O Mercedes-AMG ONE é o resultado de um processo de desenvolvimento moroso, mas capaz de oferecer num automóvel de estrada as capacidades fora de série de um monolugar de Fórmula 1 atual. Além do seu sistema híbrido diretamente derivado da unidade desenvolvida para aquela modalidade, o ONE conta também com a capacidade suplementar de alterar a sua aerodinâmica consoante as necessidades de condução e de refrigeração dos seus sistemas.

Após cinco anos de desenvolvimento, a marca alemã revelou todos os detalhes do novíssimo hiperdesportivo que se inspira técnica e conceptualmente na Fórmula 1. Superados os diversos constrangimentos causados pela transição da tecnologia do desporto para um automóvel de estrada, o ONE está agora pronto para ser produzido, reunindo os conhecimentos técnicos das divisões de competição da marca, como a de produção de motores de Brixworth, no Reino Unido, onde os motores V6 híbridos para a F1 são concebidos.

No total, o Mercedes-AMG ONE conta com cinco motores – um de combustão e quatro elétricos (um está no turbocompressor, outro diretamente no motor de combustão com conexão à cambota e os outros dois para movimentarem as rodas dianteiras). Referindo-se ao motor V6 de 1.6 litros, a marca adianta que este é, muito sumariamente, a mesma tecnologia que é utilizada atualmente na Fórmula 1, não faltando conceitos como o controlo de válvulas pneumático, uma das tecnologias mais comuns nos blocos térmicos da modalidade. O motor está montado em posição central traseira, em frente ao eixo traseiro, tendo como limite as 11.000 rpm, o que fica aquém do valor comum da Fórmula 1, mas aqui a marca deu prioridade à fiabilidade para uso em estradas abertas.

No seu conjunto, a potência alcança os 1063 CV, com o de combustão a oferecer 574 CV. O resto deriva da combinação de performance eletrificada com tração integral. Tudo está ainda alinhado pela nova caixa automática de sete velocidades desenvolvida para este modelo. Sem anunciar dados da aceleração dos zero aos 100 km/h, a marca adianta, no entanto, que o arranque de zero a 200 km/h é cumprido em apenas 7,0 segundos.

Três-em-um na aerodinâmica

Porém, outra das particularidades deste modelo é a sua constante adaptação da carroçaria consoante as necessidades de performance ou de refrigeração, algo que é definido pelo conceito de aerodinâmica ativa. Esta é ativada, na sua totalidade, apenas em dois dos seis modos de condução definidos pela marca para este modelo, nomeadamente, aqueles que são apenas para utilizar em pista: os ‘Race Plus’ (reduz a altura ao solo em 37 mm na dianteira e em 30 mm na traseira, endurece o chassis e efetua uma gestão especial da performance) e ‘Strat 2’ (com suspensão ainda mais firme e toda a potência dos motores, como na qualificação da Fórmula 1).

O conceito deste modelo foi totalmente efetuado em parceria entre os departamentos de design e de engenharia, com uma monocoque em fibra de carbono e o conjunto motor/transmissão a terem funções de suporte estrutural. O cockpit tem posição adiantada enquanto a silhueta é desportiva, gerando carga aerodinâmica a uma velocidade tão benigna quanto os 50 km/h, aumentando circunstancialmente conforme sobe o velocímetro.

Os elementos de aerodinâmica ativa têm controlo hidráulico, gerando carga aerodinâmica (ou seja, empurrando o carro para o solo) e melhorando a eficiência aerodinâmica. Há três afinações de aerodinâmica diferentes, consoante a preferência e o programa de condução.

No ‘Highway’ (autoestrada) nos modos ‘Race Safe’, ‘Race’, ‘EV’ e ‘Individual’, as entradas de ar estão fechadas, os ‘flaps’ ativos no difusor dianteiro estendem-se e a asa traseira está recolhida. No ‘Track’ (pista) nos modos ‘Race Plus’ e ‘Strat 2’ (ambos apenas para pista), os ‘flaps’ do difusor dianteiro dobram-se para formar um contorno desse mesmo difusor para máxima eficiência. A asa traseira estende-se totalmente, assim como o ‘flap’ da asa traseira e as entradas de ar na carroçaria abrem-se para aumentar a carga aerodinâmica no eixo dianteiro e aumentar a pressão negativa nas cavas das rodas. A redução da altura ao solo é de 37 mm na dianteira e de 30 mm na traseira. Como resultado, a carga aerodinâmica aumenta em cinco vezes face aos programas de estrada.

Por fim, o ‘Race DRS’ inspira-se diretamente naquele conceito da Fórmula 1, permitindo, perante a pressão num botão, a retração do ‘flap’ da asa traseira e o encerramento das tomadas de ar da carroçaria. Embora reduza a carga aerodinâmica em cerca de 20%, permite a obtenção de maiores velocidades de ponta. Este sistema é desativado manualmente ou, tal como na Fórmula 1, de forma automática assim que o piloto/condutor trave ou assim que o sistema de gestão do veículo detete aceleração lateral.

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