Contacto Peugeot e-208: O elétrico não pode esperar

17/10/2019

A proposta de um 208 elétrico é tão interessante quanto fundamental. Aproveitando a nova plataforma multienergia do Grupo PSA, a marca francesa cria uma vertente 100% elétrica do bem-sucedido 208, sem grandes diferenças visuais ou constrangimentos funcionais que lhe retirem pontos. Ao volante do novíssimo e-208 em Portugal pudemos descobrir como se comporta (ainda em versão pré-série) aquele que quer ser um dos impulsionadores da mobilidade elétrica.

Poucos detalhes diferenciam o 208 elétrico dos seus congéneres de gama com motores de combustão interna, mas existem e podem ser encontrados pelos mais atentos. Autêntico jogo das diferenças, a grelha fecha-se (a refrigeração perde relevância) e ganha pigmentos coloridos idênticos aos da carroçaria. Mais atrás, no pilar C, um revelador ‘e’ indica que estamos perante um ‘felino’ silencioso e a ausência de saídas de escape é detalhe de relevo. Nada mais os diferencia, a não ser o compêndio técnico e tecnológico que se encontra escondido.

No compartimento do motor está uma unidade elétrica de 100 kW, ou seja 136 CV de potência, e 260 Nm de binário, os quais se encontram disponíveis quase de imediato. A bateria de 50 kWh dispõe de refrigeração líquida e está situada sob o piso em forma de ‘H’ para uma melhor distribuição de peso e baixo centro de gravidade, propondo uma autonomia de 340 quilómetros em ciclo WLTP.

Também acaba por ter influência no peso. Embora perdendo o motor térmico e o depósito de combustível, o e-208 acusa mais 300 kg na balança (1455 kg no total), fruto sobretudo da bateria, o que não o impede de acelerar dos zero aos 100 km/h em 8,1 segundos até uma velocidade máxima de 150 km/h.

Estes valores foram postos à prova no curto trajeto que a Peugeot nos permitiu fazer na zona da Comporta, embora em ambiente muito homogéneo para estes primeiros quilómetros – muitas retas, poucos desníveis e nada de para-arranca, essencial para a regeneração de energia para a bateria no dia-a-dia.

Ainda assim, nos primeiros quilómetros a bordo do e-208 não houve sensação de peso a mais, sendo aliás, bastante rápido a ganhar velocidade quando o acelerador é pisado com mais veemência. A sua rapidez não surpreende, atendendo a que se trata de uma circunstância comum dos elétricos, fazendo-o com maior suavidade no modo ECO de condução, mas fazendo até emoções de desportivo no modo Sport. Apenas emitindo um ligeiro zumbido, esta versão do 208 tem por isso uma solidez de rolamento bastante elevada, com direção precisa (o volante desportivo ajuda), mesmo que não tenhamos tido grande oportunidade para comparar com o dinamismo de um 208 térmico (que, a propósito, é bem elogiável). Ainda assim, em nível de equipamento GT e com as jantes aerodinâmicas de 17″, pareceu-nos também um pouco firme para maus pisos.

Se é bem rápido a acelerar e também nas retomas, ficámos com a ideia de que a estabilização da autonomia ainda merece algum trabalho, uma vez que, no arranque, tínhamos 220 quilómetros de autonomia e, meramente com duas acelerações mais intensas, ficou reduzida a 180 quilómetros. Porém, posteriormente, os outros cerca de 25 a 30 quilómetros mantiveram a autonomia naquele valor, embora com ligeira passagem pelos 170 quilómetros para, aproveitando uma descida, regressar aos 180 quilómetros. A marca adianta que o software do e-208 ainda está a ser trabalhado, o que pode ajudar a explicar algumas destas questões.

Já o tato do pedal de travão requer habituação, efeito da travagem regenerativa, sendo pouco mordaz na fase inicial do seu curso. Face a isso, poderá haver até noção de um pedal algo esponjoso…

Há dois modos de regeneração (com comando ‘B’) e três modos de condução que oferecem espíritos diferentes na condução. O ECO privilegia a eficiência, enquanto o Normal promove o melhor dos equilíbrios face ao ecológico e ao desportivo, pelo qual o modo Sport oferece reações mais intempestivas. O bom isolamento acústico permite que não se ouçam muitos ruídos exteriores, enquanto a boa qualidade de construção e a elevada competência tecnológica permitam que o e-208 se destaque pelo arrojo a bordo. Diferentes menus na instrumentação e no sistema de infoentretenimento reforçam a sua mais-valia.

Carregamento a 100 kW

A autonomia em ciclo WLTP para este modelo é de 340 quilómetros. A Peugeot detalha ainda a possibilidade de carregamentos flexíveis e adaptados a todas as situações do dia-a-dia, com três modos de carga: o de wallbox permite carga completa em 5h15 em modo trifásico (11 kW) ou em 7h30 em modo monofásico (7.4 kW). Será esta última que os clientes particulares que adquirirem o Peugeot e-208 poderão receber. O segundo método é com recurso a uma tomada doméstica clássica ou reforçada Green Up Legrand, a qual permite carga completa em 16h00 com cabo de recarga fornecido para o efeito. Por último, numa tomada pública dedicada, a regulação térmica da bateria permite utilizar carregadores de 100 kW e obter uma carga de 80% em 30 minutos.

O Peugeot e-208 não necessita de qualquer adaptação em termos de alojamento da sua bateria, distribuída sob o piso e ocupando um volume de 220 litros. Não se regista, assim, qualquer perda de espaço útil e as versões elétricas oferecem a mesma habitabilidade e volume de bagageira dos seus irmãos da gama com motores de combustão.

A bateria do e-208 pode também ser carregada de forma diferida, através de programação a partir do ecrã de navegação conectada ou a partir da app MyPeugeot no smartphone. Este sistema também permite iniciar ou interromper a carga a qualquer momento, e verificar o estado da carga. Outra ‘ferramenta’ concedida aos utilizadores é a de planificação de percursos através dos serviços Free2Move. Designada “Trip Planner”, a app propõe os melhores percursos, tendo em conta a autonomia restante e a localização dos pontos de recarga na estrada. O percurso é enviado ao sistema de Navegação conectada do veículo, para que o condutor prossiga até ao ponto de carga escolhido.

Como primeira experiência, mesmo que curta, o e-208 sobressai pela competência geral e pela capacidade de manutenção do seu estilo tão peculiar e jovial, trazendo uma importante componente de eletrificação que poderá convencer quem faz diversos percursos citadinos e não se coíbe mesmo de viajar por autoestrada. Mas, outras conclusões terão de esperar por ensaio mais detalhado.

A variante elétrica terá preços a partir dos 32.150€ no nível Active, culminando nos 37.650€ do GT. As encomendas estão já abertas, prevendo-se as entregas para o mês de janeiro do próximo ano, com as primeiras unidades acompanhadas de uma ‘wallbox’ de 7.4 kW de oferta, bem como um conjunto alargado de serviços de mobilidade elétrica.

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