Posicionando-se como a versão topo de gama, o RAV4 Plug-in assume uma grande importância para a Toyota, mostrando uma nova capacidade de eletrificação por parte da companhia nipónica, propondo uma autonomia WLTP de 75 quilómetros em modo puramente elétrico ou quase uma centena de quilómetros em condução urbana. A gama de preços arranca nos 54.990€ (com IVA) para a versão de entrada Comfort.

Sendo um dos SUV mais vendidos do mundo, o RAV4 vê a sua gama reforçada com importante versão híbrida plug-in, naquele que é mais um passo na estratégia de eletrificação da companhia liderada por Akio Toyoda.

O novo RAV4 Plug-in mantém os elementos técnicos ao nível do chassis que já se viram na versão híbrida aquando do lançamento, em 2019, ou seja, a plataforma GA-K de elevada rigidez estrutural e com baixo centro de gravidade (algo que foi inclusive reforçado na versão de carregamento externo), dispondo de sistema de tração integral inteligente AWD-i.

Sistema híbrido evoluído

Ao nível da motorização, o RAV4 Plug-in diferencia-se do Prius Plug-in em diversos aspetos, sendo os mais óbvios o recurso a motor mais potente e a uma bateria e inversor de maiores dimensões para assim obter não só melhores prestações, mas também melhores capacidades de condução em modo elétrico.

O sistema híbrido mais evoluído conta assim com um motor de combustão interna Dynamic Force de 2.5 litros com funcionamento em ciclo Atkinson para eficiência reforçada. Com arquitetura de quatro cilindros, injeção dupla (direta/indireta) D-4S e admissão inteligente Dual VVT-i controlada eletricamente, este bloco destaca-se pela sua elevada eficiência térmica, oferecendo potência isolada de 185 CV às 6000 rpm, sendo superior aos 178 CV às 5700 rpm da versão híbrida (HEV), para um binário de 227 Nm.

O sistema híbrido conta com uma fase de aquecimento automático para ajudar a proteger o motor a gasolina contra o desgaste excessivo que pode ocorrer se for sujeito a frequentes arranques a frio quando o veículo está a rodar a velocidades típicas de autoestrada. A potência começa por estar limitada, aumentando depois de forma gradual. O condutor é alertado sobre o estado de aquecimento por um ícone do motor em azul no monitor de fluxo de energia híbrida.

Por outro lado, o motor elétrico dianteiro debita 134 kW (face aos 88 kW do RAV4 Hybrid) e 270 Nm, enquanto a potência do motor elétrico traseiro é igual, ficando nos 40 kW, com binário de 121 Nm. Em conjunto, os três motores do RAV4 Plug-in oferecem uma potência combinada de 306 CV (225 kW), sendo o híbrido mais potente da gama da Toyota. A bateria de iões de lítio é igualmente nova, com capacidade energética aumentada para 18.1 kWh. Contém 96 células e tem uma tensão nominal de 355,2 V, o que quer dizer que a corrente aumentada permite mais potência: o rendimento máximo é, portanto, significativamente mais elevado do que o do RAV4 Hybrid.

A bateria está localizada sob o piso do veículo, o que ajuda a baixar o centro de gravidade e evita a sua intrusão no espaço de carga ou no habitáculo. As células são arrefecidas usando refrigerante do sistema de ar condicionado do veículo. Foi igualmente feita uma alteração específica na unidade de controlo de energia. A inclusão de um conversor de impulso aumentou a corrente para que mais energia possa ser retirada da bateria de alta tensão. O conversor DC-DC é mais pequeno, mais silencioso e mais eficiente, além de ter melhor desempenho de refrigeração. Está posicionado debaixo dos assentos traseiros, ocupando menos espaço no habitáculo.

Autonomia quase centenária

Com o modo EV a ser ativado por defeito, o RAV4 Plug-in anuncia uma autonomia elétrica de 75 quilómetros em ciclo WLTP (limite até aos 135 km/h), podendo chegar mesmo aos 98 quilómetros em ciclo de testes urbano (City).

A aceleração de zero aos 100 km/h cumpre-se em meros 6,0 segundos, 2,1 segundos mais rápido do que o híbrido, enquanto no modo EV esse mesmo exercício demora um pouco mais, isto é, 10 segundos. A velocidade máxima é de 180 km/h em todos os níveis de equipamento, enquanto em modo elétrico é de 135 km/h. Os dados de homologação final deste modelo indicam emissões médias de 22 g/km de CO2 e 1,0 l/100 km de consumo combinado.

O RAV4 Plug-in conta com um carregador de bordo de 6.6 kW, sendo efetivamente esse o seu limite de carregamento em AC. Numa tomada doméstica de 230 V (10 A), o tempo de espera para um carregamento completo é de 7h30m, baixando para as menos de três horas com recurso a uma ‘wallbox’ de 6.6 kW.

Para incrementar a eficiência do RAV4 Plug-in, o sistema de ar condicionado recorre a uma bomba de calor que extrai energia térmica do ar no exterior do veículo para aquecer o habitáculo, para que o funcionamento do ar condicionado tenha menos impacto na autonomia EV.

Ainda em termos de melhorias, o modelo da Toyota beneficiou de diversas medidas tomadas com o intuito de reduzir os níveis de ruído e de vibrações. Por exemplo, a caixa híbrida foi redesenhada para que haja menos ressonância com origem na transmissão, a qual possui superfícies dentadas polidas para um funcionamento mais suave e silencioso. Há um sistema de amortecimento para reduzir os impactos, ruídos no arranque e flutuações do binário na direção a velocidades constantes.

O sistema híbrido tem ainda o condão de ser aplicado nesta versão sem alterações na habitabilidade ou funcionalidade, com a exceção de ligeira redução na capacidade da bagageira, uma vez que o piso de carga foi elevado em 35 mm. Dispõe agora de 520 litros.

Modos de condução

Como é usual nos modelos eletrificados, o RAV4 Plug-in tem quatro modos de funcionamento do seu sistema híbrido, destacando-se o elétrico (‘EV’) por defeito, havendo ainda modos ‘HV’ (híbrido), ‘HV/EV’ automático e um modo ‘Charge’ para usar o motor de combustão para carregar a bateria elétrica.

Paralelamente, o carácter do modelo nipónico pode ser ainda alterado por intermédio dos modos de condução, havendo quatro à disposição – ‘Normal’, ‘Eco’ e ‘Sport’, que ajustam a resposta do acelerador de acordo com a sua preferência ou as condições da condução. Adicionalmente, há um modo ‘Trail’ para percursos fora de estrada, que reforça o desempenho em percursos mais difíceis, com um sistema de bloqueio automático para o diferencial autoblocante que o condutor pode ativar através de um controlo no painel de bordo. Se, por exemplo, uma roda perder o contacto com o solo, o modo ‘Trail’ trava a roda que está a girar livremente e direciona o binário para a roda em contacto com o solo para ganhar tração, enquanto ajusta automaticamente a resposta do acelerador e o padrão das passagens de caixa de velocidades.

Sobriedade estética

Nesta configuração plug-in, o RAV4 não se diferencia em demasia do seu ‘irmão’ híbrido, merecendo apenas pequenos detalhes distintivos, como o acabamento com aparência de metal na moldura inferior dianteira, as inserções em cromado escurecido nos grupos óticos e um acabamento em chapeamento escuro na grelha dianteira. A placa de proteção traseira é pintada em negro e a tomada para carregamento está oculta sob uma portinhola no flanco traseiro direito.

O plug-in RAV4 pode ser equipado com jantes maiores, de 19 polegadas, e pneus maiores, embora disponha de jantes de 18″ nos níveis de acesso e intermédio.

Primeiro contacto com o RAV4 Plug-in

O primeiro contacto com o novo RAV4 Plug-in cumpriu exatamente com o prometido: demonstrar a elevada eficiência e maior requinte de condução de um modelo que tem uma carroçaria volumosa, mas que não influencia em demasia as condições de condução.

A posição de condução é elevada, enquanto a ergonomia é acertada, mesmo que o sistema de infoentretenimento pareça já algo datado no seu grafismo. Contudo, a qualidade de construção e dos materiais utilizados a bordo demonstram que a Toyota se mantém num patamar cimeiro em termos qualitativos.

O percurso de apresentação do novo Toyota RAV4 propunha duas rotas rumo ao Cabo Espichel. A primeira, com 69 quilómetros de distância), pela Ponte Vasco da Gama e A33, implicava um grande trajeto por autoestrada, circunstância que é reconhecidamente mais penalizadora para os híbridos e, simultaneamente, para os modelos de carroçaria SUV, atendendo ao maior peso e ao maior volume. Ainda assim, embora a carga não estivesse completa no início da viagem – o computador de bordo apresentava 58 quilómetros de autonomia restante EV -, o RAV4 percorreu pouco mais de 50 quilómetros em modo puramente elétrico, ou seja, cumprindo com distinção o ‘teste’ das autoestrada.

No regresso, trajeto com 56 quilómetros com preferência para a Ponte 25 de Abril, mais curto, mas com ligeiramente mais trânsito, com o consumo médio a situar-se já nos 4,9 l/100 km, sendo este o valor que se poderá esperar com ritmos de autoestrada e sem carga na bateria de 18.1 kWh.

Em termos de prestações, o RAV4 sobressai pela suavidade geral, mas com a notória impetuosidade elétrica que permite uma condução bastante desafogada, sem constrangimentos de ritmo, notando-se sobretudo nas retomas, sem esforço e com um certo toque até de desportividade. Elogio ainda para o comportamento, com o baixo centro de gravidade a oferecer uma boa transferência de massas e contenção da carroçaria em curva que se alia a uma direção direta e com boa precisão. Consegue-o com uma boa capacidade de filtragem do mau piso, primando igualmente por comodidade geral.

A insonorização está em muito bom nível, com baixos níveis de ruído provenientes do exterior e da unidade motriz, destacando-se o trabalho efetuado na caixa de velocidades, usualmente entendido como um ponto menos bom dos híbridos.

Desta primeira experiência ao volante do Toyota RAV4 fica a ideia de um modelo extremamente eficiente, capaz de cumprir com a sua promessa de larga autonomia elétrica sem constrangimentos de ritmo. Assumindo-se como topo de gama RAV4, este plug-in acaba por ser uma proposta muito tentadora, sobretudo para quem pode tirar partido dos benefícios fiscais inerentes aos híbridos plug-in.

A gama de preços arranca nos 54.990€ para o nível de equipamento Comfort (44.707€ sem IVA), terminando nos 61.990€ do Lounge (50.398€ sem IVA).

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