toque. Caso o banco do condutor esteja em posição ativa, com volante ativo, o sistema pode ser comandado de forma háptica a partir de um anel rotativo e botões de forma intuitiva. Mas, caso o banco esteja em posição relaxada para condução autónoma de Nível 4, a combinação entre o controlo visual e gestual torna-se chave. O passageiro não precisa de tocar em nada: um sensor verifica para onde é que o olhar está direcionado e o passageiro apenas precisa de fazer o gesto com as mãos – sem sequer se inclinar para a frente – para operar o sistema.

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O sistema permite uma grande amplitude de controlo, no entanto, já que também podem ser utilizados comandos por voz ou por escrita. Ao mesmo tempo, há óculos de realidade virtual nos encostos dos braços das portas para serem usados com opções de infoentretenimento – alguém falou em cinema 4D?

Dupla de motores elétricos

Embora num conceito tecnológico tão vanguardista, ainda há espaço para abordar características como a técnica do chassis e do motor. A plataforma é a nova Premium Platform Electric (PPE), concebida exclusivamente para automóveis elétricos, com um módulo de bateria elétrica de cerca de 120 kWh posicionado entre os dois eixos sob o piso. O sistema quattro que faz parte do ADN da Audi não é esquecido, pelo que a tração integral está assegurada, graças a dois motores elétricos com uma potência total de 530 kW e 960 Nm de binário. A aceleração dos zero aos 100 km/h cumpre-se em pouco mais de 4,0 segundos.

Com sistema elétrico de 800 V, pode receber carga até 270 kW em postos de carregamento ultrarrápida. De acordo com a Audi, bastam dez minutos para obter mais de 300 quilómetros de autonomia, aproximando-se assim dos automóveis de combustão nos seus processos de reabastecimento. Em menos de 25 minutos, pode recarregar a bateria de 120 kWh de 5 a 80%. A autonomia total é de 750 quilómetros, dependendo este valor do modo de condução escolhido.

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